TIPOS DE BATISMO

"Quantas espécies de batismo existem na Bíblia?"
Preliminarmente, devemos, antes de qualquer explicação acerca do assunto em pauta, conhecer a palavra batismo, que é, sem dúvida, importante dentro do contexto doutrinário neotestamentário. Esta expressão se origina do vocábulo grego "baptizõ", que significa imersão, mergulho, submersão. Daí a razão de Paulo comparar esse ato a um sepultamento (Rm 6.4), pois é através desta ação que o novo convertido enterra para sempre o seu velho homem (na linguagem paulina), isto é, seu caráter inconverso, carnal, natural, pecaminoso, corrompido. Devemos salientar também que o batismo não salva o homem, mas é tão-somente uma confirmação daquilo que já lhe aconteceu, isto é, a conversão.
Não somos batizados para a salvação; ao contrário, somos batizados porque já somos salvos. Esclarecemos, também, por via de dúvidas, que o batismo por aspersão é uma incoerência. Isto eqüivale dizer: "imersão por aspersão". Faz sentido?
No que tange ao número de batismos existentes na Bíblia, o autor aos Hebreus parece fazer alusão ao assunto quando fala da "doutrina dos batismos", Hb 6.2. Entretanto, entendemos, pelo contexto do capítulo, que o escritor está apenas classificando este assunto no rol das doutrinas rudimentares para novos convertidos como o a-bê-ce- da vida cristã. Apesar da explicação acima, parece-nos viável salientar que as Escrituras Sagradas, mormente no Novo Testamento, apresentam algumas espécies de batismo.
Na tentativa de esclarecer a questão supra, o articulista Venâncio R. dos Santos, em artigo publicado num periódico evangélico, enumera, com muita propriedade, sete tipos de batismo:
1.              O batismo de João, também chamado de batismo do arrependimento: Lc 3.3; 7.28; At 18.25.
2.               O batismo do sofrimento que é aquele com que Cristo foi batizado; qualquer servo de Deus pode recebê-lo: Mc 10.38,39; Lc 2.50.
3.                  O batismo cristão-apostólico, que é ministrado em nome da Trindade: Mt 28.19,20; At 2.38; 19.5.
4.                      O batismo pelos mortos - uma heresia muito difundida no tempo dos apóstolos; citada, mas não aprovada por Paulo: 1 Co 15.29.
5.             O batismo de Moisés - na nuvem e no mar: Êx 14.15-25; 1 Co 10.2.
6.              O batismo com o Espírito Santo que é efetuado por Jesus Cristo: Mt 3.11; At 2.1-4.
7. O batismo no corpo de Cristo. Este é realmente realizado pelo Espírito Santo 
imergindo o novo convertido no corpo místico de Jesus, a Igreja.
Das sete espécies de batismo encontradas no Novo Testamento - continua o articulista - três merecem destaque, por terem missão específica no âmbito da Igreja:
1.            O batismo nas águas, que exterioriza a nova vida que o recém-convertido assume interiormente. Por esse batismo, o novo convertido é introduzido na igreja local: At 2.41.
2.                 O batismo com o Espírito Santo, que é a concessão do poder, manifesta-se em dons espirituais, visando à evangelização em todas as dimensões. É o mergulho do crente no poder do Espírito: At 1.8; 1 Co 12.7-11.
3.               O batismo no corpo de Cristo, que é a imersão do novo convertido no corpo
místico de Jesus (a Igreja), feito pelo Espírito Santo no ato da conversão.
Finalmente, para concluirmos o nosso pensamento sobre o assunto, evocamos aqui, a propósito, a opinião do renomado escritor J. Edwin Orr, que, em seu livro Plena Submissão, faz alusão ao assunto supracitado, dizendo: "No batismo com água, o agente é o ministro, o recipiente é o crente e o elemento a água. No batismo do crente no Corpo de Cristo, o agente é o Espírito Santo, o recipiente o novo convertido e o elemento é o Corpo de Cristo: a Igreja. Na outorga de poder (o batismo com o Espírito Santo), o agente é Cristo, o recipiente é o crente e o elemento é o Espírito Santo."
Portanto, reiterando o que até agora foi visto, podemos declarar mais uma vez e,
sem medo de errar, que a Bíblia Sagrada é a verdade de Deus revelada aos homens.


ESTRAÍDO DO LIVRO:  A BÍBLIA RESPONDE.
Todos os Direitos Reservados. Copyright © 1983 para a língua portuguesa da
Casa Publicadora das Assembléias de Deus.

JÓ ( Teologia bíblica da oração)

Embora o livro de Jó só apareça bem mais tarde no cânon agrado, há grande incerteza acerca de sua data e do tempo em que Jó viveu. Incluímos aqui esse livro simplesmente porque representa bem o período patriarcal. Por exemplo, à semelhança dos patriarcas, Jó oferece seus próprios sacrifícios. As riquezas de Jó eram medidas como as de Abraão, em termos de gado e de servos. E seu período de vida foi similar àquele registrado em favor dos patriarcas. A oração assume toda uma nova dimensão neste que é o mais notável relato de alguém que foi testado quase além da resistência humana. De Jó podemos aprender tanto como não orar quanto como orar melhor, quando confrontados por circunstâncias que desafiam toda explicação racional: “Quem dera que se cumprisse o meu desejo, e que Deus me desse o que espero! E que Deus quisesse quebrantar-me, e soltasse a sua mão, e acabasse comigo!” (Jó 6.8,9) Pessoas desesperadas perdem de vista a vida. Chega a ser comum que elas orem pedindo para morrer (cf. Nm 11.11-15; 1 Rs 19-4; Jn 4.3). Não obstante, nas Escrituras, em parte alguma há registro de que Deus tenha honrado semelhante pedido. O problema de Jó, tal como acontece a todos os mortais, era a sua incapacidade de discernir o propósito divino e ver além do presente imediato. Em tais tempos, a verdade de Deus dificilmente consegue se estabelecer no coração humano, e o crente precisa lutar contra Satanás, o mestre que sabe acentuar as trevas. Mas nós temos o bendito Paracleto (Consolador, Ajudador, Conselheiro), para dEle recebermos ajuda e conforto: “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26).

Como, pois, devemos nos aproximar, nas horas mais escuras da vida e nos testes mais severos? Que fazer quando nos mostramos totalmente incapazes de encontrar uma resposta às adversidades, quando toda esperança de recuperação foge de nós? Quando a morte parece ser a única via de escape? Tiago nos diz: “Sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma. E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada” (Tg 1.3-5). Os propósitos de Deus Um livramento imediato pode não corresponder à vontade de Deus; mas, sendo este o caso, Deus pode nos dar sabedoria para assimilar qual é a sua intenção e nos submetermos a ela. Circunstâncias difíceis levam as pessoas a fazer inquirições; e podemos concluir, pelo menos em parte, que essa é uma das razões de tais circunstâncias. Se não for submetido uma condição de extrema pressão, nenhum diamante de real valor e brilho pode ser formado. Que é o homem, para que tanto o estimes, e ponhas sobre ele o teu coração, e cada manhã o visites, e cada momento o proves? Até quando me não deixarás, nem me largarás, até que engula a minha saliva? Se pequei, que te farei, ó Guarda dos homens? Por que fizeste de mim um alvo para ti, para que a mim mesmo me seja pesado? E por que me não perdoas a minha transgressão, e não tiras a minha iniquidade? Pois agora me deitarei no pó, e de madrugada me buscarás, e não estarei lá (Jó 7.17-21). Jó, nessa instância, procura inquirir Deus acerca da atenção por Ele dispensada aos meros seres humanos. Por que, afinal, deveria o Deus eterno preocupar-se com Jó? Por que, afinal, o Deus eterno iria se preocupar com criaturas tão insignificantes quanto nós? Os filósofos gregos epicureus afirmavam que Deus não prestava qualquer atenção a este mundo, ou sobre o que acontecia nele, mas antes habitava em segurança e tranquilidade, sem nada que o vexasse, perturbasse ou desagradasse. Mas, percebendo que o oposto é que era a condição verdadeira, Jó queria saber por quê. “Por que, ó Deus, vigias tanto as pessoas? Por que dás tanta importância a um indivíduo como eu?” indagava ele. Podemos nos flagrar fazendo a mesma oração em meio a provas e tribulações aparentemente intermináveis. Mas, a despeito de nossas inquirições, Deus realmente se preocupa com o bem e o mal acerca de nós, às vezes tão inextricáveis que nem podemos decidir entre um e outro. O ponto de vista oposto, que Deus não sabe ou não se importa com as circunstâncias humanas, em vez de exaltar sua condição divina, efetivamente a degrada. Expressão em tempos de desespero A pessoa oprimida por circunstâncias além da capacidade humana de solução é tentada a queixar-se de Deus pelos seus sofrimentos. Se Deus pode aliviar os sofrimentos e não o faz, raciocina, Ele deve aceitar a responsabilidade pela dor não aliviada. Inflamada e confusa com seus próprios conflitos, a mente humana cede às pressões de frustração e desespero. Assim aconteceu com Jó, cuja extrema tristeza era como uma névoa, distorcendo sua visão de Deus: Se eu disser: Eu me esquecerei da minha queixa, mudarei o meu rosto e tomarei alento; receio todas as minhas dores, porque bem sei que me não terás por inocente. E, sendo eu ímpio, por que trabalharei em vão? Ainda que me lave com água de neve, e purifique as minhas mãos com sabão, mesmo assim me submergirás no fosso, e as minhas próprias vestes me abominarão. Porque ele não é homem, como eu, a quem eu responda, vindo juntamente a juízo. Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós ambos. Tire ele a sua vara de cima de mim, e não me amedronte o seu terror (Jó 9.27-34). O sofrimento pode levar uma pessoa bem perto de perder o equilíbrio mental e emocional. Não podemos desprezar Jó por causa da amargura de sua alma, refletida em suas orações: A minha alma tem tédio de minha vida; darei livre curso à minha queixa, falarei na amargura da minha alma. Direi a Deus: Não me condenes; faze-me saber por que contendes comigo. As tuas mãos me fizeram e me entreteceram; e, todavia, me consomes. Se for ímpio, ai de mim! E se for justo, não levantarei a cabeça; cheio estou de ignomínia e olho para a minha miséria. Porque se me exalto, tu me caças como a um leão feroz, e de novo fazes maravilhas contra mim. Por que, pois, me tiraste da madre? Ah! Se, então, dera o espírito, e olhos nenhuns me vissem! Então fora como se nunca houvera sido; e desde o ventre seria levado à sepultura! Porventura, não são poucos os meus dias? Cessa, pois, e deixa-me para que por um pouco eu tome alento; antes que me vá, para nunca mais voltar, à terra da escuridão e da sombra da morte (Jó 10.1,2,8,15,16,18-21). Jó reconheceu prontamente a ascendência de Deus sobre ele. Não obstante, foi incapaz de resolver o mistério de suas próprias circunstâncias. As pessoas, algumas vezes, ficam tão ocupadas com suas circunstâncias que não podem ver além delas. Se Jó pudesse ter visto o fim de sua experiência, a sua atitude teria mudado completamente. Ao mesmo tempo, o glorioso propósito de Deus não seria legitimamente concretizado, e o próprio Jó nunca alcançaria o melhor de Deus para ele. Aqueles que conhecem a Deus também sabem que nas mãos dEle está um fim glorioso. Essa certeza gera confiança e paz. Ao enfrentar uma provação como a de Jó, devemos atentar para o dilema presente, mas sem perder a certeza de que seu fim foi designado por um Deus amoroso. Pessoas desesperadas oram para morrer, ou, no mínimo, para conseguir um escape ou fuga (cf. Sl 55.6). Mas o escapismo raramente produz uma solução digna. Pense no que Jó perderia se esta sua oração fosse respondida: “Tomara que me escondesses na sepultura, e me ocultasses até que a tua ira se desviasse, e me pusesses um limite, e te lembrasses de mim! Morrendo o homem, porventura, tornará a viver? Todos os dias de meu combate esperaria, até que viesse a minha mudança” (Jó 14.13,14). Embora existam elementos contrastantes nessa oração, cujas palavras evidenciam um justo desnorteio em função de sofrimentos intensos, Deus não se ofende e nem se ira. Até parece que Jó estava lutando por causa do sentido pleno da vida e da morte. Ele pediu luz quanto ao futuro: “Morrendo o homem, porventura, tornará a viver?” As tribulações profundas, bem como as lutas ferozes, levam-nos a enfrentar honestamente as questões. O cristão, contudo, tem uma grande vantagem, pois nosso Salvador, Jesus Cristo, “aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção, pelo evangelho” (2 Tm 1.10). Em momentos assim, fazemos bem em relembrar a admoestação de Salomão: “Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento” (Pv 3.5). No tempo certo, as nuvens desaparecerão, conforme sucedeu a Jó, e Deus será visto como de fato é: grande em sabedoria e misericórdia. Submissão à soberania de Deus Mas o tom mórbido e amargurado da oração de Jó de repente mudou. Algo precipitou uma meia-volta. O próprio Jó o explica: “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos” (Jó 42.5). Toda a sua perspectiva de vida, e até de morte, foi drasticamente alterada quando ele contemplou Deus conforme Ele é de fato: Então Jó respondeu ao Senhor e disse: Eis que sou vil; que te responderia eu? A minha mão ponho na minha boca. Uma vez tenho falado e não replicarei; ou ainda duas vezes, porém não prosseguirei (Jó 40.3-5)


Perguntas para Estudo
1. Quais exemplos, extraídos dos patriarcas, mostram que a oração e a fé estão relacionadas?
2. E que exemplos mostram a relação entre a oração e a obediência?
3. Há características nas orações de Abraão que constituem um bom exemplo para nós hoje em dia? Justifique.
 4. Qual o valor da meditação, e como podemos incorporá-la de maneira eficaz à nossa vida de oração?
5. Será que nós, como Jacó, devemos lutar em oração? Como incrementar positivamente as nossas orações? 6. Quais as principais lições que podemos extrair das orações de Jó?

Extraído do livro Teologia bíblica da oração.

Robert L. Brandt e Zenas J. Bicket
Todos os direitos reservados. Copyright © 2007 para a língua portuguesa da Casa
Publicadora das Assembléias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.
Título do original em inglês: The Spirit Help Us Pray
Logion Press, Springfield, Missouri
Primeira edição em inglês: 1993
Tradução: João Marques Bentes
Revisão: Gleyce Duque
Editoração: Flamir Ambrósio


(SUBSÍDIO TEOLÓGICO) LIÇÃO- 5 - A OBRA SALVÍFICA DE JESUS CRISTO

Extraído do livro: A obra da Salvação.
Autor da obra: Claiton  Ivan Pommerening.
A obra terrena de Jesus foi de um valor e alcance inimagináveis. Além de fazer muitos sinais e maravilhas (Hb 2.4), curar enfermos (Mt 9.35), ressuscitar mortos (Lc 7.15; Jo 11.41-45), acalmar tempestades (Mt 8.24-26), multiplicar pães e peixes (Mt 14.13-21) e muitos mais a ponto de não caber em livros (Jo 21.25), sua maior obra dentre todas foi a sua morte na cruz com todas as implicações que ela traz para a humanidade e para o universo criado.58 É o que veremos neste capítulo e no seguinte.
Nenhum esforço humano é possível para retirar o homem da condição de pecador afastado de Deus, exceto pela obra salvadora de Cristo. Através da salvação efetuada por Cristo na cruz, o pecado é removido, e a paz com Deus é estabelecida, e, pelo resgate efetuado, o pecador é redimido e liberto da escravidão, sendo absolvido perante o tribunal de justiça divino, pois Cristo já suportou seu castigo e tomou sobre si o pecado do homem. Sendo assim, em sua morte, Cristo é vitorioso e garante a todos a redenção eterna.
A obra salvífica de Cristo custou-lhe um alto preço: o seu próprio sangue derramado na cruz. Sua obra garante-nos a salvação porque foi uma oferta completa, perfeita e definitiva. Por causa disso, temos a certeza da salvação e a garantia da vida eterna e desfrutamos antecipadamente, aqui na terra, dos benefícios dessa salvação.
O SACRIFÍCIO DE JESUS
A encarnação de Jesus, já estudada no capítulo 3, foi apenas uma parte da obra de Cristo. Ela não seria completa se não envolvesse o ministério terreno, o desprezo, o sacrifício, o sofrimento e a morte de Jesus; esse conjunto é o que chamamos de obra de Cristo. Sua obra completou-se com sua ressurreição e ascensão aos céus (Jo 19.30; 1 Co 15.1-4).
No Antigo Testamento, a palavra para “sacrifício” é qorbãn, como aquilo que é trazido para perto e tem o propósito de fazer expiação (em hebraico, é kapper). Existem outras palavras correlatas e de menor importância como, por exemplo, zebhah (sacrifício), olã (oferta queimada, aquilo que acende) e outras variantes. Alguns sacrifícios eram oferecidos diariamente, outros aos sábados, nas luas novas, no dia da expiação e ainda nas festas judaicas das Semanas, dos Tabernáculos (ou Cabanas) e também na festa da Páscoa. O principal propósito dos sacrifícios era fazer a expiação pelos pecados, mas também havia os de gratidão, de ação de graças, de paz e de alguns outros rituais judaicos que não cabe descrição aqui. Todos esses variados sacrifícios apontam, ainda que comparativamente inadequados, para o sacrifício final e definitivo de Cristo.
Além da Páscoa, com seu significado já abordado em capítulo anterior, o sacrifício com significado especial era o anual Dia da Expiação, quando o sumo sacerdote oferecia sacrifícios de animais e fazia expiação para si mesmo, para os outros levitas e para as demais tribos de Israel (Lv 16). A oferta teria que ser custosa, demonstrando que se oferecia a vida da vítima, derramando seu sangue para fazer expiação (Lv 17.11). Os diversos aspectos rituais e liturgias com seus significados incutiam na mente do povo a seriedade da condição pecaminosa e da necessidade que tinham de uma expiação completa. Todavia, os sacrifícios de animais eram incompletos e não podiam expiar o pecado humano por inteiro; por isso, o sacrifício de Cristo assume uma relevância de dimensões eternas por ser completo e perfeito.
As Escrituras afirmam que foi necessária a morte sacrificial de Jesus para cumprir um propósito eterno (Ap 13.8) e para que Deus pudesse perdoar o pecado e garantir a salvação do homem.59 A serpente levantada no deserto também é comparada ao levantamento de Cristo na cruz (Jo 3.14). Jesus foi rejeitado (cf. Lc 17.25) e Ele mesmo disse que lhe era necessário sofrer, morrer e ressuscitar (Mt 16.21; At 17.3) e que estava consagrado para o sacrifício (Jo 17.19). Nossa união com Cristo pela fé, possibilitada por seu sacrifício, manifestou o amor de Deus, libertando-nos do sofrimento causado pelo pecado em nós mesmos e no mundo.
O problema do pecado não se resolve apenas com o arrependimento do pecador porque a justiça de Deus também precisa ser satisfeita. Dessa forma, torna-se necessário que o pecador cumpra a pena. Como o pecador não tinha as mínimas condições de pagar essa pena por ser imperfeito por causa do próprio pecado, fez-se necessário que alguém, em condições de satisfazer a perfeição do sacrifício, entrasse em cena. Esse alguém somente poderia ser Deus, mas também teria de ser homem, e quem poderia cumprir essa exigência seria unicamente Jesus, o homem perfeito, o Deus encarnado. Assim, para Deus resolver o problema da exigência da Lei e da justiça divina, Ele fez com que seu Filho pagasse a pena imposta. A pena imposta pela Lei foi a morte, pois essa era a pena máxima que alguém poderia pagar ou ofertar. Nenhum dinheiro seria suficiente para satisfazer a justiça, a não ser a morte de Cristo.
A morte de Cristo satisfez ainda outra necessidade: De que forma tirar o pecado do homem como se ele nunca o tivesse praticado? Lançando esse pecado sobre o ser perfeito, que é Cristo.60 Portanto, trata-se de uma morte vicária que nos representando na cruz (2 Co 5.14), resgatando-nos da “maldição da Lei, fazendo-se, Ele próprio, maldição em nosso lugar” (Gl 3.13). No Antigo Testamento, foi afirmado que quem fosse morto num madeiro seria maldito de Deus (Dt 21.22-23).
O sistema de sacrifícios do Antigo Testamento foi instituído para tentar alcançar méritos diante de Deus, mas esse sistema tornou-se antiquado (Hb 8.13) com a nova aliança, que foi instituída com o sacrifício de Cristo. Não existem mais méritos pessoais, mas apenas e exclusivamente o mérito de Cristo (Gl 2.21). Ele, sim, é capaz de cobrir todo e qualquer pecado e restabelecer a comunhão do ser humano com Deus. Dessa forma, o único mérito aceito por Deus nesse novo relacionamento com a humanidade é, exclusivamente, o sacrifício de Cristo.
A morte de Cristo tem algumas conotações que é preciso esclarecer.61 Ela é o ato de redenção do pecador através da obra vicária de Cristo, que possibilitou a expiação e a propiciação e, por fim, promoveu nossa reconciliação com Deus. Cada um desses aspectos será abordado neste e no próximo capítulo.
Ela é vicária, isto é, substitutiva, no sentido de alguém que toma o lugar de outro, como bem afirma Isaías: “[...] mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos” (Is 53.6 – conforme ainda 2 Co 5.21; 1 Pe 2.24; 3.18). Portanto, Cristo morreu pelos nossos pecados; Ele, porém, era sem pecado. O sistema sacrificial e a Lei apenas nos mostraram o caminho perfeito para a obra de Cristo (Gl 3.24) que foi tão completa que Ele mesmo foi o sacerdote, o ofertante (Ele deu a si mesmo) e a oferta. A cruz é o sinal que aponta para essa realidade. A centralidade da cruz está presente até mesmo no Apocalipse, pois retrata a Jesus como “o primogênito dos mortos” (1.5) e aquEle que foi morto, mas agora vive para sempre (1.18). “Àquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai, a ele, glória e poder para todo o sempre” (1.5,6). As palavras ditas na atmosfera de adoração que João vê diante do trono são: “foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação” (5.9). João também chama Jesus 28 vezes de “o Cordeiro62, numa clara alusão à sua morte vicária. Povos de todas as tribos, línguas e nações, “toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há” (5.13), bem como “muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos” (5.11) proclamam dizendo ao que está assentado no trono que Ele “é o Cordeiro” e “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças” (5.12).
Sua morte também é a propiciação (Rm 3.25; 1 Jo 2.2; Hb 2.17) do pecado, cujo sentido do hebraico kipper e do latim propitio é afastar a ira através de um sacrifício; num sentido pagão, significaria que se está pacificando ou apaziguando um deus irado e vingativo; teologicamente, porém, significa o cumprimento da Lei divina que havia sido violada, permitindo, agora, o transbordar do amor de Deus e também de suas bênçãos sobre o pecador (Sl 7.38). Dessa forma, a propiciação não apenas satisfaz a Lei, mas também torna Deus magnânimo para com o pecador.63 A propiciação torna o ser humano pecador arrependido favorável diante de Deus. Paulo afirma que “[...] sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm 5.9). A ira de Deus é o que provoca o desespero e o terror do pecado no homem pecador e leva-o ao arrependimento.64 Ora, a santidade da ira de Deus não suporta o pecado; entretanto, Ele mesmo tomou a providência para que a sua própria ira fosse aplacada, demonstrando mais uma vez seu amor e misericórdia, pois “[...] que ele nos amou e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados” (1 Jo 4.10). Dessa forma, a propiciação é um resultado da expiação, pois somente a morte de Jesus supera o paradoxo entre o amor e a ira de Deus.65
A NOSSA RECONCILIAÇÃO COM DEUS PAI

 A palavra “reconciliação” provém do verbo grego katallasso e significa “mudar de inimizade para amizade”, “reconciliar”. Para expressar uma reconciliação completa, usa-se o verbo apokatallasso, utilizado em Efésios 2.16 (“e, pela cruz, reconciliar ambos [judeus e gentios] com Deus em um corpo”) e Colossenses 1.20 (“[...] por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas”). O substantivo katallage (Rm 5.11; 11.15) a ideia de mudar de um lugar para o outro. Reconciliação implica em estabelecer, por iniciativa de Deus, uma relação sadia com Ele.
A reconciliação é uma obra da graça de Deus somente possível como consequência da obra de Cristo. Ela é necessária porque nosso relacionamento com Deus estava rompido, pois o homem pecador não pode ter comunhão com o Deus santo (Is 6.5). A reconciliação é consequência da conversão, da regeneração e da justificação, pois o pecado tornou o homem hostil e repugnante para com Deus, e foi assim que uma inimizade foi estabelecida (Cl 1.21; Tg 4.4), e nem mesmo com os sacrifícios do Antigo Testamento poderia haver uma reconciliação, pois eles apenas apaziguaram o problema. Por isso, foi necessário o sacrifício de Cristo, que se tornou inimizade (Ef 2.15-16) em nosso lugar para que Deus viesse a agradar-se de nós (Rm 5.10), eliminando, assim, a causa da inimizade e abrindo-nos um novo e vivo caminho para o Pai (Hb 10.20).
A expiação é a própria oferta de Cristo a Deus pelo pecado; a reconciliação é o resultado prático humano da expiação efetuada por Cristo; logo, a reconciliação é consequência da expiação. Todavia, não é Deus quem se reconcilia com o homem; é o homem que precisa reconciliar-se com Deus, pois sua comunhão foi interrompida por causa do pecado. O problema da hostilidade era do homem para com Deus, cujo problema foi resolvido com a obra de Cristo. O autor da reconciliação do homem com Deus é o próprio Deus; é Ele quem toma a iniciativa; e o agente da reconciliação é Cristo através de sua obra.
A reconciliação é necessária por causa do estado de alienação (separação) de Deus. No estado de alienação, o ser humano encontra-se fora de seu centro divino do qual seu próprio centro pertence de forma dependente. Quando a serpente enganou o homem no Jardim do Éden, este foi induzido a achar que poderia viver fora deste centro divino e centrar-se em si mesmo, o que alguns teólogos chamam de hybris.66 Assim, o homem tentou autoelevar-se à esfera do divino. O homem foi tentado a ser maior do que o centro divino do qual dependia, e essa tentativa quebrou a dependência humana deste centro divino e alienou-o da presença de Deus. Como a existência humana plena é possível a partir de Deus, é essencial que o estado de alienação seja revertido para o estado de reconciliação.
Dentro da reconciliação que Jesus fez para com o homem pecador, está também o seu ministério intercessor, o qual Ele exerceu quando andou na terra e que ainda exerce por nós diante do Pai (Hb 7.25; Rm 8.27). Ele orou para que a alegria dos discípulos fosse completa (Jo 17.13); para que não fossem tirados do mundo, mas, sim, guardados do mal (Jo 17.15); para que formassem uma unidade (Jo 17.21) e também por aqueles que viriam a crer, abrangendo a todos nós (Jo 17.20). Atualmente, Ele defende-nos das acusações de quem quer que seja e intercede por nós diante do Pai, não permitindo que nada nos separe do seu amor (Rm 8.33-35), compadecendo-se de nossas fraquezas (Hb 4.15; 9.24).
A partir da reconciliação, o crente experimenta os benefícios dela, que são: no sentido vertical, a comunhão com Deus; no sentido horizontal, a benção de ser um novo ser que se reconcilia também com os seus semelhantes; e também com a própria natureza, não sendo mais hostil a ela no sentido de depredá-la ou explorá-la de forma inconsequente. “Porque, se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação” (Rm 5.10-11).
A eliminação da causa da inimizade aquieta e apazigua nosso coração, pois toda acusação e culpa são eliminadas e removidas, estabelecendo-se uma amizade com Deus através de Cristo. Os reconciliados por Cristo recebem o ministério da reconciliação, e de suas bocas procedem palavras de reconciliação (2 Co 5.18-19). Ela é tão abrangente que todo o Universo, céus e terra estão envolvidos (Cl 1.20).
Pelo fato de que agora estamos reconciliados com Deus, é-nos permitido estar vivificados (Ef 2.1, 5; Rm 5.17). Esse é o estado em que, dentro de nós, o Espírito Santo opera produzindo vida espiritual que se converte em fonte transbordante (Sl 84.6). Essa vivificação produz no crente sede e desejo ardente pela presença de Deus (Sl 42.1-2; 63.1; 143.6), faz dele uma fonte de água viva (Jo 4.10; 7.38), fá-lo produzir muitos frutos (Jo 15.5) e o desejo que todos conheçam a salvação que há em Cristo (Mt 5.20; Lc 4.19; At 5.42; 20.27; 1 Co 9.16).

A REDENÇÃO ETERNA
Uma das principais conquistas da morte de Cristo foi ela promover a redenção, ou nos redimiu, do verbo grego lytron,67 que significa libertar do cativeiro, da escravidão ou da condenação da morte através do pagamento de um preço de resgate. Dessa forma, redenção tem um duplo sentido: pagar o preço e dar a liberdade, sendo que a morte de Jesus pagou o preço e libertou o pecador (Mt 10.28). Redenção é o ato de redimir ou remir, que significa libertação, reabilitação, reparo e salvação. Através de um valor pago em dinheiro, adquire-se algo de novo — é o ato de resgatar, de tirar do poder alheio, do cativeiro. É estabelecer um recurso para salvar uma pessoa de uma situação de extrema aflição. É livrar-se de um passado sombrio e das penas do Inferno.
Os seres humanos são escravos do pecado e fazem tudo o que o pecado determina que eles façam. Eles estão presos e impossibilitados de, por si só, serem livres dessa situação. O pecado normalmente é concebido como falha moral e ética — como errar o alvo proposto por Deus —, mas seu conceito vai muito além disso. Ele é o estado de alienação (separação) entre Deus e a criatura, presentes na expulsão do Paraíso, na hostilidade entre o ser humano e a natureza, na constante perversão da imagem de Deus no ser humano (Rm 1.22-25), transformando-a em ídolos, na procura de desejos distorcidos e prejudiciais para si e para os outros. O homem não se contenta com a condição de criatura e quer ser igual a Deus (Gn 3.5) e ainda adorar ídolos (Rm 1.23-25).
O pecado causa muitas feridas e traz sofrimentos dolorosos (Sl 31.9-10; 51.1-6), dor e morte ao ser humano, condição esta degradante e muito deprimente. Em síntese, pecado é tudo aquilo que prejudica o homem. O pecado que se comete não fere a Deus ou diminui o seu poder. O Senhor jamais quis isso para o homem, o que lhe faz sentir tristeza pelo pecado (2 Co 7.10). O pecado é o ato pessoal de afastamento de Deus, trazendo angústia e uma propensão à tragédia sobre o ser humano, sem que ele nem mesmo tenha consciência clara desse estado. Ele precisará da “luz dos gentios” (Cristo, conforme Is 9.2; 42.6; 49.6) iluminando sua mente para discernir sua condição, e confiando em Cristo para resolver essa situação (Rm 1.17) e encontrar paz (Ef 2.16).
O que caracteriza o pecado não é meramente a desobediência à Lei, mas, sim, o fato de os atos pecaminosos expressarem a alienação (inimizade, conforme Ef 2.16) do ser humano em relação a Deus (2 Co 5.18), ao próximo (Mt 5.24) e a si mesmo. A única forma de vencer a alienação é aplicar em tudo a lei do amor, que, segundo Jesus, é o resumo da Lei. Assim, o pecado é vencido aplicando-se contra ele as palavras de Jesus; e a angústia é vencida no amor, como escreveu João: “No amor, não há temor [medo, angústia]; antes, o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor” (1 Jo 4.18).
Através da redenção de Cristo, o dominador (pecado — Jo 8.34; 7.14) que escravizava não tem mais poder sobre o antes dominado (pecador). Ele derramou seu próprio sangue para sermos redimidos (Rm 3.24; Ef 1.7). A redenção praticada por Cristo, por causa do elevado preço envolvido, é motivo para o crente glorificar a Deus (1 Co 6.20), pois sua vida agora demonstra que ele não está mais aprisionado na escravidão de outrora. Os privilégios da redenção incluem o perdão dos pecados (Ef 1.7), a justiça (Rm 5.17), o Reino e a vida eterna (Ap 5. 9,10). Paulo escreveu que, antes de aceitarmos a Cristo, éramos “escravos do pecado” (Rm 6.17), mas a cruz de Cristo possibilitou a libertação dos escravos desse poder de morte (Rm 6.23). Prisioneiros de guerra poderiam ser libertos através do pagamento de um resgate, assim como escravos poderiam ser soltos através de um resgate; assim, a liberdade é adquirida através de um valor pago que cobre o valor do redimido.
A redenção tem um significado triplo, que pode ser: 1) pagar o preço do resgate (Hb 9.12); 2) remover o pecador do mercado de escravos (Gl 3.13); e 3) livrar completamente um escravo ou prisioneiro, dando liberdade completa e definitiva (Cl 1.14). A redenção de escravos na antiguidade poderia ter conotações variadas, mas o preço pago por Cristo efetuou as três condições acima juntas para nós.
Há um incrível poder na cruz de Cristo. Poder para despertar a consciência mais adormecida e derreter o coração mais duro; para purificar o impuro; para reconciliar aquele que está afastado, restaurando-o à comunhão com Deus; para redimir o prisioneiro de suas algemas e levantar do lixo o mendigo; [...] para transformar nossas personalidades instáveis à imagem de Cristo. [...] Tudo isso faz parte da salvação que Deus opera nos homens e mulheres através do kerygma de Cristo crucificado. A palavra da cruz é poder de Deus” (1 Co 1.18).68
Segundo afirmação bíblica, Cristo não nos redimiu “nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção” (Hb 9.12). Portanto, a redenção é a libertação de um escravo ou livramento de algum mal mediante um resgate (Mt 20.28). Nessa redenção, “Cristo nos resgatou da maldição da Lei” (Gl 3.13); da própria Lei em si (Rm 6.14; 7.4); do poder do pecado (Rm 6.2,6); de Satanás (Hb 2.14-15);69 e dos males oriundos da pecaminosidade, da corrupção humana e do corpo mortal (Gl 1.4).70 Assim, Ele “se deu a si mesmo em preço de redenção por todos” (1 Tm 2.6).
Para diferenciar os vários aspectos da salvação quanto ao seu significado, podemos afirmar que “a expiação é do pecado do pecador; a redenção é da pessoa do pecador; e a propiciação tem a ver com Deus em relação ao pecado já perdoado,71 pois agora sua ira não existe mais. Numa sequência lógica, porém não cronológica — pois a redenção (a obra de salvação) de Cristo é composta de um evento único —, podemos afirmar que a obra vicária (substitutiva) de Cristo, na qual Ele tomou nosso lugar, possibilita a expiação (cobrir o pecado). Estando o pecado coberto, existe a possibilidade da propiciação (remover a ira pelo pecado), pois Deus agora já não enxerga o pecado, mas, sim, a justiça de Cristo. Portanto, isso não fere sua santidade, que, por sinal, possibilita a reconciliação (reatar o relacionamento quebrado pela alienação do pecado).72 Duffield e Cleave resumem esses aspectos da seguinte maneira:
Quando falamos [da morte de Cristo] como vicária, pensamos em substituição; quando falamos de expiação, pensamos em cobertura; como propiciação, pensamos em apaziguamento; como reconciliação, pensamos em reatamento da amizade; e como resgate, pensamos em redenção.73
A condição de redimido não traz apenas benefícios para o crente no tempo presente, mas também é a garantia da vida eterna, de morar para sempre com Cristo e de desfrutar do Paraíso celestial, algo somente possível para o crente através da morte de Cristo, que nos proporciona a certeza da salvação eterna. Portanto, a abrangência de sua morte invade a vida eterna, extrapolando as dimensões terrenas, temporais e espaciais.
A IMPORTÂNCIA DA RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO
De acordo com as Escrituras, Jesus Cristo “ressuscitou para nossa justificação” (Rm 4.25). Assim, tanto sua morte quanto sua ressurreição complementam uma a outra, e uma não poderia haver sem a outra para que a obra fosse completa. Se não tivesse ressuscitado, Ele não passaria de um mártir cristão como tantos outros. “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1 Co 15.17). Sua ressurreição também é a garantia do perdão dos pecados: “[...] Se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10.9).
O novo nascimento do crente fundamenta-se na ressurreição de Jesus: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1 Pe 1.3). A ressurreição de Jesus prova a grande força do poder de Deus (Ef 1.19-20) e que nós, crentes, também seremos ressuscitados (1 Ts 4.14; 2 Co 4.14), pois a morte foi vencida através de sua ressurreição (1 Co 15.54-57; Hb 2.14).
A ressurreição de Cristo atesta o fato de que Ele é Filho de Deus (Rm 1.3- 4). O apóstolo Paulo afirma que, se ele não tivesse ressuscitado, a pregação seria vãmente inútil (1 Co 15.14), pois o túmulo vazio deu certeza aos discípulos de que Ele era o Filho de Deus e que o evangelho era a verdade para a qual eles deram suas vidas. Se Ele não tivesse ressuscitado, nossa fé seria inútil (v. 14); os apóstolos teriam sido falsas testemunhas (v. 15); os crentes continuariam em seus pecados (1 Co 15.17); e os que morreram pereceriam no Inferno (vv. 18-19). Todavia, eles foram testemunhas oculares de sua ressurreição (At 1.21-22).
Tanto o nascimento de Jesus quanto sua ressurreição são fatos milagrosos. Dessa forma, foi o milagre da ressurreição de Jesus que deu coragem aos discípulos amedrontados e escondidos por causa de sua morte. Eles encheram-se de ousadia para pregar o evangelho e virar o mundo de então de cabeça para baixo.

Extraído do livro: A obra da Salvação.
Por: Claiton  Ivan Pommerening.
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