Subsídio Lição 05 Jovens 3º Trim 2017 - ANSIEDADE, A ANTECIPAÇÃO DO TEMPO


“Nossa ansiedade não esvazia os sofrimentos do amanhã, mas apenas esvazia as forças de hoje.”

— Charles H. Spurgeon

A ansiedade, esse estado emocional que atinge milhões de pessoas ao redor do mundo, já foi denominada de “a emoção oficial da nossa época”, o “mal do século”, “o fenômeno mais penetrante do nosso tempo”, dentre outros. O fato é que qualquer pessoa pode padecer de ansiedade.
Os estudos sobre isso são abundantes. Mas o que pode ser considerado ansiedade? O conceito mais admitido na atualidade é de autoria do psiquiatra australiano Aubrey Lewis, que, em 1967, aduziu a ansiedade como “um estado emocional com a qualidade do medo, desagradável, dirigido para o futuro, desproporcional e com desconforto subjetivo”.

O século XXI, inequivocamente, pode ser considerado como a era da ansiedade. Os homens fazem a antecipação do futuro, de maneira irracional, cheios de medos, mesmo não existindo um fato contundente objetivo iminente que arrime tal receio.

Esse medo irracional, essa preocupação exacerbada, marca notadamente as pessoas que não têm intimidade com Deus, pois está escrito que “no amor não há medo, mas o perfeito amor lança fora o medo [...]” (1 Jo 4.18, TB10). Assim, conhecendo a Deus, que é Amor, a pessoa excluirá o medo, e não haverá espaço para brotar a ansiedade.

O sentimento de medo é uma das armas poderosas que Satanás utiliza para desestabilizar e destruir as pessoas. C. S. Lewis, com perspicácia contumaz, expõe os conselhos de um velho demônio (Fitafuso) ao seu 1 REVISTA SUPERINTERESSANTE. Sobre a Ansiedade. Disponível em: <http://super.abnl. com.br/ciencia/sobre-a-ansiedade >. Acesso em: 9/8/2016.


sobrinho (Vermebile), desnudando a estratégia do inferno, o qual arrazoa que “nada é mais eficaz que o suspense e a ansiedade para proteger a mente de um ser humano contra o Inimigo (neste caso, Deus). [...] nossa tarefa (a dos demônios) é fazê-los pensar constantemente sobre o que lhes poderá acontecer”. Mais adiante, Fitafuso conclui a abordagem dizendo que “é fácil manipular o medo quando os pensamentos do paciente são desviados da causa do seu medo para o medo em si [,..]”.Que coisa interessante! C. S. Lewis compreendeu que os demônios sugerem que as pessoas vivam em contínuo medo, como se isso fosse um estado de espírito, ou a própria cruz que cada um tem de carregar, e dessa forma o indivíduo não lutará contra tal sentimento, tornando-se prisioneiro na masmorra da emoção.

Esse é o ponto perigoso. O medo, como um estado de espírito, funcionará como uma arma autodestrutiva, que se tornará mais relevante que o amor e a fé. Um impedimento ao crescimento espiritual. Um obstáculo às mudanças vindas de Deus. Por isso, o medo como estado de espírito pode arruinar todos os sonhos, destronar todos os ideais, apequenar a alma.

Morrie Schwartz, no final da vida, demonstrou que entendeu corretamente como se relacionar com o medo, esse inconveniente “visitante” que recorrentemente retorna, mas que nunca pode ser levado em consideração, nem jamais deve assumir o controle da situação. Ele disse:
“Se deixarmos o medo lá dentro, se o vestirmos como quem veste uma camisa, podemos dizer: ‘Muito bem, é só medo, não vou deixar que ele me domine. É só medo e nada mais’”.3 Assim, o professor Morrie Schwartz descreveu corretamente o modo como enfrentar os temores diários. “É só medo e nada mais”. Vida que segue. Ademais, como dizia Charles Spurgeon, “nossa ansiedade não esvazia os sofrimentos de amanhã, mas apenas esvazia as forças de hoje”.

Por isso, a ansiedade, esse deplorável “estado emocional” caracterizado, sobretudo, pela presença do medo quanto ao futuro, não é compatível com quem está cheio do Espírito Santo. Jesus, por exemplo, sempre enfrentou os maiores obstáculos corajosamente, sem temer, pois confiava em Deus, que expulsa todo o medo. Ele disse aos discípulos: “Eu afirmo a vocês, meus amigos: não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas depois não podem fazer mais nada” (Lc 12.4, NTLH).
Dessa forma, o Senhor estava blindando seus seguidores da ansiedade, pois ela só sobrevive na ambiência do medo. A situação é tão séria, que a Bíblia diz que os “medrosos” não entrarão no Reino de Deus.

Nesse"sentido, o Senhor ainda contou a parábola em que um homem, por medo, enterrou os talentos emprestados pelo seu patrão (Mt 25.24,25), sendo por tal razão severamente punido. Assim, Jesus estava outorgando aos discípulos a visão correta... Nutrindo-os da ousadia do Espírito Santo para enfrentar os desafios da vida cristã. Ele estava incutindo-lhes esperança e fé. Uma linguagem própria do Espírito Santo.
Nunca desanime, pois sempre haverá um final feliz para quem confia em Deus! Não temas. Dias melhores virão.

I. 0 Drama da Ansiedade

Um discurso sobre a ansiedade

A ansiedade é, sem dúvida, o mais irracional dos sentimentos. Ela torna a pessoa inquieta, antecipando a dor de uma “esperança demorada”, tornando fraco o coração (Pv 12.25; 13.12;), sem saber, sequer, se o episódio receado acontecerá. O pastor Claudionor Andrade assim define ansiedade: “[Do lat. ansietatem, aflição, inquietação, preocupação] Estado de angústia que induz os seres humanos a projetar — no futuro — perigos irreais, nascidos, via de regra, das interrogações do dia a dia”.

Esse sentimento de antecipação dos fatos da vida está presente em muitas pessoas, trazendo sérios efeitos colaterais, por não gerenciarem eficazmente seus pensamentos, permitindo que o medo conquiste todo o território emocional, somando sensações muito desagradáveis. O psicanalista Augusto Cury corrobora que “há muitas pessoas que sofrem por antecipação. Imaginam problemas que não aconteceram e sofrem como se já tivessem acontecido. Não sabem gerenciar sua ansiedade e pensamentos antecipatórios”.

Entretanto, para quem vive intimamente com Deus, a ansiedade não tem vez. Observe-se o exemplo de um grande homem de Deus chamado George Müller, o qual realizou uma obra extraordinária na Inglaterra no século XIX, cuidando de milhares de órfãos sem nunca pedir nenhum recurso financeiro a qualquer pessoa. Confiava todas as suas necessidades pessoais e do orfanato tão somente a Deus, buscando-o constantemente em oração. Nos últimos dias de sua vida de fé, Müller pregou um sermão em março de 1896, baseado no Salmo 77, abordando a crise de incredulidade do salmista. Nessa pregação expositiva, trouxe à tona o tema “ansiedade”, mencionando que ela fez o salmista perder o sono, não lhe permitindo ter “repouso do coração”. Por fim, o salmista, no clímax da angústia, disse Müller, observou que o problema estava nele e não em Deus, daí porque reconheceu: “Esta é a minha enfermidade”.

George Müller, ao longo da vida, nunca permitiu que essa doença da alma denominada ansiedade lhe roubasse o “repouso do coração”.
Sempre navegou pelas águas das incertezas da vida terrenal com uma sólida fé em Deus. Sua alma não se angustiou por antecipação, mas vivia um dia de cada vez, durante mais de sessenta anos em que manteve, pela fé, um orfanato que chegou a ter mais de duas mil crianças.

Sem dúvida, é preciso cada ser humano travar uma árdua batalha em sua própria alma, cotidianamente, para conseguir viver acima das circunstâncias, descansando nos braços eternos do Altíssimo.

Causas
Jesus identificou que a causa primacial da ansiedade é a falta de confiança em Deus, ao mencionar (Mt 6) que é preciso confiar em Deus como fazem os pássaros e os lírios do campo, e abandonar o hábito, como fazem os que não conhecem a Deus, de querer “antecipar o tempo” — ansiedade. Assim, a partir da falta de uma fé sólida, a ansiedade pode ser o ponto alto das emoções, e isso será terrível. Um grande mal a tirar o “repouso do coração”.

Nesse sentido, R. N. Champlin concorda, ao afirmar que a ansiedade “pode ser evitada pela fé” e que ela “não se coaduna com a vida cristã, porque nega essencialmente o poder da providência divina”.7 Dessa forma, a ansiedade tem origem numa espiritualidade rasa. A partir daí, ou seja, partindo dessa realidade, a psicologia poderá elencar as causas dessa terrível enfermidade da alma.

O pastor Wagner Gaby concorda que a falta de fé abre as portas para a ansiedade e que, para ninguém sofrê-la, basta somente confiar decisivamente em Deus, nos moldes de Mateus 6.33. Ele apresenta, ainda, como causas para a ansiedade “os acontecimentos veementes e pavorosos” que ocorrem em toda a parte, as necessidades financeiras, o medo de enfermidades, medo de rejeição, medo de desemprego, falta de autoestima,
dentre outras.8 Sem dúvida, as causas detectáveis são abundantes e podem variar de pessoa para pessoa. Uma coisa, porém, é certa: quem confia e espera em Deus, não busca viver uma antecipação do tempo, mas vive um dia de cada vez, experimentando o maravilhoso cuidado do Salvador.

Consequências

São inúmeras as consequências da ansiedade, as quais variam em cada indivíduo, de acordo com a intensidade do drama emocional.
Podem ser elencadas: estresse, estafa, fraqueza, desânimo, perda do apetite, gula, insônia, ataque de nervos, palpitações cardíacas, náuseas, sudorese, perda de memória... É possível também identificar como sintomas atrelados à ansiedade condutas como roer unhas, bater os pés, mexer as mãos constantemente e, inclusive, o aparecimento do excesso de peso, pois quando uma pessoa está ansiosa costuma comer constantemente, mesmo sem sentir fome. Além do mais, a ansiedade pode gerar, em longo prazo, até problemas físicos, as doenças psicossomáticas, que são “curadas” à proporção que a ansiedade desaparece!
Os danos causados pela ansiedade, portanto, podem ter consequências bastante amplas e graves.

Os estudiosos dividem a ansiedade em várias categorias: normal e neurótica, moderada e intensa, aguda e crônica. Ainda são considerados como tipos de ansiedade o Transtorno de Estresse Pós-Traumático e a Síndrome do Pânico, essa última, segundo estudos recentes, recebe a influência de aspectos psicológicos e também biológicos. Entretanto, aqui, não será abordada cada segmentação, com conceitos e individualizações, dessa “síndrome da antecipação do tempo” — a ansiedade. O foco será conhecê-la de uma forma geral, saber do que se trata e levar o leitor a encher-se de fé, a fim de que não reproduza o padrão de pensamento do mundo, que tanto danifica o funcionamento da “máquina humana”, o templo do Espírito Santo.

II. Um Jeito de Ver a Vida

A filosofia do mundo

A ansiedade é a filosofia do mundo. Por meio, dela as pessoas declaram, ainda que inconscientemente, que Deus não é o Sumo Bem.
Com a ansiedade, os momentos de oração rareiam, a leitura da Bíblia torna-se menos atrativa e até a frequência aos cultos pode diminuir.
Tudo isso são efeitos colaterais desse grande mal.

Não é à toa que Matthew Henry argumenta:

Dificilmente há um pecado contra o qual o nosso Senhor Jesus advirta mais ampla e intensamente os seus discípulos, ou contra o qual Ele os arme com maior variedade de argumentos, do que o pecado de cuidados que perturbam, distraem e trazem a desconfiança em relação às coisas da vida. Esta ansiedade é um mau sinal, que indica que o tesouro e o coração de uma pessoa estão na terra [,..]”.9

Assim, a ansiedade, a filosofia do mundo, apresenta-se completamente antagônica aos postulados da Bíblia, os quais ensinam que o Senhor cuida do seu povo e, por tal razão, centenas de vezes o Altíssimo disse aos seus filhos: “não temas”, porque é o Senhor quem provê até os mínimos detalhes da vida de cada pessoa que lhe serve. Nesse diapasão, C.S. Lewis diz que “quando ensinamos uma criança a escrever, seguramos-lhe a mão, ajudando-a a desenhar as letras. Ou seja, ela só pode formar as letras porque nós as formamos. Nós amamos e raciocinamos porque Deus ama e raciocina e, enquanto isso, segura a nossa mão”.10 11

Assim, seguindo o entendimento do excelente professor irlandês, Deus interage com os homens, segurando-os, ensinando-os, amando-os; todavia, a ansiedade surge a partir de ideias distintas, decorrentes de atribuir a Deus, supostamente, falta de interesse pela vida dos seres humanos. Dessa forma, ao utilizar esses raciocínios típicos do mundo, o povo de Israel fez um bezerro de ouro (Êx 32.1), Saul sacrificou precipitadamente (1 Sm 13.8-10), os amigos de Davi queriam apedrejá-lo (1 Sm 30.6) e Marta reclamou com Jesus (Lc 10.40,41).

O Príncipe da Paz, ao palmilhar por este mundo, preveniu fortemente seus discípulos contra essa sensação interna de apreensão, mencionando o termo “estar inquieto/preocupado” por seis vezes em dez versículos (Mt 6.25-34), descrevendo que homens que não conhecem ao Eterno sofrem ansiedade sobre a fome, sede e a falta de roupas (vv. 25,31,32).
A Bíblia, porém, orienta que ninguém esteja ansioso por coisa alguma (Fp 4.6) e que a ansiedade, como um manto velho, deve ser lançada aos cuidados de Deus (1 Pe 5.7) — o verbo usado significa literalmente lançar, jogar fora, no mesmo sentido das palavras do SI 55.22). Deus sempre tranquiliza seus filhos dizendo: “não te deixarei, nem te desampararei” (Dt 31.8; Js 1.5; Hb 13.5).

A filosofia dos passarinhos

Diferentemente do jeito de pensar daqueles que não conhecem ao Senhor, os pássaros, conforme disse Jesus em Mateus 6.26, ainda que não possuam qualquer garantia de sobrevivência no futuro, não encaram a vida “se preocupando com provisões, como as pessoas se preocupam”.
Ninguém precisa lhes explicar que “Deus os sustenta”.11 Eles não têm a menor dúvida quanto a isso!

É maravilhoso observar que os passarinhos utilizam a filosofia do Reino de Deus para viver. Como bem disse Martin Luther King, “mesmo as noites totalmente sem estrelas podem anunciar a aurora de uma grande realização”; e os pássaros parecem entender isso. Talvez, por tal razão, eles voem e cantem livremente, a qualquer tempo, pois nunca estão desmotivados em seguir adiante, visto que não possuem nenhum obstáculo psicológico que os deixe aprisionados no cárcere das emoções negativas. Voam e cantam porque não receiam os fatos do amanhã, nem buscam antecipá-los. Vivem um dia de cada vez. Eles têm paz.

Ao que tudo indica, Jesus estava utilizando a filosofia mencionada por Jó: “[...] pergunta agora às alimárias, e cada uma delas to ensinará; e às aves dos céus, e elas to farão saber” (Jó 12.7). Assim, o Senhor mandou seus discípulos analisarem como os pássaros vivem, explicando que as aves não plantam, não colhem e nem estocam, porém nunca se ouviu falar que sequer uma delas, em seu habitat, tenha morrido de fome! Os pássaros livres na natureza morrem por causa de predadores, doenças, idade avançada, mas não por falta de comida. Está escrito que o Senhor “dá aos animais o seu sustento e aos filhos dos corvos, quando clamam” (SI 147.9). É possível, por isso, parafrasear o rei Davi (SI 37.25), ao dizer “sou velho, já fui moço, mas nunca vi um pássaro desamparado, nem seus filhotes morrerem por falta de pão”.

Os pássaros cumprem o propósito para o qual o Criador os fez e sabem que, com isso, terão provisões diárias. Simples assim. E qual é o papel deles? Talvez, secundariamente, equilibrar o ecossistema evitando a proliferação de parasitas e ampliar a disseminação de espécies da flora, mas a função primordial, sem dúvida, é louvar a Deus! Não existe algo mais nobre. Eles são os cantores do Reino, não obstante todos os seres também louvem ao Senhor (SI 150.6).

Embora os pássaros sejam exímios cantores, não é deles que Deus extrai o perfeito louvor, mas dos homens que, como criança, aproximam-se do Todo-Poderoso (Mt 21.16). Assim, os pássaros, e consequentemente o louvor que eles entoam, não são tão importantes quanto os servos de Deus e os louvores que eles cantam. Diante disso Jesus questionou: “Vocês não valem muito mais que pássaros?”. Que argumento poderoso!
O Senhor estava dizendo: “Comparem, reflitam... Vale a pena confiar em mim, como fazem os passarinhos”.


A filosofia dos lírios do campo

Jesus determinou que os discípulos meditassem também sobre os lírios do campo, porque a filosofia de vida deles era extraordinária e tinha muito a ensinar. Eles, diferentemente dos pássaros, viviam poucas horas e não ofereciam nenhum louvor audível, sequer trabalhavam, porém Deus lhes concedia crescimento exuberante para embelezar os campos e exalar fragrância agradável. Uma vida curta, porém com propósito impressionante. Nessa rápida existência, Deus os vestia com uma roupa tão especial que nem mesmo o rei Salomão igualava-se a eles em nobreza (Mt 6.28-30).

Matthew Henry, ao se referir à filosofia dos lírios do campo, assim se pronuncia:

Considere como os lírios são frágeis; eles são a erva do campo. [...] são livres de preocupação; eles trabalham não como os homens, para conseguir a roupa, mas como servos, para ganharem a sua aparência característica. [...] São belos e finos; como eles crescem... Confie naquele que veste os lírios, para lhe prover o que você vestirá. [...] Se Ele veste a erva que vive tão pouco tempo, muito mais vestirá você que foi criado para a imortalidade.

Os lírios do campo, mesmo frágeis, fininhos e sem proteção, não ficam atormentados quanto ao futuro, pois eles são alimentados por Deus através do maravilhoso processo da fotossíntese. Ademais, o Senhor provê para eles uma roupa especial, que os mantém com uma dignidade e elegância tais nos prados como nenhum governante humano jamais conseguiu ostentar. Deus escolhe as coisas fracas do mundo para confundir as fortes! Ele capricha nos mínimos detalhes na vida animal e vegetal para ensinar aos homens uma faceta do seu maravilhoso caráter:
é um Pai cuidadoso que sustenta todas suas criaturas. Não importa o tempo de vida do projeto, Deus o fará crescer, e Ele mesmo cuidará dos detalhes (Mt 6.30), providenciando o que há de melhor. Quem anda com Deus, portanto, não tem motivos para cometer o pecado da ansiedade.


III. A Terapia de Deus

Dependência de Deus

O Salmo 23 apresenta a terapia de Deus para combater a ansiedade. Começa dizendo que “o Senhor é meu pastor, nada me faltará. Deitar- -me faz [...]” (SI 23.1,2). Com esse pensamento, o medo do futuro cai por terra e é possível descansar em Deus, que se torna a suficiência da alma sedenta. O salmista, ao cantar esse louvor, lançava fora “toda a ansiedade, porque Ele tem cuidado [...]” (1 Pe 5.7).

Com isso, exercita-se na dependência do Senhor, como fazem as aves e os lírios do campo, que é a primeira atitude exigida nessa terapia divina.
Por essa estrada caminharam todos os grandes heróis da fé mencionados na Bíblia, os quais viveram dependentemente do cuidado divino.

Enfrentando os medos

Após estar envolvido pelo terno amor do Salvador, cujo cuidado é perene, o segundo passo é enfrentar os seus medos. “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria [...]” (SI 23.4). O vale da sombra da morte é um lugar comum para todos os viajantes cristãos. É lá onde os receios são enfrentados e vencidos, porque o Senhor caminha junto ao crente. Isso fica claro quando o salmista diz que o medo não pode prevalecer, porque “Tu estás comigo”. Na ambiência do amor, o medo não prevalece (1 Jo 1.4).

Observe-se que aqueles que estão aprimorados em amor e fé, ao serem confrontados com seus medos, criam novas forças, porém os que vivem uma crença superficial fogem. Prova disso é o episódio de Israel contra os midianitas, na época de Gideão (Jz 6—7). Deus disse
que os covardes e medrosos (Jz 7.3) não fossem à batalha. Ao serem confrontados com o maior medo deles — o exército midianita —, 22 mil israelitas desistiram de lutar. Depois, 9.700 outros homens foram dispensados e só permaneceram trezentos fiéis com Gideão — homens de fé, os quais, diante do grave perigo, perderam o medo... Encurralados pelas circunstâncias, permaneceram firmes. Era desses que o Senhor precisava, pois sabia que eles dariam o melhor de suas forças naquela conquista. Interessante que, antes de serem confrontados, os trezentos, durante anos, nada fizeram contra os midianitas que os oprimiam. Mas, agora, livres do medo, tornaram-se campeões de Jeová!

Surpresas de Deus

No contexto do Salmo 23, por fim, encerrando a terapia, o Senhor assegura que o futuro dos seus filhos será muito feliz, pois eles terão “bondade e misericórdia” na Casa de Deus por longos dias. Não há, pois, o que temer. O próprio Deus estará com eles constantemente (Mt 28.20). Na presença do Altíssimo, dias melhores virão.


Corrie Ten Boom, uma cristã holandesa que ficou prisioneira em campo de concentração alemão durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), afirmava: “Não tenha medo de confiar um futuro desconhecido a um Deus conhecido!” Com essa fé, ela sobreviveu ao Holocausto e, encerrada a guerra, pregou em mais de sessenta países falando sobre a experiência de enfrentar o horror da morte pelos nazistas e ser surpreendida, cotidianamente, com a forte presença de Deus ao seu lado. Ela descansou no Senhor estando no mais profundo poço de sofrimento e foi salva da morte iminente na década de 1940, sendo recolhida ao celeiro celestial somente em 1983, aos 91 anos.


Fonte:  LIVRO TEMPO PARA TODAS AS COISAS
Aproveitando as Oportunidades que Deus nos dá
REYNALDO ODILO

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