Sábado - Cl 3.9 - Despindo-se da prática do pecado.

Extraído comentário novo testamento aplicação pessoal.

Pelo fato de Jesus Cristo ser "a verdade" (Jo 14.6), os crentes devem praticar a verdade em todas as áreas da vida. Eles não devem mentir uns aos outros. Mentir aos outros quebra a unidade e destrói a confiança. A mentira arrasa os relacionamentos e pode levar a sérios conflitos em uma igreja. A mentira pode ocorrer tanto em palavras pronunciadas como em palavras que não foram ditas. Os crentes não devem exagerar as estatísticas, espalhar boatos ou fofocas, ou dizer coisas para aumentar a sua imagem própria às custas dos outros. Antes, por já terem se despido do velho homem com seus feitos, devem se comprometer a dizer a verdade.



Sexta - Rm 6.11 - Novo Nascimento: mortos para o pecado e vivos para Deus.

Extraído comentário novo testamento aplicação pessoal.

6.11 Se nos identificamos com Cristo, aquilo que é válido para Ele pode ser válido para nós. Esta identificação se inicia em nossas mentes por um ato de ajuste de contas, ou um reconhecimento mental. Nós podemos nos considerar mortos para o pecado. Em outras palavras, assim como um cadáver não responde às tentações e seduções, nós também não conseguiremos responder a elas. Dessa maneira, somos capazes de viver para a glória de Deus através de Cristo Jesus, porque nos foi dada uma nova vida, um novo modo de viver, e uma promessa segura de vida eterna (veja também Ef2.5; Cl 2.13).

Quinta - 1 Pe 1.23 - Fomos regenerados pela Palavra de Deus.

Extraído comentário novo testamento aplicação pessoal.

1.23 Pedro deu outra razão para amarmos aos outros: os crentes têm um denominador comum em Cristo. Todos nós somos gerados de novo; nós somos pecadores salvos pela graça. A nossa nova vida veio não de semente corruptível, isto é, de pais terrenos; este tipo de vida um dia terminará na morre. A nossa nova vida permanece para sempre, porque ela nos foi dada pela incorruptível Palavra de Deus, que é viva A Palavra de Deus vive e permanece para sempre, porque Deus, que a deu, vive, além de ser o mesmo desde a eternidade passada até a eternidade futura. A poderosa Palavra viva do próprio Deus, registrada nas Escrituras, dá nova vida aos crentes; a Palavra incorruptível do próprio Deus assegura a permanência da nova vida. Somente ouvindo e/ou lendo estas palavras as pessoas podem encontrar a vida eterna, pois as Escrituras transmitem a mensagem do Evangelho e deixam claro o caminho da salvação para aqueles que o procuram.


Quarta - 1 Jo 3.1,2 - Quem nasce de novo verá a glória de Deus.

Extraído comentário novo testamento aplicação pessoal.

3.1,2 Nicodemos era um líder religioso judeu e um fariseu, isto é, pertencia à seita mais rigorosa daqueles tempos. Os líderes religiosos judeus estavam divididos em vários grupos. Dois dos grupos mais importantes eram os fariseus e os saduceus. Os fariseus se isolavam de tudo que não fosse judeu e observavam cuidadosamente as leis do Antigo Testamento e as tradições orais transmitidas através dos séculos. Por ser um "líder", ele fazia parte do conselho diretor judaico. Embora os romanos controlassem Israel politicamente, os judeus exerciam alguma autoridade sobre questões religiosas e civis menos importantes. O corpo diretor era formado por um conselho de setenta e um líderes religiosos judeus.
O que motivou Nicodemos a procurar Jesus? Provavelmente, ele estava impressionado e também curioso, e preferiu formar sua opinião a respeito de Jesus depois de uma conversa inicial. Talvez preferisse evitar ser visto na sua companhia, em plena luz do dia, por temer a censura de seus companheiros fariseus (que não criam que Jesus era o Messias). Mas pode não ter sido o medo que o levou a Jesus depois de escurecer, e também é possível que tenha escolhido um momento em que pudesse conversar sozinho e longamente com o popular mestre que estava sempre cercado de pessoas.
Respeitosamente, Nicodemos se dirigiu a Jesus como o Mestre que havia sido enviado por Deus. Embora isso fosse verdade, esse título revela seu limitado conhecimento sobre Jesus, afinal Ele era muito mais que um simples rabino. Mas pelo menos Nicodemos identificou os sinais miraculosos de Jesus como a revelação do poder de Deus.

Terça - 2 Co 5.17 - O Novo Nascimento torna o homem uma nova criação.

Extraído comentário novo testamento aplicação pessoal.

De acordo com os padrões humanos, Jesus era um mero ser humano, um homem insignificante que morreu como um criminoso. Mas isto mudou no encontro de Paulo com o Cristo ressuscitado, na estrada para Damasco (At 9.1-15). Da mesma maneira, os crentes são transformados quando conhecem a Cristo. Os cristãos são novas criaturas. O Espírito Santo lhes dá uma nova vida, e eles já não mais são os mesmos. Os cristãos não são reformados, reabilitados, ou reeducados - eles são recriados, através do novo nascimento. Na conversão, os crentes não estão meramente virando uma nova página; eles estão começando uma nova vida, sob um novo Mestre. A vida velha de pecado e morte já passou; a natureza humana de pecado recebeu um golpe mortal (veja Gl 5.16- 21,24). As antigas formas de pensamento, as antigas distinções, foram sido abolidas. No seu lugar, tudo se fez novo.




Segunda - Jo 1.12,13 - A experiência do Novo Nascimento espiritual.

Extraído comentário novo testamento aplicação pessoal.

Embora a rejeição a Cristo parecesse universal, na verdade muitos indivíduos responderam pessoalmente, crendo nele e aceitando-o como o Filho de Deus, o Salvador. A eles, Ele deu o poder de serem feitos filhos de Deus. No grego, a palavra aqui traduzida como poder, significa "autoridade ou permissão". Nesse contexto, ela fala da concessão divina do direito ou privilégio de um novo nascimento. Ninguém pode conseguir isso através do seu próprio poder, mérito ou capacidade. Somente Deus pode concedê-la. Ninguém pertence à família de Deus por ser judeu através do nascimento físico (ou mesmo por ter nascido numa família cristã). O novo nascimento não pode ser alcançado através de um ato de paixão humana, e de forma alguma tem a ver com qualquer vontade humana. Ele é uma dádiva de Deus.
Muitos creram superficialmente em Deus quando viram os seus milagres, mas não creram em Jesus como o Filho de Deus. Eles "creram'' nele enquanto Ele correspondia às suas expectativas do que o Messias deveria ser, mas o abandonaram quando Ele desafiou as suas noções preconcebidas. Devemos crer em Jesus como Ele é, e não limitá-lo conforme nossas ideias e falsos juízos. Devemos considerar Jesus exatamente como a Bíblia o apresenta.


“SUBSÍDIO” L -09 - FÉ E ARREPENDIMENTO PARA SALVAÇÃO.

Extraído do livro: A obra da Salvação.
Autor da obra: Claiton  Ivan Pommerening.
Fé e arrependimento são condições essenciais para a salvação. Trata-se de duas operações conjuntas e sinérgicas em que o homem reage positivamente à ação do Espírito Santo, produzindo nele o pesar e a repugnância ao pecado, tão necessário à vida nova em Cristo. O Espírito Santo também produz simultaneamente a fé, sem a qual o indivíduo não poderia crer na obra salvadora de Cristo.
A FÉ COMO UM DOM DE DEUS E COMO RESPOSTA DO SER HUMANO
O homem é um ser finito que vive em constante busca pelo infinito e, devido à sua finitude, ele toma consciência de suas necessidades físicas, psíquicas e sociais e, a partir disso, inclina-se em busca de sentido para a vida. Nessa busca de sentidos, a razão transcende os limites de sua finitude e abre-se para a experiência e relacionamento com um ser superior, ou seja, com Deus.137
Nesse relacionamento, observa-se um ato de fé no qual o ser humano acredita e confia em uma força ou ser superior que os olhos físicos não contemplam, mas que se legitima pela fé, pois essa crença não se baseia apenas em sua razão ou vontade, mas também na experiência vivida com Deus, que o leva a reconhecer sua incapacidade de salvar-se por seus próprios méritos e reconhecer a Cristo como seu Salvador. Essa fé, acompanhada de uma atitude de conversão,138 concretiza a certeza da existência desse Deus. Isso é denominado fé salvífica.
No Antigo Testamento, o termo fé é encontrado apenas por duas vezes; em Dt 32.20: “[...] geração de perversidade, filhos em quem não há lealdade” (emun) e em Hc 2.4: “[...] o justo, pela sua fé, viverá” (emunah). Nesses dois casos, a maioria dos eruditos concorda que os termos hebraicos significam fidelidade e não fé (ainda que a fidelidade origine-se apenas de uma atitude correta para com Deus, ficando pressuposta a fé).139 Isso não significa que a fé não seja elemento importante no ensino do Antigo Testamento, pois, ainda que a palavra não seja frequente, a ideia está presente em todo o texto.
O vocábulo emunah traz em si diversos significados que se relacionam com a fé, tais como: veracidade, sinceridade, honradez, retidão, fidelidade, lealdade, seguridade, crédito, firmeza e verdade. Diante de todos esses significados, podemos compreender melhor as razões pelas quais Deus diz que o justo viverá pela “emunah”.
Nos escritos veterotestamentários, as verdades acerca da salvação são declaradas de várias formas. Em algumas delas, chega-se a entender que se espera que os homens sejam salvos à base de suas obras. Porém, a passagem registrada em Sl 26.1 coloca a questão em sua correta perspectiva: “Faze-me Justiça, Senhor, pois tenho andado na minha integridade, e confio no Senhor, sem vacilar” (ARA). O salmista apela para a sua integridade; isso, contudo, não significa que ele estivesse confiando em si mesmo ou em suas ações. Sua confiança estava depositada em Deus, e sua integridade era o reflexo dessa confiança.
No Novo Testamento, a palavra fé é amplamente utilizada. O substantivo pistis e o verbo pisteuo ocorrem ambos mais de 240 vezes, enquanto que o adjetivo pistos ocorre 67 vezes. Essa ênfase sobre a deve ser vista em contraste com a obra Salvadora de Deus em Jesus Cristo.140 O pensamento de que o Senhor Deus enviou o seu Filho para salvar o mundo é central, e a fé é a atitude mediante a qual o homem abandona toda a confiança e também seus próprios esforços para obter a salvação. Trata-se de uma atitude de completa confiança em Cristo, de dependência exclusiva dEle, a respeito de tudo quanto está envolvido na salvação. Quando o carcereiro filipense perguntou o que deveria fazer para ser salvo, Paulo e Silas responderam sem qualquer hesitação: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa” (At 16.31).
A fé para a salvação é uma atitude do intelecto e do coração para com Deus em que o homem abandona toda a confiança em seus esforços de religiosidade, de piedade, de bondade ou de moralidade para obter a salvação (Gl 2.16) e confia completa e exclusivamente na obra salvadora de Cristo (At 16.30) operada na cruz. Portanto, a fé não consiste apenas em crer em algumas coisas como sendo verdadeiras, mas também em confiar na pessoa de Cristo (Jo 3.18). A fé para a salvação é um dom de Deus (Ef 2.8), cujo autor é Cristo (Hb 12.2); ela tem sua origem quando se ouve a Palavra de Deus (Rm 10.17) e é imprescindível para a pessoa apropriar-se da salvação (Jo 5.24). Embora seja um dom de Deus, ela precisa ser exercida ou manifestada para a obtenção da salvação.
O verbo pisteuo indica que a fé diz respeito a fatos. Jesus já havia dito isso com clareza para os judeus: “[...] porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados” (Jo 8.14). Portanto, uma fé que não se encontra acompanhada de um genuíno arrependimento não pode ser considerada autêntica. Isso nos é afirmado em Tiago 2.19. A palavra característica para indicar a fé salvadora é aquela em que o verbo pisteuo é acompanhado pela preposição eis. Essa construção significa literalmente “crer dentro”, ou seja, indica uma fé que tira o homem de si mesmo e coloca- o em Cristo.141 O homem que confia nesse sentido permanece em Cristo e Cristo nele (Jo 15.4).
A fé não consiste meramente em aceitar certas coisas como legítimas, mas, sim, em confiar numa Pessoa, e essa Pessoa é o Senhor Jesus Cristo. Ao compararmos o Antigo e o Novo Testamento, observa-se que a exigência básica para a salvação é a atitude correta para com Deus através da fé (Sl 37.3-5).
Existe, também, a dimensão humana da fé, ou seja, a fé natural. Sobre isso, Tillich pondera que a fé é a ação mais profunda e integral do espírito humano e afirma não ser possível separar a fé e a pessoa em sua totalidade, pois a mesma transcende e é percebida em cada uma das dimensões da vida humana, perpassando por seus ambientes sociais. Ele pondera ainda que o acesso à dimensão espiritual seria facultativa ao ser humano.142 A fé natural é a aceitação intelectual de certas verdades acerca de Deus, mas que não é acompanhada por uma vida condizente com o evangelho (Tg 2.17). Essa fé é vivenciada por todas as pessoas que até acreditam em Deus, que entendem que Ele fez todas as coisas, que acreditam que o sol levanta-se pela manhã por provisão dEle, mas, mesmo assim, não dão o passo de salvação necessário. A Bíblia afirma que até os demônios creem e estremecem (ver Tg 2.19). Essas pessoas até podem estar cientes da vida eterna, mas, ainda assim, não aceitam o sacrifício de Cristo que lhes beneficia com a salvação.
A fé salvadora apodera-se do poder infinito do amor. Ela é a confiança em Deus e crê que Ele ama a cada um e sabe o que é melhor para nós; assim, em lugar de nossos próprios caminhos, ela leva-nos a preferir os do Senhor; ao invés de nossa ignorância, aceitamos sua sabedoria; em lugar de nossa fraqueza, recebemos sua força; em lugar de nossa pecaminosidade, sua justiça. É a fé que nos habilita a ver para além do presente, a contemplar o grande porvir em que tudo quanto nos traz perplexidade hoje será esclarecido; a fé aceita Cristo como nosso mediador à destra de Deus.
A salvação é pela graça, mas a fé é o elemento indispensável (Ef 2.8-9). Ela é a porta de entrada das bênçãos oriundas da salvação, que são: a justificação, a regeneração, a reconciliação, a adoção, o perdão, a santificação, a glorificação e a vida eterna. Além dos benefícios inerentes à salvação, a fé ainda permite: a cura de enfermidades (Mc 16.18; Tg 5.15); o batismo no Espírito Santo (Mc 16.17); a vitória contra o mundo (1 Jo 5.4), a carne (Gl 2.20) e o Diabo (1 Pe 5.8-9); a paciência (Tg 1.3); e a proteção contra os dardos inflamados do maligno (Ef 6.16), que tentam colocar dúvidas e ferir a imagem de Deus em nós.
Não é suficiente crer a respeito de Deus. Precisamos crer nEe, pois a única fé que nos amparará é aquela que admite Cristo como nosso salvador pessoal. A fé não é uma mera opinião à fé salvadora, mas, sim, uma combinação na qual os que recebem Cristo conectam-se em aliança com Deus. Fé genuína é vida, e ter uma fé viva significa aumento de vigor, possuir uma firme confiança em Deus e em suas promessas. Fé não é sentimento; antes, é o “firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1). A genuína tem seu fundamento nas promessas registradas nas Escrituras.
A fé é, sem dúvida, um dos mais importantes conceitos de toda a Bíblia Sagrada. Em toda a parte, ela é requerida, e sua importância é insistentemente salientada. Fé significa lançar-se sem reservas nas mãos misericordiosas de Deus, abandonando, assim, toda a confiança em nossos próprios recursos. Fé significa apegar-se às promessas de Deus em Cristo, dependendo inteiramente da obra de Cristo referente à salvação, bem como do poder do Espírito Santo de Deus, que habita no crente para dEle receber fortalecimento diário. Fé implica em completa dependência de Deus e plena obediência a Ele.

ARREPENDIMENTO, UMA METANOIA DO ESPÍRITO
No Antigo Testamento, arrependimento significa girar ou retornar e dedicar-se para Deus ao abandonar o pecado, voltando-se para Ele de todo o coração, alma e forças (Ne 1.9; Is 19.22).143 Essa é a maneira característica do Antigo Testamento para expressar o arrependimento do homem para com Deus. No Novo Testamento, significa uma mudança (metanoia) de mente e transformação de pensamentos, de consciência e de atitudes, abandonando o pecado e voltando-se para Deus, no sentido de dar meia volta na direção em que se estava e tomar outra direção. No arrependimento, sente-se tristeza pelo pecado (2 Co 7.10) e é necessário o seu abandono para abraçar a vontade de Deus. O arrependimento “é a negação de uma direção de pensamento e ação, e a afirmação da direção oposta. Aquilo que se nega é o cativeiro [do pecado], e aquilo que se afirma é o novo ser criado pela presença de Deus”.144
O arrependimento livra-nos das amarras do pecado e da culpa que escravizam e tiram a alegria de viver; o arrependimento leva-nos a experimentar cura substancial dos pensamentos e da consciência cauterizada pelo pecado (1 Tm 4.2). Leva, ainda, a desenvolver satisfação e uma autoestima sadia, sem orgulho nem autodesmerecimento, resultando em alegria e paz no coração.
Jesus afirmou que, para fazer parte do seu Reino, era necessário o arrependimento (Mt 4.17). Arrependimento não é uma reforma apenas, mas também uma entrega total à ação do Espírito Santo para promover as mudanças e transformações mais profundas na alma humana. Zaqueu teve um arrependimento tão genuíno que prometeu devolver quatro vezes mais a quem ele havia roubado (Lc 19.8). Arrependimento é diferente de remorso. Este é momentâneo e passageiro, e aquele deve atingir o mais escuro compartimento do coração humano numa mudança radical de atitudes.
O arrependimento é acompanhado do sentimento de culpa e do reconhecimento da falta praticada (Sl 51.1-4); de um sincero pedido de perdão (Sl 51.10-12); do abandono do erro (Pv 28.13) e da produção de frutos de arrependimento (Mt 3.8; At 26.20). O arrependimento está incluso no processo de conversão e abrange o ser humano por inteiro: o intelecto (Mt 21.30), as emoções (Lc 18.13) e a vontade (Lc 15.18-19). Portanto, a conversão é uma ruptura com antigas tradições e modos de vida abomináveis e pecaminosos.
Para que haja perdão de pecados, é necessário arrependimento (Lc 24.47). Isso implica em nascer de novo e converter-se completamente para Deus. Não se trata apenas de uma decisão da mente, mas envolve o ser humano por inteiro. O desejo de Deus é sempre perdoar e amar, e sua atitude em favor da humanidade morrendo numa cruz confirma-nos esse desejo; contudo, a retribuição do homem para com o amor de Deus foi a desobediência e o pecado, e, depois da Queda, não havia possibilidade de perdão para a humanidade caída, a não ser que alguém que fosse superior ao homem pudesse sofrer o castigo em seu lugar. Após a queda do ser humano, o mundo estava coberto de destruição e ira; no entanto, não foi a ira que levou Jesus à cruz, mas o seu indescritível amor.
Os efeitos do processo Redentor de Cristo são reais e verdadeiros. Isso pode ser confirmado não apenas a partir da Bíblia, mas também porque os efeitos são vistos na vida de muitos, e isso nos garante que o arrependimento, a confissão e o perdão são realidades que nos transformam. Sem a cruz, a confissão seria apenas mais um tipo de terapia; ela, porém, é muito mais, na medida em que promove mudanças reais em nosso relacionamento com Deus, com o próximo e conosco; é um meio de cura e transformação para o/a homem/mulher interior.145
A proclamação do evangelho através da pregação é um método sublime de convencer o pecador ao arrependimento. A mensagem mais clássica quanto a isso é o primeiro sermão de Pedro, quando foram batizadas 3 mil pessoas. Sua mensagem foi jogar em rosto (imputação de culpa) o que haviam feito com Cristo e seus milagres, sofrimento, morte, ressurreição e glorificação. Porém, o ponto central foi sua morte e ressurreição. Como fruto desse primeiro sermão, os ouvintes foram compungidos (At 2.37 – ARA), aflitos (NVI) em outras traduções, poderia ser tocados, feridos, picados. Essa palavra provém do grego nusso, que significa espetar, como se um punhal tivesse atravessado o coração deles. Um desespero santo tomou conta do público, mas Pedro não lhes deu nenhum consolo passageiro, nenhuma promessa de vitória fácil. Veio, sim, a proclamação para o arrependimento (At 2.38), que, tendo sido aceita pelos presentes, serviu de base para o batismo, o consolo permanente.
Para dar o extraordinário efeito de arrependimento nos ouvintes, como relatado em vários textos de Atos dos Apóstolos, o kerygma (pregação) apostólico “consistia de três partes: 1) uma proclamação da morte, ressurreição e exaltação de Jesus; 2) a consideração de Jesus como Senhor e também como Cristo; e 3) uma convocação ao arrependimento e a receber perdão de pecados. Assim, o kerygma, em sua plenitude, reunia uma proclamação histórica, uma consideração teológica e uma convocação ética.”146
O resultado dessa pregação, além do arrependimento verificado, foi a confissão de pecados (At 2.37). A Bíblia admoesta-nos a confessar nossos pecados uns aos outros e a orar uns pelos outros (Tg 5.16). Ela afirma-nos também que há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem (ver 1 Tm 2.5). Ambas as instruções são encontradas na Bíblia, e uma não exclui a outra. A Igreja de Cristo é denominada como uma comunhão de santos, mas também uma comunhão de pecadores, no sentido de que ninguém ainda alcançou a plenitude da santidade, ou seja, todos ainda carecem de progresso na caminhada cristã.
O arrependimento atesta o reconhecimento não apenas do pecado, mas também da condição pecaminosa em que se encontra o homem. Contudo, remorso apenas não lhe garante vitória sobre o pecado — nesse sentido, o ato da confissão é de suma importância. Nele expõem-se as limitações a um conselheiro espiritual, e juntos agregam-se forças mútuas no desejo de prosseguir. Não confessar as falhas aos outros indica uma indisposição ao desejo real de mudança, especialmente quando não se consegue obter vitória sozinho sobre determinadas práticas nocivas. A confissão denota aceitação do julgamento e do castigo na intenção de receber perdão e esperança de transformação. Nesse processo, sente-se que a culpa foi superada, e uma nova coragem de ser torna-se possível.
Confessar nossas necessidades diante de irmãos e irmãs que nos orientarão no caminho correto dá-nos a certeza de que não estamos sozinhos. O orgulho e o medo que se apega em nós quando pensamos em confissão apega-se também aos outros; contudo, somos todos igualmente pecadores e, no ato da confissão mútua, o poder de cura é liberado, e nossa condição humana já não é mais negada, e sim transformada.147 O indivíduo que conhece, mediante a confissão privada, o perdão e o livramento de persistentes hábitos importunadores regozija-se grandemente nessa prova da misericórdia divina.
Sempre existirão áreas na vida do cristão que não foram submetidas ao senhorio de Cristo e que, portanto, não passaram pelo processo de arrependimento (Hb 12.17). Por isso, a Bíblia enfatiza a necessidade de constantemente julgarmo-nos a nós mesmos (1 Co 11.31) e percebermos aquilo que sorrateiramente contamina o coração e que quer afastar-nos de Deus, pois “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jr 17.9).

A FÉ E O ARREPENDIMENTO SÃO AS RESPOSTAS À SALVAÇÃO
Conversão não é um evento momentâneo; é, na maioria dos casos, um longo processo que se estende de forma inconsciente muito antes de romper na consciência, dando a impressão de uma situação inesperada que se apodera da totalidade da pessoa. 148 Existem relatos no Novo Testamento, como os da conversão de Paulo, que forneceram o modelo para essa compreensão de conversão. Observamos o impacto do primeiro momento (At 9.1), mas com desdobramentos constantes no desenvolvimento do processo.
A salvação é pela graça através da fé, que é a condição necessária para a obtenção da salvação. Sem ela (a fé), não se crê no sacrifício completo de Cristo e, portanto, podem surgir duas situações: a primeira é que a pessoa não compreende a necessidade de salvação e, por isso, não coloca sua fé em ação; e a segunda é o equívoco de tentar ganhar a salvação por méritos próprios. Conjuntamente, operam a exclusiva em Jesus para a salvação e, como consequência da fé, o Espírito Santo convence a pessoa do pecado, levando-a ao arrependimento.
Visto que a natureza pecaminosa é o estado próprio do ser humano, ele torna-se incapaz de reconhecer o estado pecaminoso em que se encontra e, devido a essa inconsciência, carece de uma orientação externa que produza o desejo de arrependimento e conduza-o a tomar essa atitude. Nesse sentido, até mesmo o desejo de arrepender-se já é, por si só, obra do Espírito Santo no coração do homem.
O arrependimento muda a forma de enxergar a realidade, além de produzir uma transformação profunda através da qual se experimenta um sentimento ímpar de liberdade. O arrependimento genuíno tem o poder de modificar as atitudes do coração da alma e da mente, tirando-as do caminho de morte e direcionando-as para um caminho de vida abundante. Todavia, esse poder não está presente em nossas vontades e desejos, mas, sim, em Deus, e somente Ele é capaz de realizar essa mudança.
A mudança que Deus produz no ser humano a partir de sua atitude de arrependimento não é uma mudança permanente. O arrependimento de hoje não lhe garante mudanças e transformações infindáveis. Enquanto estiver nesta terra, o homem estará cativo à sua natureza pecaminosa. Alguém disse uma vez que “o ser humano não é pecador porque peca, mas peca por que é pecador”, e a libertação dessa natureza está condicionada a uma dependência contínua da ação do Espírito Santo de Deus em sua vida.
O arrependimento está intimamente relacionado à dependência de Deus. O ato de arrepender-se não produz transformação definitiva no ser humano; antes, é um espaço concedido a Deus para que Ele venha moldá-lo conforme a sua vontade. O que garante a durabilidade dos efeitos dessa transformação não é apenas a atitude humana de arrependimento, mas também a constante e permanente presença de Deus no homem, ou seja, o que garante a durabilidade dos efeitos dessa transformação é a consciência que o homem tem de sua total dependência de Deus.
A atitude de abandono do pecado subentende a volta ou o retorno do homem para Deus, e essa atitude de voltar-se para Deus deve ser uma ação contínua da parte do homem para, assim, garantir os efeitos benéficos que foram produzidos por Deus a partir de sua atitude de arrependimento. Nesse processo de arrependimento e perdão, a relação entre Deus e o homem será continuamente uma relação onde o Senhor demonstrará seu cuidado e seu amor na medida em que o homem reconhece seu estado de pecaminosidade, sua dependência para com Deus e a superioridade de Deus em relação a ele.
Somente o Espírito Santo pode conhecer e esquadrinhar o coração humano com profundidade, e aqueles que se abrem ao seu mover perceberão as situações que precisam de confissão em seus corações. O Espírito Santo opera o arrependimento na conversão (Jo 16.8), assim como se torna a condição necessária para receber o batismo no Espírito Santo. O batismo é recebido num coração inteiramente voltado para Deus e purificado do pecado através do arrependimento.
A purificação do pecado, que é produzida pelo genuíno arrependimento, não deixa o homem isento de errar novamente, mas livra-o do poder dominador que o pecado tinha sobre ele. Daí em diante, já livre da escravidão que o poder do pecado impunha sobre ele, a transgressão, que antes provocava um sentimento de prazer, provoca agora dor e abatimento da consciência, e a situação agrava-se se não houver arrependimento. A falta de arrependimento provoca tanto ou mais sofrimento do que o próprio ato de pecar, visto que, no ato de arrepender-se, está o caminho para a cura do mal que lhe causa o pecado.
Aceitar ou não essa salvação é a opção que é dada por Deus ao ser humano mediante a dádiva do livre-arbítrio. A partir dele, o homem é livre para escolher entre querer ou não querer o sacrifício feito por Cristo em favor dele e de toda a humanidade. Existem apenas dois caminhos e, ao optar conscientemente pela negação a Deus, o homem coloca-se num caminho de condenação eterna, mesmo que ele não admita isso.
Quando o homem nega conscientemente a Deus, ele segue gradativamente rumo à destruição de sua própria vida. A condenação final virá no dia do grande encontro entre Deus e o homem, onde todos seremos julgados e, a partir desse julgamento, absolvidos ou condenados. No entanto, as consequências dessa escolha podem ser vistas cotidianamente na vida de tais pessoas, visto que abandonar a Deus leva o homem à indiferença para com Ele, que, por fim, leva à oposição obstinada contra Ele. Nessa fase, o ser humano aprofunda-se no pior dos pecados, que é a blasfêmia contra o Espírito Santo.
A blasfêmia contra o Espírito Santo acontece quando o homem opõe-se obstinadamente e sem arrependimento contra Deus. O blasfemo não se ocupa com a preocupação em ter blasfemado contra Deus. Esse tipo de preocupação é indício sólido de que o homem ainda não chegou nesse estágio. A característica principal do blasfemo é que nele não há remorso ou dor pelo seu estado pecaminoso, não havendo, em nenhuma hipótese, lugar para o arrependimento. Não que o pecado da blasfêmia não tenha perdão, pois, se houvesse um pecado que Deus não pudesse perdoar, Ele deixaria de ser Deus. A questão não é que Deus não perdoa esse pecado; o grande problema é que o blasfemo não consegue mais arrepender-se. Foi o que aconteceu com Lúcifer, e, não havendo arrependimento, não há espaço para a graça e nem para a fé, pela qual alcançamos a salvação em Cristo.
É extremamente necessário termos cuidado com a manutenção de nossa vida com Deus. As ações costumeiras de falta contra Deus e a ausência de reconhecimento da necessidade de arrepender-se e novamente ser alvo do perdão de Deus pode levar-nos gradativamente a um caminho de rebeldia obstinada, e esse é um caminho de grande perigo. Nele, a pessoa perde a noção da necessidade de salvação, ou então vai para o outro extremo, onde passa a acreditar que pode obter salvação mediante seus próprios méritos.
Existe apenas uma porta que nos leva à salvação, e a chave que abre essa porta não está em nossas mãos, nem tampouco naquilo que ingenuamente consideramos poder fazer para alcançar essa dádiva. A chave que abre a porta da salvação está em Jesus. Ele é a chave e também a porta, e a única coisa que cabe a nós é aceitarmos pela fé, que Ele mesmo nos deu, que Ele é o único Salvador e que dependemos dEle para alcançar essa salvação.
A partir de então, tudo se torna novo; surge, assim, o novo homem nascido de novo (Jo 3.3). Isso significa que a organização da vida e todos os seus desdobramentos diante da família, sociedade, política, economia, igreja, amigos — tudo — assume uma nova característica agora condizente com a ética do evangelho de Cristo (Mt 5-7).


Extraído do livro: A obra da Salvação.
Por: Claiton  Ivan Pommerening.

Todos os direitos reservados. Copyright © 2017 para a língua portuguesa da Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.

Sábado - Ap 3.19 - Um chamado ao arrependimento.

Extraído do comentário bíblico aplicação pessoal. 
3.19 Havia uma segunda chance para esta igreja; Cristo lhes oferecia a oportunidade de se arrependerem. A sua repreensão e castigo viriam por causa do seu amor pela igreja (Pv 3.12). Cristo "vomitará" aqueles que desobedecerem (3.16), mas disciplinará aqueles que Ele ama. Devido a esta misericórdia, os crentes devem se arrepender voluntariamente, percebendo a necessidade que têm de Cristo em todas as áreas de suas vidas e ministérios. Então, eles
serão eficazes para Ele.

Sexta - 1 Jo 1.9 - Deus é fiel para justificar quem se arrepende dos seus pecados.

Extraído do comentário bíblico aplicação pessoal. 
1.9 Fazer parte do povo de Deus não significa negar o pecado (1.8), mas confessá-lo. Pelo fato de todas as pessoas serem pecadoras, Jesus teve que morrer. Por não estar o pecado completamente erradicado das vidas daqueles que crêem em Jesus, Deus graciosamente deu aos seus seguidores uma provisão para o problema do pecado. João explicou isto em poucas palavras: Se confessarmos... Ele é fiel e justo para nos perdoar.
Confessar os nossos pecados significa concordar com Deus que um ato ou pensamento estava errado, reconhecer isto diante de Deus, procurar perdão, e comprometer-se a não permitir que isto aconteça outra vez.

Quinta - Lc 15.7 - Há alegria no céu quando um pecador se arrepende.

Extraído do comentário bíblico aplicação pessoal. 
15.6,7 O pastor não se alegrou sozinho. Ele até chamou os amigos e vizinhos para que se alegrassem com ele, por ter encontrado a sua ovelha perdida. Na realidade, os pastores não fariam uma festa por causa de uma ovelha encontrada. Jesus usou este elemento da história para enfatizar a realidade do seu reino e o valor de cada pessoa perdida. Deus se alegra quando um pecador que se arrepende é encontrado e retorna a Deus.

Quarta - Mt 3.8 - Um convite para dar frutos dignos de arrependimento.

Extraído do comentário bíblico aplicação pessoal.
3.8 O verdadeiro arrependimento é visto através dos atos e do caráter que ele produz. Os fariseus e saduceus acreditavam que monopolizaram a justiça. Mas a maneira como viviam revelava o seu verdadeiro caráter. Portanto, João disse: Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento. João Batista exortava as pessoas a praticar mais que palavras ou rituais; ele pedia que mudassem seu comportamento. Se realmente abandonamos o pecado e nos voltamos para Deus, nossas palavras e atividades devem refletir aquilo que dizemos. Deus julga as nossas palavras pelos atos que as acompanham. Será que os seus atos combinam com as suas palavras?

Terça - Is 30.15 - Deus concede salvação ao que se arrepende .

Extraído do comentário BEACOM.
As alternativas (30.15-17). As alternativas são confiança no eterno Deus ou fuga em pânico dos assírios. Isaías declara que somente conversão (arrependimento)14 e fé significam salvação (15). C. von Orelli traduz este versículo da seguinte maneira: “Ao se arrepender e permanecer em silêncio vocês serão salvos; sua força deve estar firmada na quietude e na confiança”.10 Moffatt diz:

Sua salvação consiste em parar de fazer alianças, sua força é a fé silenciosa.

Plumptre observa: “Neste caso, significava deixar de confiar no homem, com todas as suas agitações impacientes, e confiar em Deus, que é cheio de calma e paz”.16 Assim, Isaías frisava a imediata volta da delegação judaica, naquele momento a caminho do Egito. Ele aconselha uma neutralidade dignificante como a melhor política.
Cavalos em fuga (16) é a próxima figura do profeta. Isaías cita seus oponentes como dizendo: “Não! Queremos alguns cavalos esperando se precisarmos fugir”. Sua réplica é: “Vocês certamente fugirão”. Eles respondem: “Se é assim, queremos algo que seja veloz”.

Segunda - Sl 51.1-3 - O arrependimento abre caminho para o perdão de Deus.


Extraído do comentário  - matthew henry
Versículos 1-6: O salmista pede misericórdia, confessa e humildemente lamenta-se por causa de seu pecado.
1-6. Davi derrama a sua alma na presença de Deus, convencido dos pecados que praticou, e pede misericórdia e graça. Para onde devem retornar os filhos desviados, senão para o Senhor, seu Deus, que e o único capaz de sara-los? Por ensino divino, o salmista faz um relato do
que o seu coração sente em relação a Deus. Os que verdadeiramente se arrependem de seus pecados, não serão envergonhados ao reconhecerem o seu arrependimento. Também instrui os demais quanto ao que fazer e dizer.
Davi não somente fizera muito, mas sofrera muito na causa de Deus; contudo, foge para refugiar-se na infinita misericórdia de Deus, e depende dela para ter perdão e paz. Pede perdão pelo pecado. O sangue do Senhor Jesus Cristo, esparzido sobre a consciência, apaga as transgressões e, apos nos reconciliar com Deus, reconcilia-nos conosco mesmos. o crente anela ver apagada toda a divida por causa de seus pecados, e cada mancha limpa. será completamente lavado de seus pecados. 

A PALAVRA DE DEUS


Is 55.10,11 “Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas regam a terra e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei.”
A NATUREZA DA PALAVRA DE DEUS. A expressão “a palavra de Deus” (também “a palavra do Senhor”, ou simplesmente “a palavra”) possui várias aplicações na Bíblia.
(1) Obviamente, refere-se, em primeiro lugar, a tudo quanto Deus tem falado diretamente. Quando Deus falou a Adão e Eva (e.g., Gn 2.16,17; Gn 3.9-19), o que Ele lhes disse era, de fato, a palavra de Deus. De modo semelhante, Ele se dirigiu a Abraão (e.g., Gn 12.1-3), a Isaque (e.g.,Gn 26.1-5), a Jacó (e.g., Gn 28.13-15) e a Moisés (e.g., Êx 3–4). Deus também falou à totalidade da nação de Israel, no monte Sinai, ao proclamar-lhe os dez mandamentos (ver Êx 20.1-19). As palavras que os israelitas ouviram eram palavras de Deus.
(2) Além da fala direta, Deus ainda falou através dos profetas (ver o estudo sobre O PROFETA NO ANTIGO TESTAMENTO). Quando eles se dirigiam ao povo de Deus, assim introduziam as suas declarações: “Assim diz o Senhor”, ou “Veio a mim a palavra do Senhor”. Quando, portanto, os israelitas ouviam as palavras do profeta, ouviam, na verdade, a palavra de Deus.
(3) A mesma coisa pode ser dita a respeito do que os apóstolos falaram no NT. Embora não introduzissem suas palavras com a expressão “assim diz o Senhor”, o que falavam e proclamavam era, verdadeiramente, a palavra de Deus. O sermão de Paulo ao povo de Antioquia da Pisídia (At 13.14-41), por exemplo, criou tamanha comoção que, “no sábado seguinte, ajuntou-se quase toda a cidade a ouvir a palavra de Deus” (At 13.44). O próprio Paulo assegurou aos tessalonicenses que, “havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade) como palavra de Deus” (1Ts 2.13; cf. At 8.25).
(4) Além disso, tudo quanto Jesus falava era palavra de Deus, pois Ele, antes de tudo, é Deus (Jo 1.1,18; 10.30; 1Jo 5.20). Lucas, escritor do terceiro evangelho, declara explicitamente que, quando as pessoas ouviam a Jesus, ouviam na verdade a palavra de Deus (Lc 5.1). Note como, em contraste com os profetas do AT, Jesus introduzia seus ditos: Eu “vos digo...” (e.g., Mt 5.18,20,22,23,32,39; 11.22,24; Mc 9.1; 10.15; Lc 10.12; 12.4; Jo 5.19; 6.26; 8.34). Noutras palavras, Ele tinha dentro de si mesmo a autoridade divina para falar a palavra de Deus. É tão importante ouvir as palavras de Jesus, pois “quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação” (Jo 5.24). Jesus, na realidade, está tão estreitamente identificado com a palavra de Deus que é chamado “o Verbo” [“a Palavra”] (Jo 1.1,14; 1Jo 1.1; Ap 19.13-16; ver Jo 1.1 nota) (5) A palavra de Deus é o registro do que os profetas, apóstolos e Jesus falaram, i.e., a própria Bíblia. No NT, quer um escritor usasse a expressão “Moisés disse”, “Davi disse”, “o Espírito Santo diz”, ou “Deus diz”, nenhuma diferença fazia (ver At 3.22; Rm 10.5,19; Hb 3.7; 4.7); pois o que estava escrito na Bíblia era, sem dúvida alguma, a palavra de Deus (ver o estudo A INSPIRAÇÃO E A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS).
(6) Mesmo não estando no mesmo nível das Escrituras, a proclamação feita pelos autênticos pregadores ou profetas, na igreja de hoje, pode ser chamada a palavra de Deus. (a) Pedro indicou que, a palavra que seus leitores recebiam mediante a pregação, era
palavra de Deus (1Pe 1.25), e Paulo mandou Timóteo “pregar a Palavra” (2Tm 4.2). A pregação, porém, não pode existir independentemente da Palavra de Deus. Na realidade, o teste para se determinar se a palavra de Deus está sendo proclamada num sermão, ou mensagem, é se ela corresponde exatamente à Palavra de Deus escrita (ver o estudo FALSOS MESTRES).
(b) O que se diz de uma pessoa que recebe uma profecia, ou revelação, no âmbito do culto de adoração (1Co 14.26-32)? Ela está recebendo, ou não, a palavra de Deus? A resposta é um “sim”. Paulo assevera que semelhantes mensagens estão sujeitas à avaliação por outros profetas.
Todavia, há a possibilidade de tais profecias não serem palavra de Deus (ver 1Co 14.29 nota). É somente em sentido secundário que os profetas, hoje, falam sob a inspiração do Espírito Santo; sua revelação jamais deve ser elevada à categoria da inerência (ver 1Co 14.31 nota; ver os estudos DONS ESPIRITUAIS PARA O CRENTE e DONS MINISTERIAIS PARA A IGREJA).
O PODER DA PALAVRA DE DEUS. A palavra de Deus permanece firme nos céus (Sl 119.89; Is 40.8; 1Pe 1.24,25). Não é, porém, estática; é dinâmica e poderosa (cf. Hb 4.12), pois realiza grandes coisas (55.11). (1) A palavra de Deus é criadora. Segundo a narrativa da criação, as coisas vieram a existir à medida que Deus falava a sua palavra (e.g., Gn 1.3,4,6,7,9).
Tal fato é resumido pelo salmista: “Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus” (Sl 33.6, 9); e pelo escritor aos Hebreus: “Pela fé, entendemos que os mundos, pela palavra de Deus, foram criados” (Hb 11.3; cf. 2Pe 3.5). De conformidade com João, a Palavra que Deus usou para criar todas as coisas foi Jesus Cristo (Jo 1.1-3; ver o estudo A CRIAÇÃO). (2) A palavra de Deus sustenta a criação. Nas palavras do escritor aos Hebreus, Deus sustenta “todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb 1.3; ver também Sl 147.15-18). Assim como a palavra criadora, essa palavra relaciona-se com Jesus Cristo segundo Paulo insiste: “todas as coisas subsistem por ele [Jesus]” (Cl 1.17).
(3) A palavra de Deus tem o poder de outorgar vida nova. Pedro testifica que nascemos de novo “pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre” (1Pe 1.23; cf. 2 Tm 3.15; Tg 1.18). É por essa razão que o próprio Jesus é chamado o Verbo da vida (1Jo 1.1).
(4) A palavra de Deus também libera graça, poder e revelação, por meio dos quais os crentes crescem na fé e na sua dedicação a Jesus Cristo. Isaías emprega um expressivo quadro verbal: assim como a água proveniente do céu faz as coisas crescerem, assim a palavra que sai da boca de Deus nos leva a crescer espiritualmente (55.10,11). Pedro ecoa o mesmo pensamento ao escrever que, ao bebermos do leite puro da palavra de Deus, crescemos em nossa salvação (1Pe 2.2).
(5) A palavra de Deus é a arma que o Senhor nos proveu para lutarmos contra Satanás (Ef 6.17; cf.Ap 19.13-15). Jesus derrotou Satanás, pois fazia uso da Palavra de Deus: “Está escrito” (i.e., “consta como a Palavra infalível de Deus”; cf. Lc 4.1-11; ver Mt 4.1-11, nota).
(6) Finalmente, a palavra de Deus tem o poder de nos julgar. Os profetas do AT e os apóstolos do NT frequentemente pronunciavam palavras de juízo recebidas do Senhor. O próprio Jesus assegurou que a sua palavra condenará os que o rejeitarem (Jo 12.48). E o autor aos Hebreus escreve que a poderosa palavra de Deus julga “os pensamentos e intenções do coração” (ver Hb 4.12 nota). Noutras palavras: os que optam por desconsiderar a palavra de Deus, acabarão por experimentá-la como palavra de condenação.
NOSSA ATITUDE ANTE A PALAVRA DE DEUS. A Bíblia descreve, em linguagem clara e inconfundível, como devemos proceder quanto a palavra de Deus em suas diferentes expressões.
Devemos ansiar por ouvi-la (1.10; Jr 7.1,2; At 17.11) e procurar compreendê-la (Mt 13.23).
Devemos louvar, no Senhor, a palavra de Deus (Sl 56.4,10), amá-la (Sl 119.47,113), e dela fazer a nossa alegria e deleite (Sl 119.16,47). Devemos aceitar o que a palavra de Deus diz (Mc 4.20; At 2.41; 1Ts 2.13), ocultá-la nas profundezas de nosso coração (Sl 119.11), confiar nela (Sl 119.42), e colocar a nossa esperança em suas promessas (Sl 119.74,81,114; 130.5). Acima de tudo, devemos obedecer ao que ela ordena (Sl 119.17,67; Tg 1.22-24) e viver de acordo com seus ditames (Sl 119.9). Deus conclama os que ministram a palavra (cf. 1Tm 5.17) a manejá-la corretamente (2Tm 2.15), e a pregá-la fielmente (2Tm 4.2). Todos os crentes são convocados a proclamarem a palavra de Deus por onde quer que forem (At 8.4).

A VONTADE DE DEUS


Is 53.10 Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os dias; e o bom prazer do  SENHOR prosperará na sua mão”.
DEFINIÇÃO DA VONTADE DE DEUS. De modo geral, a Bíblia refere-se à vontade de Deus em três sentidos diferentes.
(1) A vontade de Deus é outra maneira de se identificar a Lei de Deus. Davi, por exemplo, forma um paralelo entre a frase “tua lei” e “tua vontade” no Sl 40.8. Semelhantemente, o apóstolo Paulo considera que, conhecer a Deus é sinônimo de conhecer a sua vontade (Rm 2.17,18). Noutras palavras: como em sua Lei o Senhor nos instrui no caminho que Ele traçou, ela pode ser apropriadamente chamada “a vontade de Deus”. “Lei” significa essencialmente “instrução”, e inclui a totalidade da Palavra de Deus.
(2) Também se emprega a expressão “a vontade de Deus” para designar qualquer coisa que Ele explicitamente quer. Pode ser corretamente designada de “a perfeita vontade” de Deus. E a vontade revelada de Deus é que todos sejam salvos (1Tm 2.4; 2Pe 3.9) e que nenhum crente caia da graça (ver Jo 6.39 nota). Isso não quer dizer que todos serão salvos, mas apenas que Deus deseja a salvação de todos.
(3) Finalmente, a “vontade de Deus” pode referir-se àquilo que Deus permite, ou deixa acontecer, embora Ele não deseje especificamente que ocorra. Tal coisa pode ser corretamente chamada “a vontade permissiva de Deus”. De fato, muita coisa que acontece no mundo é contrária à perfeita vontade de Deus (e.g., o pecado, a concupiscência, a violência, o ódio, e a dureza de coração), mas Ele permite que o mal continue por enquanto. A chamada de Jonas para ir a Nínive fazia parte da perfeita vontade de Deus, mas sua viagem na direção oposta estava dentro de sua vontade permissiva (ver Jn 1). Além disso, a decisão de muitas pessoas permanecerem sem salvação é permitida por Deus. Ele não impõe a fé aos que recusam a salvação mediante o seu Filho. Semelhantemente, muitas aflições e males que nos acometem são permitidos por Deus (1Pe 3.17; 4.19), mas não é desejo seu que soframos (ver 1Jo 5.19 nota; ver os estudos A PROVIDÊNCIA DIVINA e O SOFRIMENTO DOS JUSTOS).
FAZENDO A VONTADE DE DEUS. O ensino bíblico a respeito da vontade de Deus não expressa apenas uma doutrina. Afeta a nossa vida diária como crentes. (1) Primeiro, devemos descobrir qual é a vontade de Deus, conforme revelada nas Escrituras.
Como os dias em que vivemos são maus, temos de entender qual a perfeita e agradável vontade de Deus (Ef 5.17).
(2) Uma vez que já sabemos como Ele deseja que vivamos como crentes, precisamos dedicar-nos ao cumprimento da sua vontade. O salmista, por exemplo, pede a Deus que lhe ensine a “fazer a tua vontade” (Sl 143.10). Ao pedir, igualmente, que o Espírito o guie “por terra plana”, indica que, em essência, está rogando a Deus a capacidade de viver uma vida de retidão.
Semelhantemente, Paulo espera que os cristãos tessalonicenses sigam a vontade divina, evitando a imoralidade sexual, e vivendo de maneira santa e honrosa (1Ts 4.3,4). Noutro lugar, Paulo ora para que os cristãos recebam a plenitude do conhecimento da vontade divina, a fim de viverem “dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo” (Cl 1.9,10).
(3) Os crentes são exortados a orarem para que a vontade de Deus seja feita (cf. Mt 6.10; 26.42; Lc 11.2; Rm 15.30-32; Tg 4.13-15). Devemos desejar, com sinceridade, a perfeita vontade de Deus, e ter o propósito de cumprí-la em nossa vida e na vida de nossa família (ver Mt 6.10 nota). Se essa for a nossa oração e compromisso, teremos total confiança de que o nosso presente e futuro estarão sob os cuidados do Pai (cf. At 18.21; 1Co 4.19; 16.7). Se, porém, há pecado deliberado em nossa vida, e rebelião contra a sua Palavra, Deus não atenderá as nossas orações (ver o estudo A ORAÇÃO EFICAZ). Não poderemos esperar que a vontade divina seja feita na terra como no céu, a não ser que nós mesmos procuremos cumprir a sua vontade em nossa própria vida.
(4) Finalmente, não podemos usar a vontade de Deus como desculpa pela passividade, ou irresponsabilidade, no tocante à sua chamada para lutarmos contra o pecado e a mornidão espiritual. É Satanás, e não Deus, o culpado por essa era maligna, com a sua crueldade, maldade e injustiça (ver 1Jo 5.19 nota). É também Satanás quem causa grande parte da dor e sofrimento no mundo (cf. Jó 1.6-12; 2.1-6; Lc 13.16; 2Co 12.7). Assim como Jesus veio para destruir as obras do diabo (1Jo 3.8), assim também é da vontade explícita de Deus que batalhemos contra as hostes espirituais da maldade por meio do Espírito Santo (Ef 6.10-20; 1Ts 5.8; ver o estudo O RELACIONAMENTO ENTRE O CRENTE E O MUNDO).