“ SUBSIDIO TEOLÓGICO LIÇÃO 01 Adulto ” 3º Trim 2017-- INSPIRAÇÃO DIVINA E AUTORIDADE DA BIBLIA

A Bíblia está traduzida atualmente para 2.935 línguas, segundo dados da Sociedade Bíblica do Brasil (A Bíblia no Brasil, nº 252 – agosto a outubro de 2016, Ano 68, p. 16).
Todas essas versões transmitem a mesma mensagem dos antigos escritores bíblicos. Os oráculos divinos entregues a eles foram preservados e estão disponíveis para toda a humanidade. Sua inspiração divina e sua autoridade fazem dela um livro sui generis.
CÂNON E INSPIRAÇÃO
         As palavras “cânon” e “inspiração”, às vezes, significam a mesma coisa. O termo kanōn se origina do vocábulo hebraico qāneh, “cana”, que se usava como “cana de medir” (Ez 40.3, 5; 41.8) e originalmente quer dizer “ vara de medir”. Na literatura clássica, significa “regra, norma, padrão”. Aparece no Novo
Testamento com o sentido de regra moral (Gl 6.16). É também traduzido por “medida” (2 Co 10.13, 15). Nos três primeiros séculos do cristianismo, o termo se referia ao conteúdo normativo, doutrinário e ético da fé cristã. A partir do quarto século, os pais da Igreja aplicaram as palavras “cânon” e “canônico” aos livros sagrados, para reconhecer sua autoridade como textos inspirados por Deus e instrumentos normativos para a vida e a conduta dos cristãos, portanto separados de outras literaturas. Eles constituíram a partir de então uma “lista de livros com autoridade divina”, uma biblioteca que é a nossa medida, a nossa regra de fé e prática. O cânon é, assim, a lista de livros já definidos e reconhecidos como divinos para a vida e a conduta do cristão. Cada um dos livros era reconhecido como inspirado por Deus desde a sua origem, mas a coleção desses escritos
sagrados só aconteceu posteriormente.
         A inspiração divina é chamada de teopneustia, que significa “inspiração divina da Bíblia” (Grande Dicionário Sacconi da Língua Portuguesa) e “inspiração divina das Escrituras – teoria segundo a qual Deus inspirou aos autores bíblicos todas as palavras e todas as ideias” (Grande e Novíssimo Dicionário da Língua Portuguesa, de Laudelino Freire). O Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, de Michaelis, repete as mesmas palavras de Laudelino Freire. O termo “teopneustia” vem da Bíblia: “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (1 Tm 3.16) ou “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil” (ARA). A palavra grega aqui traduzida por “inspirada por Deus” ou “divinamente inspirada” é theopneustos, que vem de theos, “Deus”, e pneō, “respirar”.
Isso significa que a Bíblia é respirada ou soprada por Deus. A construção grega nesse versículo permite ambas as traduções, mas a tradução da Almeida Atualizada é mais precisa, uma vez que a partícula grega kai vem entre os dois adjetivos “divinamente inspirada” e “proveitosa”; também expressa melhor a intenção do Espírito Santo, pois afirma duas verdades sobre a Bíblia: a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa. A
ausência do artigo antes de grafē em pasa grafē teopneustos kai ōfélimos1 não deixa claro se a construção é atributiva, “Escritura divinamente inspirada”, ou predicativa, “[a] Escritura é divinamente inspirada”.
         O termo grego pasa, feminino de pas, “todo, tudo, cada”, afirma que a inspiração das Escrituras é plena, total, por isso afirmamos a nossa fé na inspiração plenária da Bíblia. Mas essa crença não se fundamenta apenas nisso, e o contexto do Novo Testamento nos deixa à vontade nesse sentido. É verdade que no período apostólico a Bíblia da Igreja era o Antigo Testamento (Lc 24.44). O termo “Escrituras”, ou “Escritura” no singular, aparece inúmeras vezes no Novo Testamento como referência específica ao Antigo Testamento ou a parte dele e entre elas podemos citar (Mt 21.42; Mc 12.10/Sl 118.22, 23; Mt 26.56; Mc 15.28/Is 53.12; Lc 4.21/Is 61.1, 2; Lc 24.27).
         A expressão “Toda Escritura” (2 Tm 3.16) não se restringe apenas ao Antigo Testamento; diz respeito também aos escritos apostólicos, ou seja, ao Novo Testamento. A Bíblia inteira é divinamente inspirada, pois a autoridade dos profetas e apóstolos é a mesma. Ambos os grupos de escritores bíblicos aparecem
alternadamente: “para que vos lembreis das palavras que primeiramente foram ditas pelos santos profetas e do mandamento do Senhor e Salvador, mediante os vossos apóstolos” (2 Pe 3.2). Mais adiante, o apóstolo Pedro coloca as epístolas paulinas no mesmo nível nas Escrituras do Antigo Testamento: “Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição” (2 Pe 3.16). O apóstolo Paulo considerava os escritos apostólicos no mesmo nível das Escrituras dos judeus:
“Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário” (1 Tm 5.18). Há aqui duas citações. A primeira vem da lei de Moisés: “Não atarás a boca ao boi, quando trilhar” (Dt 25.4); e a segunda não aparece em parte alguma do Antigo Testamento, mas nos evangelhos: “porque digno é o operário do seu alimento” (Mt 10.10); “pois digno é o obreiro de seu salário” (Lc 10.7). A construção grega revela que o apóstolo está citando o evangelho de Lucas.2 Ambas as frases são chamadas de “Escritura”. Outras vezes Paulo ousa dizer que seus escritos são de origem divina (1 Co 7.40; 2 Co 13.3; 1 Ts 4.8).
         Assim, a frase “Toda Escritura é inspirada por Deus” se refere à Bíblia inteira, aos seus 66 livros. A inspiração da Bíblia é especial e única. Não existe na Bíblia um livro mais inspirado e outro menos inspirado. Todos têm o mesmo grau de inspiração e autoridade.
         A inspiração plenária se refere à totalidade dos 66 livros bíblicos, e a inspiração verbal significa que cada palavra foi inspirada pelo Espírito Santo (1 Co 2.13). Não somente as palavras, mas também as ideias são de origem divina: “porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (1 Pe 1.21). A palavra grega usada aqui para “inspirados” é
o verbo pherō, que significa também “mover, movimentar”. Os escritores bíblicos são homens santos que foram movidos pelo Espírito Santo para falarem da parte de Deus.
         A inspiração verbal não elimina a individualidade de cada autor humano. Qualquer leitor da Bíblia consegue ver sem muito esforço a diferença de linguagem e de estilo em cada livro. Essa diversidade se revela ao comparar um profeta com outro profeta do Antigo Testamento, ou um apóstolo com outro apóstolo do Novo Testamento. Quem ler os profetas Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oseias, Amós ou os apóstolos Pedro, João e Paulo pode observar com clareza meridiana a peculiaridade na estrutura de raciocínio de cada um deles, no seu grau de instrução, no seu convívio, no seu gênio e contexto sociopolítico e religioso. Assim,
a Bíblia revela o aspecto natural da individualidade e o aspecto sobrenatural da inspiração.
CREDIBILIDADE DOS TEXTOS BÍBLICOS
         A quantidade enorme de manuscritos antigos, o grande número de versões em outras línguas e as citações da patrística nos primeiros séculos do cristianismo falam por si como prova da autenticidade dos livros da Bíblia. É assunto que nem mesmo os céticos questionam. Nenhuma obra da Antiguidade apresenta hoje tantos manuscritos hebraicos, gregos, latinos e em outras línguas. Temos hoje em todo o mundo mais de 25 mil manuscritos bíblicos produzidos antes do advento da imprensa no século XV. Em segundo lugar, vem a Ilíada, de Homero, com apenas 457 papiros e 188 manuscritos, perfazendo um total de 645 exemplares. Nenhuma obra da Antiguidade é mais bem confirmada que a Bíblia.
         De todas as obras literárias produzidas na Antiguidade, o manuscrito mais antigo que sobreviveu apresenta um intervalo de 750 anos entre o tal manuscrito e a possível data de sua autoria.
É uma obra de História, de Plínio, o Jovem, historiador romano que viveu entre 61 e 113 d.C. Restaram apenas sete manuscritos, e o mais antigo deles é datado de 850 d. C. Todos os demais, com exceção de Suetônio, também historiador romano, com 950 anos de intervalo o manuscrito mais antigo e a possível data de sua
autoria, apresentam um intervalo superior a mil anos. É o caso de Platão, Tetralogias, sete cópias; e Heródoto, História, oito cópias, entre outros que não são citados aqui por absoluta falta de espaço (MCDOWELL, 2013, pp. 141, 142).
         As descobertas dos rolos do mar Morto revelam a credibilidade e a fidelidade dos textos hebraicos do Antigo Testamento. Com exceção do livro de Ester, todos os outros livros do Antigo Testamento estão representados nesses 800 manuscritos. As 11 cavernas de Uaid Qumran trouxeram à tona cerca 200
manuscritos bíblicos, descobertos entre 1947 e 1964, sem contar outros manuscritos não bíblicos. O primeiro grupo desses manuscritos é datado entre 250 a.C. e 68 d.C., com manuscritos escritos ainda na grafia paleo-hebraica, ou seja, o hebraico arcaico. Julio Trebolle Barrera faz menção de alguns deles: quatro de Levítico, dois de Gênesis, Êxodo e Deuteronômio, um de Números e um de Jó (BARRERA, 1999, p. 263). O segundo grupo é datado entre 70 e 132 d.C., período entre a destruição de Jerusalém e a Revolta de Bar-Cochbar, em Yavne, ou Jâmnia.
         Muitos desses manuscritos não foram produzidos pelos essênios; muitos deles vieram da Babilônia e do Egito. Trata-se, portanto, de textos procedentes de várias épocas e de vários lugares. Quando o alfabeto paleo-hebraico foi substituído pelo alfabeto quadrático, os escribas tiveram de fazer adaptações. O rolo do profeta Isaías, por exemplo, é datado do ano 100 a.C. É exatamente o mesmo texto da Bíblia Hebraica, exceto por uma diferença de apenas 17 letras no capítulo 53.
         As inúmeras profecias são exclusividade das Escrituras Sagradas e provas visíveis de sua inspiração e autenticidade. Muitas delas já se cumpriram em relação a muitos povos, tanto na Antiguidade  como na atualidade. Um exemplo é a queda de Babilônia: “E Babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos
caldeus, será como Sodoma e Gomorra quando Deus as transtornou. Nunca mais será habitada, nem reedificada de geração em geração” (Is 13.19, 20). Essa profecia foi proferida quando a Babilônia estava no apogeu de sua glória. Hoje, no entanto, essa Palavra se cumpre diante de nossos olhos.
         A Bíblia anunciou de antemão a dispersão dos judeus, mas profetizou seu retorno à terra de seus antepassados. Depois de cerca de 1.800 anos na diáspora, os filhos de Israel retornam para sua terra, e em um só dia nasceu uma nação (Is 66.8). Essa Palavra diz respeito à fundação do Estado de Israel logo após a
derrocada do nazismo.
         Não é possível enumerar todas as profecias aqui. Mas destacamos as profecias sobre reis, como Ciro, rei da Pérsia, e Alexandre, o Grande, em Isaías 44.28; 45.1 e Daniel 8.21, 22, além das profecias messiânicas cumpridas em Jesus, desde o seu nascimento de uma virgem, em Belém, conforme Isaías 7.14 e Miqueias 5.2, até a sua ascensão, registrada em Salmos 24.7-10.
Tudo isso faz da Bíblia um livro sui generis, que não se assemelha a nenhum outro e está acima de qualquer outro já produzido no mundo. A Bíblia declara a si mesma como a infalível Palavra de Deus: “a palavra de nosso Deus subsiste eternamente” (Is 40.8) e em fraseologia similar: “mas a palavra do Senhor permanece para sempre” (1 Pe 1.25). É o único livro que se apresenta como a revelação escrita do verdadeiro Deus e com um propósito definido: a redenção humana.
A VERSÃO DOS SETENTA
         A Septuaginta é a primeira tradução do Antigo Testamento hebraico para o grego. O termo “Septuaginta” vem do latim e significa literalmente “septuagésimo”, tendo sido usado pela primeira vez por Eusébio de Cesareia em História Eclesiástica.
Agostinho de Hipona foi o primeiro a chamá-la de a “Versão dos Setenta”, em A Cidade de Deus. O termo “Septuaginta” é uma forma abreviada da expressão latina interpretatio Septuaginta virorum, “a tradução pelos setenta homens”, similar à forma grega katá tou hebdomēkonta, “conforme os setenta”, ou hoi hebdomēkonta, “os setenta”, todos usados por escritores cristãos do segundo século para referir-se ao Antigo Testamento Grego. Hoje é conhecido também pelo nome de “Versão dos Setenta, Versão de Alexandria” e identificado pelos algarismos romanos “LXX”.
         A tradução do Pentateuco do hebraico para o grego aconteceu na metade do século III a.C., por 72 eruditos judeus enviados de Jerusalém para Alexandria; nos séculos seguintes, os outros livros do Antigo Testamento foram traduzidos. Foi um empreendimento cultural sem precedentes na história da civilização ocidental, pois a revelação divina saía do confinamento judaico para se tornar universal. Era o pensamento religioso semita à disposição do Ocidente numa língua indo-europeia.
         Sua influência nos escritores do Novo Testamento foi determinante, servindo de ponte linguística e teológica entre o hebraico do Antigo Testamento e o grego do Novo. Tanto os apóstolos como os antigos escritores cristãos encontraram na Septuaginta uma fonte de conceitos e termos teológicos para expressar o conteúdo e o pensamento cristão. Ela foi usada pelas gerações de judeus helenistas em todas as partes do mundo antigo. Foi a Bíblia adotada pelos cristãos de língua grega, como disse Agostinho no século V: “A Igreja recebeu a versão dos Setenta como se fora única e dela se servem os gregos cristãos, cuja maioria ignora se há alguma outra. Dessa versão dos Setenta fez-se a versão para o latim; é a usada nas igrejas latinas. Serve,
ainda, como fonte importante para o estudo da história da Bíblia Hebraica” (A Cidade de Deus, livro 18.43).
A TRADUÇÃO PARA OUTRAS LÍNGUAS TEM A APROVAÇÃO DIVINA
         O projeto de tradução das Escrituras dos judeus para a língua grega num período em que nem mesmo o cânon estava fixado mostra ser a Bíblia um livro traduzível por natureza, sendo ao mesmo tempo o prenúncio de milhares de línguas para as quais a Palavra de Deus seria traduzida – as primícias de uma grande ceifa de versões em todo o mundo. A Bíblia completa está traduzida em 563 idiomas, o Novo Testamento em 1.334 línguas, e as porções bíblicas em 1.038 línguas. O total é de 2.935 línguas.
São dados publicados pela revista A Bíblia no Brasil citada acima.      É a vontade de Deus que a sua Palavra seja conhecida por todos os povos e nações na sua própria língua. Essa aprovação divina é reconhecida pelo uso do grego na redação do Novo Testamento e pelas inúmeras citações diretas da Septuaginta. Isso mostra que não importa a língua, mas o conteúdo da mensagem. A Septuaginta “no transcorrer dos anos veio a ser o Antigo Testamento por excelência dos cristãos no vasto império romano.
Quando a LXX foi acrescentada à coleção de livros do Novo Testamento era o surgimento de um novo livro, a Bíblia Cristã” (SOARES, 2009, p. 56).



Fonte : livro A razão de nossa fé: assim cremos, assim vivemos / Esequias Soares.
Casa Publicadora das Assembleias de Deus.

O Poder da Palavra

Hebreus 4.12,13 Deus sabe se fazemos ou não todos os esforços possíveis (4.11), e se temos ou não verdadeiramente chegado à fé em Cristo; não há criatura alguma encoberta diante dele.
         Podemos enganar a nós mesmos ou a outros cristãos no tocante à nossa vida espiritual, mas não podemos enganar a Deus. Ele sabe quem nós realmente somos porque a Palavra de Deus é viva e eficaz. A Palavra de Deus não pode ser desprezada nem desobedecida.
         Os israelitas que se rebelaram aprenderam da maneira mais difícil que, quando Deus fala, eles devem ouvir. Ir contra Deus significa encarar o juízo e a morte.
         A Palavra de Deus é viva, transforma vidas, e é dinâmica quando opera em nós.  As exigências da Palavra de Deus requerem decisões. Nós nâo só a ouvimos, mas deixamos que ela molde a nossa vida. Pelo fato de a Palavra de Deus ser viva, ela aplicava-se a estes cristãos judeus do século I, como também se aplica aos cristãos de hoje. A maioria dos livros pode se parecer com artefatos empoeirados colocados simplesmente sobre uma estante, mas a Palavra de Deus, reunida nas Escrituras, vibra com vida.
         A Palavra de Deus penetra através da nossa fachada exterior e revela o que está em nosso interior, no mais profundo de nosso ser. A metáfora da espada de dois gumes retrata a Palavra de Deus que penetra até à divisão da alma, e do espírito... e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração, revelando o que realmente somos por dentro. Nada pode ser escondido de Deus; também não podemos nos esconder de nós mesmos, se estudarmos sinceramente a Palavra de Deus. Ela alcança o nosso interior atravessando a nossa vida exterior, assim como uma espada atravessa a pele.
         Dois pensamentos são apresentados pela frase “todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos de Deus”. (1) Não podemos dar desculpas, justificativas, ou razões – todas as coisas sáo vistas exatamente como são.
         Ninguém pode enganar a Deus. (2) Somos expostos, impotentes e indefesos diante de Deus. A palavra refere-se a um golpe paralisante de um lutador que aplica uma “gravata”.
         A Palavra de Deus penetra como uma espada, expondo-nos a Deus, a quem devemos explicar tudo o que fizermos. Todas as pessoas devem prestar contas a Deus, mas sem aparências exteriores ou tentativas de argumentar. Estas palavras advertem que os crentes devem tomar cuidado para não se desviarem, mas obedecerem a Deus com sinceridade. Deus é o supremo juiz.

         Este versículo pavimenta o caminho para a próxima seção, que descreve Jesus Cristo como o nosso Sumo Sacerdote. Com a nossa vida despida diante de Deus, estaríamos irremediavelmente perdidos sem Cristo. Pelo fato de Jesus ter tomado o nosso juízo e servido como o nosso advogado para com Deus, podemos descansar em segurança na presença de Deus.

ABRAÃO PERSEGUE OS ASSÍRIOS, AFUGENTA-OS, LIBERTA LÓ E TODOS OS OUTROS PRISIONEIROS. O REI DE SODOMA E MELQUISEDEQUE, REI DE JERUSALÉM, PRESTAM-LHE GRANDES HONRAS. DEUS PROMETE-LHE QUE ELE TERÁ UM FILHO COM SARA. NASCIMENTO DE ISMAEL, FILHO DE ABRAÃO E AGAR. CIRCUNCISÃO ORDENADA POR DEUS.

Gênesis 14. Abraão ficou tão comovido com a derrota dos habitantes de Sodoma, que eram seus vizinhos e amigos, e com o cativeiro de Ló, seu sobrinho, que resolveu ajudá-los. Sem retardar um só momento, seguiu os assírios e alcançou-os no quinto dia, perto de Dã, uma das nascentes do Jordão. Surpreendeu-os à noite vencidos pelo vinho e pelo sono e matou grande parte deles. Pôs os restantes em fuga e perseguiu-os todo o dia seguinte até Soba de Damasco. Esse grande feito fez ver que a vitória não depende do grande número, mas da coragem dos combatentes, pois Abraão tinha com ele apenas trezentos e dezoito homens e três de seus amigos quando derrotou aquele grande exército. Os poucos assírios que restaram fugiram para o seu país cobertos de vergonha e de confusão. Assim, Abraão libertou Ló e todos os outros prisioneiros e voltou plenamente vitorioso.
27. O rei de Sodoma veio até ele no lugar a que chamam Campo Real, onde o rei de Salém, que agora é Jerusalém, o recebeu com grandes demonstrações de estima e de amizade. Esse príncipe chamava-se Melquisedeque, isto é, "rei justo". E ele era verdadeiramente justo, pois a sua virtude era tal que, por consentimento unânime, havia sido feito sacerdote do Deus Todo-poderoso. Ele não se contentou em receber penas a Abraão, mas também a todos os seus. Deu-lhes, no meio dos banquetes que realizou, os louvores devidos à sua coragem e virtude e prestou a Deus públicas ações de graças por tão gloriosa vitória. Abraão, por sua vez, ofereceu a Melquisedeque a décima parte dos despojos que tomara dos inimigos, e este aceitou, já o rei de Sodoma, ao qual Abraão ofereceu também parte dos despojos, teve dificuldade em receber a oferta, contentando-se com a parte de seus súditos. Mas Abraão o obrigou a receber tudo, reservando-se somente alguns víveres para os seus homens e uma parte dos despojos para os seus três amigos, Escol, Aner e Manre, que o haviam acompanhado.
28. Gênesis 15. Esse ato generoso de Abraão foi tão agradável aos olhos de Deus que Ele afirmou que não o deixaria sem recompensa, pelo que Abraão respondeu: "E como, Senhor, os vossos benefícios me poderiam dar alegria, pois que não deixarei a ninguém depois de mim que deles possa gozar e possuí-los?"
Ele ainda não tinha filhos. Então Deus prometeu que lhe daria um filho e que a sua posteridade seria tão grande que igualaria o número das estrelas. Ordenou-lhe em seguida que oferecesse um sacrifício, e eis a ordem que ele observou: tomou uma novilha de três anos, uma cabra e um carneiro da mesma idade, que cortou em pedaços, e uma rola e uma pomba, que ofereceu inteiras, sem partir. Antes de erguer o altar, quando as aves adejavam em torno das vítimas, para se alimentar de seu sangue, ele ouviu uma voz do céu vaticinando que os seus descendentes sofreriam durante quatrocentos anos grande perseguição no Egito, mas que triunfariam enfim sobre os seus inimigos, venceriam os cananeus e se tornariam senhores de seu país.
29. Gênesis 16. Abraão morava naquele tempo num lugar chamado Carvalho de Manre, muito próximo da cidade de Hebrom. Como vivia sempre aflito, por ver que sua mulher era estéril, não deixava de rogar a Deus que lhe desse um filho. E Deus não somente confirmou a promessa que lhe fizera, como lhe garantiu ainda todas as outras coisas que lhe havia prometido quando ele fora obrigado a deixar a Mesopotâmia.
30. Sara, então, deu a Abraão uma de suas escravas, de nome Agar, egípcia, a fim de que esta lhe desse um filho. Quando a escrava se sentiu grávida, desprezou a sua senhora e vangloriou-se de que os seus filhos seriam um dia os herdeiros de Abraão. Esse homem justo ficou horrorizado com aquela ingratidão e deixou Sara à vontade para castigar a escrava como bem entendesse. Agar, cheia de dor e de sofrimento, fugiu para o deserto e rogou a Deus que tivesse compaixão de sua miséria. Estava ainda nesse estado quando um anjo ordenou-lhe que voltasse à sua senhora, asseverando-lhe que esta a perdoaria, contanto que Agar reconhecesse a sua falta e aceitasse o castigo que devia receber como justa punição por sua ingratidão e por seu orgulho.
Acrescentou que, se em vez de obedecer a Deus, ela se afastasse mais, pereceria miseravelmente. Todavia, se se submetesse de boa vontade, seria mãe de um filho que um dia haveria de reinar naquela província. Ela obedeceu, pediu perdão à sua senhora, e o obteve, e pouco tempo depois deu à luz um filho, que foi chamado Ismael, isto é, "atendido", para mostrar que Deus atendera às orações de sua mãe.
31. Gênesis 17. Abraão tinha oitenta e seis anos quando nasceu Ismael e noventa e nove anos quando Deus lhe apareceu e disse que Sara teria um filho, o qual se chamaria Isaque, cuja posteridade seria muito grande e da qual nasceriam dois reis, que submeteriam pelas armas toda a terra de Canaã, desde Sidom até o Egito. E, a fim de distinguir a sua raça de outras nações, mandou circuncidar todas as crianças do sexo masculino, oito dias após o nascimento, de que darei ainda outra razão. E, sobre o que Abraão pediu a Deus, se Ismael viveria, Ele respondeu-lhe que viveria muito tempo e que a sua posteridade também seria muito grande. Abraão deu graças a Deus por esses favores e logo fez-se circuncidar com toda a sua família, tendo já Ismael a idade de treze anos.

OS ASSÍRIOS DERROTAM SODOMA. LEVAM DIVERSOS PRISIONEIROS, DENTRE ELES LÓ, QUE VIERA PRESTAR AUXÍLIO.

Gênesis 14. O império da Ásia achava-se então nas mãos dos assírios, e o país de Sodoma estava tão populoso e tão rico que era governado por cinco reis de nome Bera, Birsa, Sinabe, Semeber e Bela. Os assírios atacaram-nos com grande e poderoso exército, que dividiram em quatro corpos, comandados por quatro chefes. Tendo obtido a vitória depois de sangrento combate, obrigaram os reis de Sodoma a pagar tributo. Estes lhes estiveram sujeitos durante doze anos. No décimo terceiro ano, revoltaram-se. Os assírios, para se vingar, voltaram segunda vez, sob o comando de Marfede, de Arioque, de Codologomo e de Tidal, devastaram toda a Síria, subjugaram os descendentes dos gigantes e entraram nas terras de Sodoma, onde acamparam no vale que tinha o nome de Poços de Betume, por causa dos poços de betume natural que ali existiam, mas que depois da destruição de Sodoma foi mudado num lago que se chama Asfaltite, porque o betume dele sai continuamente aos borbotões. Travou-se grande combate, que foi muito renhido: vários de Sodoma foram mortos e muitos foram feitos prisioneiros, dentre os quais estava Ló, que viera prestar auxílio.

UMA GRANDE CARESTIA OBRIGA ABRAÃO A IR AO EGITO. O FARAÓ APAIXONA-SE POR SARA. DEUS A PRESERVA. ABRAÃO RETORNA PARA CANAÃ E DIVIDE OS SEUS BENS COM LÓ, SEU SOBRINHO.

Gênesis 12 e 13. O país de Canaã foi então assolado por grande carestia, e Abraão, tendo sabido nesse mesmo tempo que o Egito desfrutava grande abundância, resolveu tanto mais facilmente ir para lá quanto lhe era interessante conhecer os sentimentos dos sacerdotes daquele país com relação à Divindade. E, se eles fossem mais bem instruídos do que ele, conformar-se-ia à sua crença, mas se, ao contrário, ele fosse o mais instruído, comunicaria a eles a sua fé. Como Sara, sua esposa, era muito formosa, e sabendo ele da incontinência dos egípcios, e temendo que o rei se apaixonasse por ela e o mandasse matar, fingiu que ela era sua irmã e ensinou-lhe como proceder para evitar esse perigo.
O que ele havia previsto aconteceu. A fama da beleza de Sara espalhou-se logo. O rei quis vê-la e não somente vê-la, como também possuí-la. Deus, porém, impediu a realização do seu mau desígnio por meio de uma peste, que lhe avassalou o reino, e pela revolta dos seus súditos. Por isso o príncipe consultou os seus sacerdotes, para saber de que maneira se poderia aplacar a cólera divina. Responderam-lhe que a violência que ele queria fazer à mulher de um estrangeiro era a causa daquilo. Faraó, espantado com a resposta, perguntou quem era essa mulher e quem era esse estrangeiro. Depois de haver sabido de tudo, pediu grandes desculpas a Abraão, disse-lhe que julgara que fosse sua irmã, e não sua mulher, e que em vez de querer fazer-lhe afronta não tivera outro intento senão contrair aliança com ele. Deu-lhe em seguida grande soma de dinheiro e permitiu-lhe conversar com os homens mais instruídos do reino.
Essa conversa tornou conhecida a sua virtude e granjeou-lhe grande renome, pois apesar de os sábios do Egito serem de sentimentos diversos, impondo essa diversidade uma grande divisão entre eles e Abraão, ele tão claramente lhes deu a conhecer que estavam longe da verdade que eles lhe admiraram mais a grandeza de espírito que o dom de persuadir. Ele ensinou-lhes até mesmo a aritmética e a ciência dos astros, que lhes eram desconhecidas: foi por meio dele que essas ciências passaram dos caldeus aos egípcios e dos egípcios aos gregos.
24. Abraão, ao voltar a Canaã, dividiu o país com Ló, seu sobrinho. Os guardas de seus rebanhos estavam brigados uns com os outros por causa das pastagens. Então ele disse a Ló que escolhesse e tomou para si o que o outro não quis, contentando-se com as terras que estão ao pé das montanhas.
Estabeleceu em seguida a sua moradia na cidade de Hebrom, que é sete anos mais velha que Tanis, no Egito. Quanto a Ló, escolheu ele as planícies que estão ao longo do rio Jordão e próximas da cidade de Sodoma, que estava então em franco progresso, mas que agora se acha inteiramente destruída pela justa vingança de Deus — e nada resta dela, nem mesmo o menor vestígio, como diremos em seguida.

ABRAÃO, NÃO TENDO FILHOS, ADOTA LÓ, SEU SOBRINHO, DEIXA A CALDÉIA E VAI MORAR EM CANAÃ.

Gênesis 12. Abraão, não tendo filhos, adotou Ló, filho de seu irmão Arã e irmão de sua mulher, Sara. E, para obedecer à ordem que havia recebido de Deus, deixou a Caldéia na idade de setenta e cinco anos e foi morar na terra de Canaã, a qual deixou à sua posteridade. Era homem muito sensato, prudente e de grande espírito e tão eloqüente que podia persuadir sobre o que quisesse. Como nenhum outro o igualava em capacidade e em virtude, deu aos homens um conhecimento muito mais perfeito da grandeza de Deus, como jamais tiveram antes. Foi ele quem primeiro ousou dizer que existe um só Deus, que o universo é obra das mãos dEle e que a nossa felicidade deve ser atribuída unicamente à sua bondade, e não às nossas próprias forças.
O que o levava a falar dessa maneira era o fato de ter deduzido, após considerar atentamente o que se passava sobre a terra e sobre o mar e o curso do Sol, da Lua e das estrelas, que há um poder superior regulando esses movimentos, sem o qual todas as coisas cairiam em confusão e desordem, por não terem de si mesmas poder algum para nos proporcionar os benefícios que delas haurimos — elas os recebem dessa potência superior, à qual estão absolutamente sujeitas, o que nos obriga a honrar somente a Ele e a reconhecer o que lhe devemos por contínuas ações de graças. Os caldeus e os outros povos da Mesopotâmia, não podendo tolerar as palavras de Abraão, levantaram-se contra ele. Assim, por ordem e com o auxílio de Deus, ele saiu do país para ir morar na terra de Canaã. Lá, construiu um altar e ofereceu a Deus um sacrifício. Berose, sem nomeá-lo, fala nestes termos desse grande homem: "Na décima era, depois do dilúvio, havia entre os caldeus um homem muito justo e muito hábil na ciência dos astros". Hecateu cita-o somente de passagem, mas escreveu um livro inteiro sobre esse assunto. Lemos no quarto livro da história de Nicoiau de Damasco estas apropriadas palavras: "Abraão saiu com grande acompanhamento da terra dos caldeus, que está acima da Babilônia, reinou em Damasco e partiu algum tempo depois com todo o seu povo, estabeleceu-se na terra de Canaã, que agora se chama Judéia, onde a sua posteridade se multiplicou de maneira incrível, como direi mais particularmente em outro lugar.

O nome de Abraão é ainda hoje muito célebre e tido em grande veneração na terra de Damasco. Vê-se aí uma aldeia que tem o seu nome e onde se diz que ele morou".

COMO OS DESCENDENTES DE NOÉ SE ESPALHARAM PELOS DIVERSOS LUGARES DA TERRA.

Gênesis 10. A diversidade de línguas obrigou a multidão quase infinita desse povo a dividir-se em diversas colônias, segundo Deus, por sua providência, os ia levando. Assim, não somente o meio da terra, mas também as margens do mar encheram-se de habitantes. Houve mesmo quem embarcasse em navios e passasse às ilhas. Algumas dessas nações conservam ainda os nomes dados por aqueles que lhes deram origem, outras mudaram-nos e outras ainda, por fim, em vez dos nomes bárbaros que antes possuíam, receberam nomes que eram do agrado daqueles que nelas vinham se estabelecer. Os gregos foram os principais autores dessa mudança, pois, havendo-se tornado senhores de todos esses países, davam-lhes nomes e como bem desejavam impunham leis aos povos conquistados, usurpando, assim, a glória de passar por seus fundadores.

NINRODE, NETO DE NOÉ, CONSTRÓI A TORRE DE BABEL, E DEUS, PARA CONFUNDI-LOS E ESTRUIR ESSA OBRA, MANDA A CONFUSÃO DE LÍNGUAS.

Gênesis 10 e 11 .Os três filhos de Noé, Sem, jafé e Cam, nascidos cem anos antes do dilúvio, foram os primeiros a deixar as montanhas para morar nas planícies, o que os outros não ousavam fazer, assustados ainda com a desolação universal causada pelo dilúvio. Mas o exemplo daqueles animou estes a imitá-los. Deram o nome de Sinar à primeira terra em que habitaram.
Deus ordenou que mandassem colônias a outros lugares, a fim de que, multiplicando- se e estendendo-se, pudessem cultivar mais terras, colher frutos em maior abundância e evitar as divergências que de outro modo poderiam ser suscitadas entre eles. Porém esses homens rudes e indóceis não obedeceram e, pelo seu pecado, foram castigados com os males que lhes sucederam. E Deus, vendo que o seu número crescia sempre, ordenou-lhes segunda vez que formassem novas colônias.

         Esses ingratos, porém, esquecidos de que deviam a Ele todos os seus bens e atribuindo-os a si mesmos, continuaram a desobedecer-lhe e acrescentaram à sua desobediência a impiedade de imaginar que era uma cilada que se lhes armava, a fim de que, estando divididos, pudesse Deus mais facilmente destruí-los. Ninrode, neto de Cam, um dos filhos de Noé, foi quem os levou a desprezar a Deus dessa maneira. Ao mesmo tempo valente e corajoso, persuadiu-os de que deviam unicamente ao seu próprio valor, e não a Deus, toda a sua boa fortuna. E, como aspirava ao governo e queria que o escolhessem como chefe, abandonando a Deus, ofereceu-se para protegê-los contra Ele (caso Deus ameaçasse a terra com outro dilúvio), construindo uma torre para esse fim, tão alta que não somente as águas não poderiam chegar-lhe ao cimo como ainda ele vingaria a morte de seus antepassados.

         O povo, insensato, deixou-se dominar pela estulta convicção de que lhes seria vergonhoso ceder a Deus, e começaram a trabalhar nessa obra com incrível ardor. A multidão e a atividade dos operários fez com que a torre em pouco tempo se elevasse a uma altura acima de qualquer expectativa, mas a sua debilidade fazia com que parecesse menos alta do que era de fato.
Construíram-na de tijolos, cimentando-a com betume, para torná-la mais forte.
Deus, irado com essa loucura, não quis no entanto exterminá-los, como fizera aos seus predecessores, cujo exemplo, aliás, lhes havia sido de todo inútil, mas pôs divisão entre eles, fazendo com que a única língua que falavam se multiplicasse num instante, de tal modo que não mais se entendiam. A confusão fez com que se desse ao lugar onde se havia construído a torre o nome de Babilônia, pois Babel em hebreu significa "confusão". A Sibila assim descreve esse grande acontecimento: "Todos os homens que então tinham uma só língua construíram torre tão alta que parecia que ela se elevaria até o céu.

         Mas os deuses levantaram contra ela tão violenta tempestade que ela foi derribada e fizeram com que aqueles que a haviam construído falassem no mesmo instante diversas línguas. Isso foi causa de que se desse o nome de Babilônia à cidade que depois foi construída naquele mesmo lugar". Hestieu também fala do campo de Sinar, onde Babilônia está localizada: "Diz-se que os sacerdotes que se salvaram dessa grande catástrofe com as coisas sagradas, destinadas ao culto de Júpiter, o vencedor, vieram a Sinar de Babilônia".

A organização e administração da ED


1ª Parte

Organização é ordem. É método no trabalho, no viver, no agir e em tudo mais. A organização permeia toda a criação de Deus, bem como todas as suas coisas. A desorganização e a desordem destroem a vida de qualquer pessoa, igreja ou organização secular. Por seu turno, o crescimento sem ordem é aparente e infrutífero. Sim, porque toda energia sem controle é prejudicial e perigosa. Pode haver muito esforço e nenhum crescimento real, porque a desorganização aniquila os resultados positivos surgidos.
Uma vez que a ordem permeia o universo de Deus, temos base para crer que o céu é lugar de perfeita ordem. Leis precisas e infalíveis regulam e controlam toda a Natureza, desde o minúsculo átomo até os maiores corpos celestes.

I. Organização na Bíblia

Organização na Bíblia

A. Na Igreja. Todos os símbolos bíblicos da Igreja falam de organização, ordem, método.
Ela é comparada a:

1. Um templo (1 Co 3.16; Ef 2.21). (Ver o Templo de Jerusalém.)
2. Um corpo (1 Co 12.27; Cl 1.24).
3. Uma lavoura (1 Co 3.9).
4. Um edifício (1 Tm 3.15; Hb 3.6; 1 Pe 2.5).
5. Um rebanho (Lc 12.32; 1 Pe 5.2).
6. Um jardim (Ct 4.16).
7. Uma noiva (2 Co 11.2; Ap 22.17).
8. Um castiçal ou candeeiro (Ap 1.20).

B. Em Israel

1. A perfeita ordem das tribos no acampamento (Nm 2).
2. Os detalhes da demarcação de limites das tribos (Js 1420).
3. O serviço sagrado no Templo (1 Cr 15; 16; 2327).

A ordem não impedia a manifestação da glória divina no Santo dos Santos; ao contrário, se as prescrições divinas fossem negligenciadas, o castigo era certo. Lemos em Levítico 1.6,8,12, dos sacrifícios “em ordem” no altar.

C. Quanto ao Senhor Jesus Cristo (Mc 6). Trata-se do milagre da multiplicação dos pães, quando milhares foram alimentados no deserto. Antes de Jesus realizar o milagre, ordenou aos discípulos que fizessem a multidão sentar em grupos de 100 e 50 pessoas. Quando o povo estava em ordem, Jesus então realizou o estupendo milagre, sendo todo o povo alimentado e restando ainda muito alimento. Atualmente, em muitas igrejas o Senhor deixa de operar milagres e alimentar espiritualmente a multidão, devido a irreverência e confusão que derivam da desorganização na reunião. Não é só a desorganização material, mas também a espiritual, transformando o culto num “sacrifício de tolos” (Ec 5.1). Compete aos discípulos cuidar da organização necessária; ver também Lucas 9.14,15.

II. A organização geral da Escola Dominical

Tem forma tríplice. Ela é pessoal, material e funcional.

A. A organização pessoal

1. Dirigentes da Escola Dominical. É a diretoria da Escola, da qual logo falaremos.
2. Professores da Escola Dominical. É o corpo docente da Escola. Têm sobre si a maior responsabilidade, pois lidam diretamente com o aluno e com o ensino.
3. Alunos da Escola Dominical. É o corpo discente da Escola. É a “matéria prima” da mesma. A escola existe para atender as necessidades dos alunos.

B. A organização material

1. O prédio. A Escola Dominical deve funcionar em instalações apropriadas à escola, tendo salas de aula independentes. Uma das leis do crescimento da Escola Dominical afirma:“A Escola Dominical crescerá enquanto houver espaço para as classes.”
2. O mobiliário. Deve ser apropriado aos fins e de conformidade com a idade dos alunos.
3. O material didático. Comumente chamado literatura. Abrange as diferentes revistas
de aluno e professor, bem como o respectivo material de apoio, obedecendo a um currículo bíblico, de acordo com o agrupamento de idade escolar dos alunos.
Todo o material didático deve ser utilizado de acordo com os métodos de ensino compatíveis a cada agrupamento de idade dos alunos.

C. A organização funcional.

Trata do funcionamento da Escola Dominical, visando à consecução de seus objetivos, conforme o exposto no Capítulo II desta Unidade. Grande responsabilidade têm aqui o pastor da igreja e a diretoria da Escola. A organização funcional cuida da:

1. Espiritualidade. A vida espiritual compreende o estado da escola quanto à oração, conduta cristã, santificação bíblica, consagração a Deus e predomínio do Espírito Santo.
2. O ensino da Palavra. Estudo e ensino da Palavra, livre de extremismo, modernismo,
fanatismo, doutrinas falsas, etc. Aqui, segundo a promessa divina em Isaías 55.11, os frutos com toda certeza surgirão.
3. Eficiência. Aqui, a Escola cuida em prover abundante ensino através de professores boas coisas podem influenciar temporariamente apenas.
Tais coisas jamais serão suficientes em si, mas, podem ser vitalizadas e dinamizadas pela ação poderosa do Espírito Santo. É aí que está a diferença. É oportuno dizer que o Espírito Santo tem uma afinidade especial com a mente treinada, quando santificada.
4. Planejamento. De nada adianta muita organização e preparo, sem a operação do Espírito Santo. Dons naturais, personalidade atraente, eloquência, boa dicção, cultura erudita e outras vozes, ajudando na parte musical do culto infantil, etc. Uma coisa é certa: havendo holocausto a Deus, haverá também muita música! (2 Cr 29.27).

III. A diretoria da Escola Dominical

Uma Escola Dominical deve ter uma diretoria para cuidar da sua administração, segundo as diretrizes do pastor da igreja. Os membros da diretoria:

A. Superintendente. Nas escolas filiais é chamado dirigente. Na sede, o superintendente, regra geral, é também o dirigente local.
B. Vice-Superintendente. Nas escolas filiais é chamado vice dirigente.
C. 1º Secretário. Quando os dois primeiros acima mencionados não comparecem, o 1º secretário assume a direção dos trabalhos, conforme as normas locais.
D. 2º Secretário. Os secretários devem ter auxiliares, dependendo do tamanho e movimento da escola.
E. Tesoureiro. Deve ser pessoa competente e recomendada por todos para tal mister.
F. Bibliotecário. Um bibliotecário competente na sua função é uma bênção para a Escola Dominical. Logo mais falaremos da biblioteca da Escola Dominical.
G. Dirigente Musical. As atividades musicais da escola não são apenas a execução e a regência do canto congregacional, conjunto musical, etc. O dirigente musical trabalha também no setor infantil, no ensino do canto, ressaltando a importância do louvor, ensaiando programas musicais, preparando números especiais a diferentes idôneos, espirituais, treinados, cheios do Espírito Santo e zelo pela obra de Deus. Não confundir idôneo com idoso. A eficiência é vista através do crescimento da Escola Dominical, em todos os sentidos.
H. Porteiros e Introdutores. Podem ser os mesmos que já servem à igreja. São muito necessários na Escola Dominical, na orientação geral de alunos e visitantes. Falando de porteiros e introdutores ou recepcionistas numa Escola Dominical, lembremo- nos que o povo entra onde é convidado, e fi ca onde é bem tratado. Ninguém é obrigado a ficar num lugar onde não é bem recebido nem bem tratado. O dirigente da Escola Dominical precisa pensar nisso. Os membros da diretoria da Escola Dominical são conhecidos como dirigentes da Escola Dominical. Seu número depende do tamanho da escola. Numa escola pequena, um obreiro pode acumular funções. Organização excessiva numa escola pequena é contraproducente; já passa a ser formalidade.

Repetimos: a diretoria da Escola Dominical tem grande responsabilidade.

Diz a Palavra: “Não havendo sábia direção o povo cai” (Pv 11.14; Ec 10.16; Rm 12.8). A diretoria da Escola deve reunir-se uma vez por mês para tratar de assuntos gerais do trabalho e observar o estado geral da Escola. Tal reunião não pode ser casual, nem realizada às pressas, se a Escola Dominical quer de fato ser a escola de instrução bíblica da igreja.

A revista Ensinador Cristão publicará uma sequências de artigos do pastor Antonio Gilberto sobre a Organização e Administração da ED.

Extraído da Revista Ensinador Cristão.
Pedidos pelo 0800-021-7373 ou pelo site www.cpad.com.br