A depravação dos gentios

I. A MANIFESTAÇÃO DA IRA DE DEUS

1. Ira. A palavra grega traduzida por “ira” é orge, e aparece 12 vezes em Romanos (1.18; 2.5,8; 3.5; 4.15; 5.9; 9.22; 12.19; 13.4,5). Convém que se saiba que a ira de Deus é a reação de Sua santidade diante da impiedade, muito diferente da ira dos homens, que é egocêntrica, carregada de ódio e paixão. Esse tipo de ira não é apropriada para a natureza divina.
2. A ira de Deus sobre o pecado. É a reação divina sobre o pecado. A Bíblia exemplifica a ira de Deus no passado: Dilúvio (Gn 6.17; Mt 24.37-39), Sodoma e Gomorra (Lc 17.28-30). Fala também da ira futura (1Ts 1.10) — julgamento das nações (Mt 25.32), Juízo Final (Ap 20.1-15), etc.
3. A ira de Deus na história. Como a graça salvadora não é manifestada na consumação dos séculos, mas na experiência humana, assim também a ira de que fala o apóstolo, não é a futura. E a ira manifesta na vida dos homens ao longo de sua história. Veja que três vezes o apóstolo Paulo diz que Deus “os entregou” (vv.24,26,28). Isso mostra a atuação da ira divina neste mundo. Como disse Friedrich Schiller: “A história do mundo é o juízo do mundo”.
4. Impiedade e injustiça. A impiedade, aqui, diz respeito ao descaso que o homem faz de Deus, e a injustiça fala da conduta pecaminosa humana. Dessa maneira, a raça humana, por rejeitar a Deus e viver na injustiça, detém a verdade. “Deter” significa “impedir”, e isso perverte a verdade, transformando-a em mentira.

II. A IDOLATRIA

1. Definição. A palavra “idolatria” vem de duas palavras gregas: eidolon, que significa “ídolo”, e latreuo, que significa “adorar, servir, prestar serviço sagrado”. A idolatria, portanto, consiste em cultuar ao ídolo, e é consequência da apostasia geral do ser humano. A avareza é uma forma de idolatria (Ef 5.5; Cl 3.5). Tudo aquilo que o homem ama mais do que a Deus, torna-se o seu deus (Fp 3.19).
2. Origem da idolatria. Essa prática era desconhecida no mundo pré-diluviano. A Bíblia fala de violência, maldade e corrupção (Gn 6.5,11,12). Não menciona a idolatria. Esta começou com Ninrode, o construtor da Torre de Babel (Gn 10.9-12). Foi o primeiro a ser adorado como deus. Sua mulher, Semíramis, é a mãe de Adônis, ou Tamuz, divindade de Babilônia (Ez 8.14).
As migrações humanas partiram de Babilônia para todos os quadrantes da terra, levando consigo suas crenças e divindades. Babilônia é, pois, o berço da idolatria.
3. Provas da existência de Deus (vv.19,20). O Salmo 19 apresenta os três livros que provam a existência de Deus: o universo que Deus criou (1-6), a Bíblia (7-10) e o testemunho do cristão (11-14). Como o apóstolo está falando dos gentios, que não têm lei, (Rm 2.14), ele apresenta, aqui, a lei natural ou teologia natural.
As coisas invisíveis de Deus são claramente vistas como recursos que Ele proveu para que o homem reconheça a existência do Criador: “para que eles fiquem inescusáveis” (v.20). Por isso, ninguém pode alegar ignorância. O mais obtuso dentre os homens é capaz de reconhecer a existência de Deus, considerando as coisas que Ele criou.
4. O homem rejeitou a Deus (v.21). Todos os homens vieram de um só casal. Adão e Eva tinham acesso a Deus e o conheciam. A luz de Gênesis 5 e 11, a vida de Metusalém coincidiu 243 anos com a de Adão, e 600 anos com a de Noé, e a vida de Sem coincidiu mais de 50 anos com a de Abraão. Assim, o conhecimento de Deus passou para toda a humanidade. Aos poucos, porém, os homens foram se fechando para Deus, e afastando-se cada vez mais dEle. Isso levou a raça humana à idolatria.
Sim, o homem caiu na idolatria ao recusar-se a tributar honra, glória e graças ao Criador.
A expressão seus discursos denota a alta confiança dos homens em seus raciocínios e argumentos artificiais, misturando discurso filosófico com iluminação espiritual, como o fazem hoje os adeptos da Nova Era e das demais seitas. Por causa desse orgulho, seu coração obscureceu-se, ficando destituído de entendimento espiritual e mergulhado em trevas medonhas.
5. Substituiu a criatura pelo Criador (vv.22,23). Os gentios recusaram-se a reconhecer a fonte de sabedoria, que é Deus. Os materialistas orgulham-se de seus conhecimentos, fazendo-se sábios a seus próprios olhos, mas a Bíblia diz que eles tornaram-se loucos, pois somente “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Jó 28.28; Sl 111.10; Pv 1.7; 9.10; 15.33).
Essa loucura levou-os à idolatria. O v.23 é uma citação do Salmo 106.20. Assim como os hebreus cultuaram a um bezerro em lugar de Deus, dando ao animal a glória que pertence exclusivamente a Deus, da mesma maneira fizeram os gentios.

III. A IMORALIDADE

1. Perversão sexual. A idolatria leva o homem à imoralidade. O que o apóstolo introduz no v.24, esclarece nos vv.26 e 27. Inclui como consequência dessa apostasia o homossexualismo, tanto masculino como feminino. Há sete passagens bíblicas que fazem menção do homossexualismo, e todas condenando ou mostrando tal prática como algo degradante e abominável (Gn 19.1-11; Lv 18.22; 20.13; Jz 19.22-25; Rm 1.25-27; 1Co 6.9,10; 1Tm 1.9,10).
2. A sociedade moderna. À medida que o tempo vai passando, a sociedade vai se tornando cada vez mais permissiva, e os homens vão se afastando cada vez mais de Deus. Para nossa perplexidade, há pseudocrístãos alegando tais práticas como coisa natural. O apóstolo Paulo declara que “Deus os entregou às paixões infames”, porque não reconheceram a Deus. Declara, ainda, tais práticas como “torpeza”..., uso desnatural, “contrário à natureza”. Diz em outro lugar que os tais não herdarão o reino de Deus (1Co 6.9; Gl 5.19-21).
3. Satanismo e perversão sexual. Satanás é o principal promotor da prostituição. Desde os tempos do Antigo Testamento que a sodomia e outras formas de prostituição estiveram ligadas ao culto pagão. Os pagãos praticavam, nesses rituais, o que se chama “prostituição sagrada”. Essas práticas são comuns nos cultos satânicos, pois o objetivo do Diabo é perverter a ordem das coisas. Tudo o que é perversão é uma afronta a Deus (Is 5.20,21).

IV. CATÁLOGO DE PECADOS

Nos vv.29-31, do capítulo 1, o apóstolo apresenta a mais longa lista de pecados encontrada em todas as suas epístolas. A depravação dos gentios é a fotografia da humanidade corrupta, sem Deus. Esses pecados são inerentes à natureza pecaminosa do homem (Mc 7.21-23). Nos versículos já citados (29-31) acha-se uma lista de 22 pecados, encabeçada pela palavra “iniquidade”, retratando a presente sociedade incrédula e distanciada de Deus.

CONCLUSÃO

O quadro funesto e aterrorizador em que se encontra o homem é mostrado nesta lição pelo apóstolo. Isso serve também para mostrar de onde viemos e, dessa forma, conscientizar cada crente da graça e da bondade de Deus. Sejamos agradecidos a Ele por sua provisão quanto à nossa completa e eterna redenção em Cristo Jesus.



Fonte: Lições Bíblicas CPAD 1998 2º Trimestre — Jovens e Adultos


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