Segunda - At 2.1-4 – LBA - A descida do Espírito no dia de Pentecostes.

O comentário abaixo foi extraído do livro comentário bíblico pentecostal.
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Sinal: Os Discípulos São Cheios com o Espírito Santo (2.1-4). No Dia de Pentecostes, os discípulos estão orando e esperando, prontos para serem batizados com o Espírito. Uma de suas características surpreendentes é a unidade. Lucas já descreveu que eles estão unidos em oração, sugerindo que eles têm uma mente e propósito (At 1.14). O Dia de Pentecostes começa com eles “todos reunidos no mesmo lugar” (At 2.1) — muito provavelmente no templo onde eles se reuniam diariamente (Lc 24.53; At 2.46; 5.42; cf. At 6.13,14). Devido ao contexto, eles não estão meramente no mesmo lugar, mas estão em comunhão uns com os outros. Seu verdadeiro senso de comunidade centraliza-se no conhecimento pessoal que eles têm do Cristo ressurreto e da devoção para com Ele.
Quando o Dia de Pentecostes desponta, o tempo de orar e esperar terminou para estes cento e vinte discípulos. A princípio, há um som sobrenatural vindo do céu, como um vento violento. A medida que o som enche a casa (o templo) onde eles estão sentados, línguas como fogo pousam sobre os presentes. Sinais milagrosos introduzem o Dia de Pentecostes como no monte Sinai (Êx 19.18,19), em Belém (Mt 1.18—2.12; Lc 2.8-20) e no Calvário (Mt 27.51-53; Lc 23.44). O vento e o fogo enfatizam a grandeza da ocasião e são evidências audíveis e visíveis da presença do Espírito — o som do vento poderoso significa que o Espírito Santo está com os discípulos, e as chamas de fogo em forma de língua que posam em cada um deles são manifestação da glória de Deus, acrescentando esplendor à ocasião.
Os relatos posteriores de enchimento com o Espírito em Atos não sugerem que o som do vento e as línguas de fogo ocorrem de novo. Estes sinais são introdutórios, somente para aquela ocasião. O sinal constante e recorrente da plenitude do Espírito em Atos é falar em outras línguas (At 10.46; 19-6). No Dia de Pentecostes, Pedro declara que Cristo derramou o que as pessoas vêem e ouvem (At 2.33). Falar em línguas (ou glossolalia)—um sinal externo, visível e audível — marca a dotação dos discípulos com poder sobrenatural, isto é, o fato de eles serem cheios com o Espírito.
O verbo traduzido por encher (pimplemi), usado em Atos 2.4, está estreitamente ligado como Espírito(Lc 1.41,67; At4.8,31; 9.17; 13-9). Este verbo é usado por Lucas para indicar o processo de ser ungido com o poder do Espírito para o serviço divino. Ser cheio com o Espírito significa o mesmo que ser batizado com o Espírito ou receber o dom do Espírito (cf. At 1.5; 2.4,38).

O Espírito Santo habilita os discípulos a “falar em outras línguas”. Falar em línguas não é meramente questão de vontade humana, pois é o Espírito que inicia a manifestação. Em plena submissão ao Espírito (“o Espírito Santo lhes concedia”), eles falam e agem conforme o Espírito os conduz. Tais expressões vocais não são fala estática ou mera algaravia; mas, como o termo “falar” (apophthengomai) sugere, elas são poderosas e capacitadoras (cf. At 2.14; 26.25). Este verbo se refere no Antigo Testamento grego à atividade de videntes e profetas que reivindicam inspiração divina (Ez 13.9,19; Mq 5.11; Zc 10.2) e indica uma proclamação divinamente inspirada.
As línguas no Dia de Pentecostes podem ser corretamente descritas como proféticas e confirmam o padrão de Atos 2.17,18: “Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão”. No batismo com o Espírito, declarações inspiradas originam- se com o Espírito Santo. Os crentes são porta-vozes do Espírito, embora permaneçam em pleno controle de suas faculdades. O Espírito respeita a liberdade e busca a cooperação deles. Ele fala por meio deles, mas eles estão falando ativamente em línguas e podem parar à vontade. Por exemplo, Pedro fala em línguas, mas pára quando se dirige à multidão. Assim a manifestação de línguas pode ser entendida como resposta e obediência ativas ao Espírito Santo.
A experiência dos discípulos no Dia de Pentecostes tem um significado quádruplo.
1) A principal característica do batismo com o Espírito é primariamente vocacional em termos de propósito e resultado. Como nos tempos do Antigo Testamento, a unção com o Espírito é primariamente vocacional, em vez de ser salvadora (i.e., que leva à vida eterna). O batismo com o Espírito não salva ou faz da pessoa um membro da família de Deus; antes, é uma unção subsequente, um enchimento que equipa com poder para servir. No Dia de Pentecostes, os discípulos se tornam membros de uma comunidade carismática, herdeiros de um ministério anterior de Jesus. Eles são iniciados num serviço capacitado pelo Espírito e dirigido pelo Espírito para o Senhor.
2) Falar em línguas é o sinal inicial do batismo com o Espírito. Serve como manifestação externa do Espírito e acompanha o batismo ou imersão no Espírito. Para Pedro, o sinal milagroso demonstra a plenitude do Espírito. Ele aceita línguas como a evidência de que os cento e vinte foram cheios com o Espírito. Como sinal inicial, as línguas transformam uma profunda experiência espiritual num acontecimento reconhecível, audível e visível. Os crentes recebem a certeza de que eles foram batizados com o Espírito. O próprio Jesus não falou em línguas, nem mesmo no rio Jordão. Sua unção especial foi normativa para seu ministério, mas o derramamento do Espírito em Atos 2 é normativo para os crentes. A distinção entre Jesus e os crentes é que Ele inicia a nova era como Senhor.
3) As línguas proporcionam aos discípulos os meios pelos quais eles louvam e adoram a Deus. Estes discípulos falam em línguas que nunca aprenderam, mas ao celebrarem os trabalhos poderosos de Deus elas são completamente inteligíveis aos circunstantes (v. 11). Todos os que testemunham o que está acontecendo reconhecem que os discípulos estão louvando a Deus. Em vários idiomas, eles magnificam e agradecem a Deus pelas grandiosas coisas que Ele fez.

4) Falar em línguas é sinal para os ouvintes descrentes (cf. 1 Co 14.22). As palavras de louvor nos lábios dos discípulos servem como sinal de julgamento para os incrédulos. Com base na manifestação milagrosa, Pedro declara: “Saiba, pois, com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (At 2.36). Falar em línguas é o meio pelo qual o Espírito Santo condena os judeus por terem crucificado Jesus e por serem incrédulos. Tanto quanto a evidência inicial do batismo com o Espírito, as línguas podem ser sinal do desgosto de Deus.

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