(Subsídio Teológico Lição 10/ 1º Trim 2017) Mansidão: Torna o crente apto para evitar pelejas

Mansidão  versus  Pelejas

A palavra mansidão,  em  grego, épraótes,  e destaca uma pessoa  que  é  gentil,  humilde,  cortês,  amável,  suave, tolerante (ICo 4.21; Gl 5.22,23; Ef 4.2; Cl 3.12; Tt 3.2;lPe 3.15). No português, mansidão é definida como serenidade, tranquilidade, calma, índole ou procedimento manso, pacífico. 

As duas definições expressam qualidades que um homem natural
ou carnal não pode ter por si próprio, pois essa grande virtude é fruto do Espírito Santo de Deus.
A mansidão pode ser entendida como uma qualidade suavizante, como uma canção que tranquiliza a alma mais angustiante,
como um médico que trata seu paciente com toda delicadeza,
como um pastor que cuida da ovelha com todo carinho. Ela não
expressa falta de coragem, disposição, mas é o lenitivo que traz o melhor alívio para quem está sofrendo.

A Singularidade da  Mansidão
Um ditador, um político, por vezes, promete, em suas campanhas, que tratará o povo com brandura, carinho, delicadeza, de modo que até as pessoas ficam surpresas quando pessoas de natureza diferente fazem tais promessas, e por um momento isso pode vir a acontecer. A mansidão, no contexto filosófico e político, pode ser descrita assim:

a) Delicadeza no bom trato com as pessoas.
b)  Não implicação de argumentos filosóficos. Essa atitude
parte daqueles  que não querem mais  criar conflitos em certas discussões, por isso se tornam suaves.
c) Bom humor para manter a paz, a tranquilidade ambiental.
d) Não se apropria de linguagem ofensiva para atacar alguém.
e) A mansidão é vista também como um tipo de freio para o
nosso próprio corpo (Tg 3.3). Platão dizia que a mansidão pode ser vista no bom trato para com os animais, como, por exemplo, um cão que tem sua natureza feroz, mas quando é treinado, disciplinado,  torna-se manso.  O homem pode ser veemente, mas sem deixar de ser delicado.

Agora trataremos da mansidão dentro do contexto bíblico,
mas antes vamos nos apropriar mais uma vez da definição que o pastor Stanley Horton faz:

A mansidão não é autorrebaixamento ou fazer pouco de si mesmo. Pelo contrário, é uma humildade genuína que não se considera importante demais para realizar as tarefas humildes. Não assume ares de grandeza ou imponência no sentido de deixar de ser cortês, atencioso e gentil com todas as pessoas. E modesta, mas bem-disposta a dar sua contribuição quando algo precisa ser feito.  (HORTON, 1993, p.  194)

Para Aristóteles, a mansidão era vista como um vício de de­
ficiência, autodepreciação, e não uma virtude, isso porque o seu olhar foi apenas do ponto de vista humano, natural. Champlin, no seu comentário bíblico, dá também uma definição maravilhosa sobre a mansidão, mas isso ele faz na perspectiva bíblica:
[...] Trata-se de uma submissão do espírito humano para
com Deus, e, em seguida, para com o homem. A mansidão
é resultado da verdadeira humildade, por causa do reconhecimento do valor alheio, com recusa de nos considerarmos superiores. Deus é a fonte dessa graça, e Cristo Jesus é o seu exemplo supremo, o que Ele demonstrou em todo o seu modo de tratar os homens. (CHAMPLIN, 1995, p. 511)

Nessas duas definições, está claro que para o espírito humano ser humilde, manso, reconhecer o valor do outro, sem querer ser superior a ninguém, é uma atitude que vem do próprio Espírito Santo para o homem que se quebranta a Ele. Se assim não for, sempre o espírito de soberba e exaltação é o que o dominará.

A mansidão é uma qualidade que está presente em toda a Biblia. No Antigo Testamento, ela é apresentada como a glória para uma mulher. O que torna uma mulher bonita, cheia de charme, elegante não são apenas os apetrechos exteriores, mas sim sua delicadeza, sua suavidade.

A mansidão é também o segredo para a prosperidade de um
rei (Sl 45.4,5), pois a tirania, soberba, sempre precedem a queda (Pv 16.18). Quem está na liderança, seja de uma igreja, seja de uma empresa ou de um lar, precisa ter o fruto da mansidão, doçura, delicadeza, pois dessa forma será amado, respeitado. Às vezes pensamos que o soberbo, que é o arrogante, o presunçoso, aquele que se acha melhor que todo o mundo é quem vai ter vitória, mas o profeta Isaías escreveu sobre os mansos dizendo: “O pé a pisará:
os pés dos aflitos e os passos dos pobres”  (Is 26.6).

Meu irmão, nós somos  tentados em alguns momentos a querer usar do espírito de soberba, de impor nossa vontade sobre
os outros, mas essa atitude infantil e carnal sempre nos colocará em sérios apuros. Portanto, o melhor é ser dirigido pelo Espírito Santo, procedendo em tudo com mansidão, pois a Bíblia diz que os mansos é quem herdarão a terra (Mt 5.5).

Os homens mais valentes e perigosos que o mundo já conheceu estão no cemitério, aqueles que se acham mais espertos,
cheios de tramas, negociatas, que se apresentam como duros,
maquiavélicos, sempre estão perdendo os seus tronos. Por isso, nesse particular é melhor seguir o ditado francês: “É preciso ter mãos de ferro com luvas de veludo”.


Mas alguém pode perguntar: Por que os mansos vencem, visto que não agem com tramas, truques, imposição, valentia?
A resposta para essa pergunta é simples:
a)  Ele está no amparo de Deus  (SI 147.6).
b) É guiado por Deus  (SI 25.9).
c) É defendido por Deus  (SI 76.9).

Moisés enfrentou muitas lutas, pelejas, oposições, mas saiu
vitorioso. Isso porque manifestou um espírito de mansidão (Nm 12.3).  Sobre a mansidão de Moisés, gosto muito da definição que o teólogo Gordon J. Wenhan faz, pois ele a destaca como humildade e dependência divina.
[...] Desta vez, quando a sua própria posição estava sendo
questionada, ele ficou em silêncio, pois era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra (3). A palavra “humilde” expressa melhor o  sentido  da palavra hebraica anaw do que manso.  E uma palavra que em outras passagens é usada apenas em poesia. Algumas vezes ela se refere às pessoas que estão
na pobreza propriamente dita, ou aos que são fracos e
susceptíveis de serem explorados (Am 2.7; Is  11.4). Tais
pessoas precisam esperar a ajuda de Deus, porque são
incapazes  de resolver os  seus próprios problemas...”.
(WENHAN, 1991, p.  118)

A mansidão de Moisés é descrita então como uma dependência total e plena de Deus. Ele não era um homem fraco, sem caráter, que deixava as coisas ficarem soltas, nem tampouco um covarde, que não agia, mas era forte, destemido, severo, irava-se no momento apropriado, e humilhava-se no momento certo. Se Moisés fosse fraco, sem ânimo, atitude, jamais teria conduzido o povo de Deus à Terra Prometida.

No Novo Testamento, praótes nunca aparece isolado; sempre
vem acompanhada do amor. E a mão de ferro com luvas de veludo  (ICo 4.21), para que qualquer atitude nunca seja firmada na soberba, amargura, mas sim na boa vontade para com o próximo.
Essa postura Paulo teve.

A mansidão, agindo na vida do servo de Deus, faz com que
ele tome atitude baseada na humildade, simplicidade, e não na soberba ou em um sistema legalista. Existem regras que não são feitas pelo amor; antes, visam mais complicar que ajudar, mas vivendo dominado pelo fruto do Espírito, a mansidão, as atitudes tomadas sempre serão grandiosas e benéficas.
Em  certos  momentos Jesus  agiu  mais  com  o  espírito
da mansidão  do que  com o sistema  legalista  do  seu tempo, quando  os  acusadores  apresentaram a mulher apanhada em adultério,  fizeram  menção  da lei,  pela  qual  ela  deveria ser julgada e morta, mas Ele se apresentou manso e livrou aquela mulher (Jo 8.5-11). Paulo também agiu baseado nesse mesmo princípio  (2Co  10.1).

O cristão deve viver em mansidão, humildade, tanto mental­
mente como na prática, isso porque o seu grande mestre, Jesus, jamais  esboçou espírito de soberba,  grandeza, superioridade, mas foi manso (Mt 11.29). Quando a mansidão é uma realidade presente na vida dos servos de Cristo, não há no seu meio espaço para a soberba, mas atitude humilde para servir e agradar os outros  (Ef 4.2).

O  Relacionamento de  Praótes com   a Severidade
Os  que não querem viver em mansidão serão fortemente
repreendidos por estarem agindo no espírito da soberba. Paulo era manso, mas perguntou aos crentes da igreja de Corinto de que forma queriam que ele fosse até eles, se com mansidão ou vara (1 Co 4.21). Ser manso não quer dizer que as coisas erradas jamais devem ser corrigidas, que uma postura severa não deve ser tomada!  Pelo contrário, a verdadeira mansidão exige que a justiça seja feita.

Paulo lutou constantemente contra aqueles que eram soberbos
e que contrariavam os ensinos da Palavra de Deus, mas sua postura era de mansidão. Ele jamais procurou criar embates, guerras, confusão. Ensinava que, para com essas pessoas belicosas, os servos de Deus deveriam evidenciar humildade, mansidão, cortesia. “Que da ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens” (Tt 3.2).

A mansidão não apenas contrasta com o espírito de soberba
e reprova os desobedientes, como procura demonstrar para o
próprio cristão sua pequenez, sua insignificância e quanto depende da Palavra de Deus para poder crescer cada vez mais  (Tg 1.21).

As bênçãos da mansidão para nossa vida são estas:
a) A correção que o cristão faz para com o outro é no espírito de mansidão (Gl 6.1). Um servo de Deus jamais corrige o outro para lhe causar vergonha, humilhação, mas sempre visando à sua perfeição espiritual. A correção procura levantar o caído, nunca, jamais, deixá-lo em um sentimento constante de derrota.
b)  Ela vence com delicadeza os que têm o espírito de op­sição ferrenha.  O servo de Deus tem a missão de combater os que ensinam doutrinas erradas, que provocam perturbações no meio da igreja, mas sua ação deve ser sempre com mansidão  (2 Tm 2.25). Lembre-se: fogo não se apaga com fogo, mas com água.
c)  A mansidão é uma forma de se apresentar o nosso testemunho perante todos.  Um cristão dominado pela mansidão
não procura impor suas verdades, mas responde com mansidão
e temor os que pedirem razão de sua fé em Cristo  (1  Pe 3.15).

Um espírito manso e quieto, com sabedoria, é a maneira mais
apropriada para se atrair os pecadores para o nosso meio  (Tg 3.13;  1 Pe 3.4).
d) Ela conquista. Quem tem esse fruto na vida com certeza
conquistará a terra (Mt 5.5).
Nós devemos ter esse fruto em nossa vida porque foi ele
que caracterizou grandemente a vida de Cristo. Jesus disse que devemos aprender dEle, pois  era manso  (Mt  11.29); em uma das profecias vaticinadas sobre Ele, foi destacada a mansidão ou humildade (Zc 9.9); e Paulo, falando aos crentes rebeldes de Corinto, usou sua autoridade tomando como exemplo a mansidão de Jesus Cristo (2 Co 10.1).


Quando a mansidão domina a vida do crente, ele tem auto­
controle, a força da natureza pecaminosa não se sobressai. Por essa razão, pode controlar-se diante das mais difíceis situações, e tratar com delicadeza os que se lhe opõem. A mansidão nos ensina a repreender sem ferir, a discutir um determinado assunto sem detratar o próximo, a irar-se sem pecar. A mansidão ensina-nos a viver bem com nós mesmos e com o nosso irmão.

A Peleja com o Espírito Combativo
A palavra grega erithéia fala de rivalidade, ambição egoísta, discórdias, espírito partidário que se fundamenta no egoísmo.

A rivalidade ou peleja como obra da carne sempre busca fazer
oposição à obra de Cristo, visando à contenda: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo”  (Fp 2.3).
Precisamos entender que há uma distinção entre erithós no
grego koinê para o grego clássico. No grego clássico essa palavra era entendida como alguém que era contratado para um serviço sem expressar qualquer sentido negativo. Ela expressava também o sentido de se conseguir votos para um determinado cargo por meio de pessoas contratadas.
No entanto, cada vez mais essa palavra foi sendo espalmada
do seu real sentido, passando realmente a ser negativa. Alguns começaram a dizer que erithós estaria firmada em uma atividade puramente egoísta, em que os partidários buscavam chegar ao poder apenas para realizar seus desejos egoístas, sem qualquer preocupação com o povo ou com uma política verdadeira que os beneficiasse.

Note que num primeiro momento essa palavra era entendida
como uma pessoa que era contratada para prestar um serviço e
dele tirar seu sustento, mas agora ela é entendida não apenas como uma busca por um dinheiro,  mas sim por uma posição marcada pela ambição, com o objetivo de apenas alcançar seus interesses próprios.

Existem muitos que estão fazendo pelejas nas igrejas, alguns
buscando cargos, posições, mas será se realmente é pelo bem da obra de Deus, ou seria para fins pessoais? Paulo falou daqueles que pregavam o Evangelho, mas não com sinceridade, pois queriam tão somente desacreditar o seu apostolado.

N o meu livro  Tesouros nas Cartas da Prisão, falando sobre
esses pregadores falsos e o posicionamento de Paulo, digo:
Esses homens buscavam egoisticamente apenas posição, tudo por meio de artimanhas, meios desonestos, era assim que dizia Aristóteles, usando a palavra eritbéia, rivalidade ou
ambição egoística (Rm 2.8; G15.20; Tg 3.14,16). Eles tinham
em mente duas coisas: tirar a influência de Paulo na congregação e aborrecê-lo na prisão. Os que lerem esse texto devem entender que a posição de Paulo em respeito a esses falsos pregadores é que ele não os defende, mas defende somente o Evangelho.
Mesmo que o Evangelho fosse usado por meios ilegais para interesses pessoais, ele é o poder de Deus para salvar qualquer pessoa. E então, Paulo enfatiza o poder do Evangelho. Segundo Michael, diz que Paulo estava agitado
quando escreveu esse versículo. (GOMES, 2015, p. 129)

Os que são dominados pela eritbéia sempre estão se opondo
às verdades divinas, querendo causar transtorno em tudo, pois seu desejo por alguma coisa não vem dominado por bons planos, nem está alicerçado no bem comum de todos. Antes, seu objetivo é conquistar o melhor para si, tudo de modo egoísta, ao contrário do servo de Deus, cujo anelo é fazer tudo para glória de Deus (Rm 2.8-10).

Nas palavras de Paulo, ele usa eritbéia sempre de modo negativo, expressando o sentimento daqueles que realmente estão dominados pelo pecado, o que faz com que a inveja, ira, intrigas, apareçam no meio do povo de Deus  (2 Co 12.20).

Se vivermos nos domínios do Espírito Santo, jamais iremos
produzir as obras da carne, e evitaremos o desejo egoístico de querer fazer alguma coisa na obra de Deus apenas para ganharmos posição, sermos aplaudidos, nem faremos concorrência com nós mesmos.

Hoje vemos  pregadores  que  fazem questão  de desfazer dos outros, não é por zelo,  nem por amor à Palavra, nem para
edificação de vidas, mas seu intento é ser reconhecido  como
um grande especialista em matéria de pregação, teologia. Nesse ponto, é bom seguir a recomendação de Paulo: “Nada façais por contendas...”  (Fp 2.3).

Quando  agimos  dominados pelo  espírito  combativo da
peleja, os males que surgirão dentro da igreja serão os piores, especialmente o partidarismo. No momento em que essa obra carnal dominou o coração de muitos crentes em Corinto, eles passaram a olhar para Paulo e outros apóstolos com desprezo, já priorizando outros: “Quero dizer, com isso, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu, de Apoio, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo” (1 Co 1.12).

Meus irmãos, jamais devemos pelejar por qualquer coisa ou
cargo na igreja ou em comissões, acreditando que por estar ali é que seremos vistos, reconhecidos, nem querer servir ao corpo de Cristo para sermos reconhecidos pelos homens. Se estivermos com esse sentimento, precisamos urgentemente nos esvaziarmos dele, pois corremos  o risco de pagarmos o mesmo preço que Ananias e Safira pagaram  (At 5.1-16).

As pelejas na igreja produzem intrigas, brigas, politicagem,
e alguns crentes começam a fazer parte de um determinado grupinho não por querer bem à obra, mas porque deseja também
uma posição na igreja.

Uma prova bem clara dessa verdade é que em muitas reuniões
que se prolongam na igreja e em  outros ambientes, quando se
sabe que é para tratar de um assunto polêmico, ou para resolver o caso de um obreiro que está com problema, a maioria se mostra interessado, mas quando é para falar de oração, evangelismo, missão, muitos saem do recinto.

Para debelarmos de vez com o espírito de pelejas no meio da
igreja, o caminho certo é vivermos debaixo do poder do Espírito Santo, sempre tendo Cristo como centro de tudo, pois assim nossos sentimentos e desejos serão sinceros e aprovados por Deus.

Fonte: Aqui👇👇
 



Lição 10 - Mansidão: Torna o Crente Apto para Evitar Pelejas

De acordo com a Palavra de Deus, ser manso é uma das virtudes do Reino de Deus. No Evangelho de Mateus 5.5 há uma promessa de que os mansos são bem-aventurados porque eles herdarão a terra. Já na época de Jesus, a mansidão era uma virtude não muito aceita no mundo antigo. Ora, num tempo onde a força, a guerra e o heroísmo eram as virtudes cultivadas pela sociedade, o que uma pessoa mansa poderia contribuir de benéfico para a sociedade?! Ser manso não seria sinônimo de fraqueza, de fragilidade?!

O que é mansidão?
Mas o que representa a mansidão na Bíblia? Em primeiro lugar, é o oposto da arrogância, do espírito precipitado, das dissensões, contendas e pelejas. É o oposto das atitudes que constituem a guerra em vez de paz, o descontrole emocional em vez do controle emocional, tudo o que contribui para o apaziguamento da alma. Logo, ser manso, segundo os ensinos de Jesus e dos apóstolos, é cultivar a capacidade de gerar gentileza uns para com os outros, sem fazer acepção de pessoas, alcançando todos os homens e enxergando neles a imagem de Deus.

Uma vida de equilíbrio
Como pentecostais enfatizamos os dons espirituais, e devemos buscá-los de todo coração, a fim de sermos usados pelo Senhor para a edificação do próximo. Entretanto, a manifestação do fruto do Espírito é de igual importância. Ora, manifestar os dons do Espírito Santo e, ao mesmo tempo, apresentarmos uma vida cheia de ambições, de discórdias carnais, de valores que se opõem ao espírito humilde de Jesus Cristo não se encontra de acordo com o Evangelho. Diferentemente do que se pode imaginar, a Palavra de Deus diz que seremos conhecidos pela sociedade se agirmos desta maneira: “nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13.35).

Um convite a ser manso
Portanto, esta lição nos convida a rejeitar o espírito aguerrido, de pelejas, de discórdias, de ações carnais, de busca por vingança. O presente estudo nos ensina a termos uma atitude diferente a todas as características que andam na contra mão das virtudes do Reino de Deus. Conscientize seus alunos para não se deixar levar pelas discórdias ou falhas de comunicação. Mostrando que devemos ser tolerantes uns para com outros no sentido de vivermos unidos na presença de Deus. Por isso, siga em frente! Não desista!



(Subsídio Teológico Lição 9/ 1º Trim 2017) Fidelidade versus Idolatria e Heresias

Quando o cristão tem uma fé verdadeira, não se perde pelo caminho da vida, nem é iludido pelas coisas deste mundo, e nunca anda para trás, só para a frente. A fé do
cristão o faz esperar em Deus, depender dEle em tudo, mesmo que as circunstâncias sejam contrárias. A fé que o cristão tem lhe dá uma visão além das coisas desta vida, de uma realidade melhor que a do momento presente. A fé que o cristão tem é uma fé que acredita no poder de Deus que é capaz de criar tudo outra vez, não importa o cenário que se apresente.

Quando o cristão acredita que Deus é fiel, ele recebe a aprovação divina. Quando o cristão vive pela fé, quer oferecer a Deus o melhor, ele leva a sério as advertências divinas, o medo não faz parte de sua vida; ele coloca de lado os riscos e se entrega aos cuidados do Pai. Quando o cristão vive pela fé, acredita que ela é o seu poder bélico capaz de destruir qualquer muralha, gigante, nações. A todos que vivem pela fé Deus honra concedendo vitórias.

A Fidelidade de Deus
Pistós é aplicado a Deus para mostrar que Ele é fiel, isso é maravilhoso porque sabemos que servimos a um Deus digno de confiança, imutável (Ml 3.6). Nas muitas cartas de Paulo, ele destacou com mestria o quanto Deus é fiel, santo, justo, verdadeiro, que cumpre o que promete e jamais abre mão de sua fidelidade
(ICo 1.9; 1 Ts 5.24; 2Ts 3.3; 2.13).

Precisamos confiar em Deus a todo momento, pois Ele jamais abandona os seus (Hb 10.22). Ainda que tudo pareça contrário a nós, devemos sempre colocar nEle nossa esperança, sempre com paciência, pois Ele ouvirá o nosso clamor (SI 40.1).

A Fé no Contexto Bíblico de Hebreus 11
Nesse capítulo, o autor está respondendo a alguém mostrando que é possível viver na fé. Como prova disso ele apresenta algumas pessoas que viveram as oposições da vida, suas circunstâncias adversas, mas conseguiram sair vitoriosos.

O autor procura dar uma definição da fé, não de modo teológico, filosófico; antes, o seu conceito sobre a fé é descrito da seguinte maneira: “Ela faz o cristão enxergar aonde os olhos carnais não podem ver”. Como prova dessa definição, o autor
apresenta os personagens do Antigo Testamento. Tais homens puderam viver confiando no que não enxergavam, mas tinham plena certeza, do grego hypóstasis, uma certeza absoluta de que os fatos que se não veem, palavra que no grego é pragmáton, tornar-se-iam realidade.

Uma expressão que sempre está presente no texto épísteinooümen — por fé entendemos. Por meio de um ato de fé, os servos de Deus tomavam conhecimento do Deus que criou o mundo pela sua Palavra. Todos os homens de Deus que aparecem nas páginas do Antigo Testamento agiram por meio da fé.

O propósito do autor dessa carta é incentivar a nova geração a avançar também por meio dessa fe, acreditando nas promessas de Cristo Jesus.

Os Protagonistas da Fé (Hb 11.4-40)
Vamos agora analisar a vida de fé dos homens de Deus e o que eles conseguiram por meio dela.

Abel
O seu sacrifício perfeito por meio da fé foi um sacrifício de sangue. Assim, simbolicamente, ele estava dando início a uma vida de fé. O cristão só pode viver uma vida de fé se acreditar no poder do sangue de Jesus. É por meio do seu sangue que temos uma nova vida. E por essa razão que o sangue de Abel ainda fala.

Enoque
Por meio desse homem, aprendemos que é possível viver uma vida piedosa neste mundo e estar preparado para uma vida melhor com Deus no céu, mas é necessário viver pela fé, pois sem ela ninguém poderá agradar a Deus.

Noé
Por meio da fé, esse homem pôde perceber que Deus julgaria a terra. Assim, ele foi incentivado pela fé a viver em Deus e trabalhar na construção da arca. Sem uma verdadeira fé, o cristão jamais se colocará a trabalhar ativamente para Deus. A fé
de Noé lhe deu duas coisas: a primeira, confiança para trabalhar cumprindo o propósito divino; em segundo lugar, ele foi livrado do grande Dilúvio.
Os que vivem pela fé não produzem nada de si mesmos, pois a fé tem a sua própria justiça. Agora o autor cita mais seis nomes de pessoas que irão desempenhar um trabalho não isolado, mas que alcançará a vida de muitas pessoas na terra. São eles: 

Abraão,
Sara, Isaque, Jacó, José e Moisés. Esses homens cumpriram os propósitos de Deus na terra. Vamos analisar como isso foi possível: 

Abraão
Por meio da fé, ele e Sara conseguiram ser obedientes. Deixouo seu conforto material e sua residência fixa passando a ser um peregrino, vivendo em tendas e correndo os riscos da vida no mundo. Obedeceu quando Deus solicitou que seu filho fosse entregue.
Confiança, imutável (Ml 3.6). Nas muitas cartas de Paulo, ele destacou com mestria o quanto Deus e fiel, santo, justo, verdadeiro, que cumpre o que promete e jamais abre mão de sua fidelidade (ICo 1.9; 1 Ts 5.24; 2Ts 3.3; 2.13).

Precisamos confiar em Deus a todo momento, pois Ele jamais abandona os seus (Hb 10.22). Ainda que tudo pareça contrário a nós, devemos sempre colocar nEle nossa esperança, sempre com paciência, pois Ele ouvirá o nosso clamor (SI 40.1).

A Fé no Contexto Bíblico de Hebreus 11
Nesse capítulo, o autor está respondendo a alguém mostrando que é possível viver na fé. Como prova disso ele apresenta algumas pessoas que viveram as oposiçÕes da vida, suas circunstâncias adversas, mas conseguiram sair vitoriosos.

O autor procura dar uma definição da fé, não de modo teológico, filosófico; antes, o seu conceito sobre a fé é descrito da seguinte maneira: “Ela faz o cristão enxergar aonde os olhos carnais não podem ver”. Como prova dessa definição, o autor apresenta os personagens do Antigo Testamento. Tais homens puderam viver confiando no que não enxergavam, mas tinham plena certeza, do grego hypóstasis, uma certeza absoluta de que os fatos que se não veem, palavra que no grego é pragmáton, tornar-se-iam realidade.

Uma expressão que sempre está presente no texto épísteinooümen — por fé entendemos. Por meio de um ato de fé, os servos de Deus tomavam conhecimento do Deus que criou o mundo pela sua Palavra. Todos os homens de Deus que aparecem nas páginas do Antigo Testamento agiram por meio da fé.

O propósito do autor dessa carta é incentivar a nova geração a avançar também por meio dessa fé, acreditando nas promessas de Cristo Jesus.

Sabemos que todo o futuro da vida de Abraão estava em seu filho Isaque. Paulo descreve muito bem como foi a fé de Abraão e Sara (Rm. 4.20). Por meio dessa fé, eles viram que nada iria servir de barreira para que eles alcançassem a promessa, nem mesmo a morte era um temor para eles.
Nós aprendemos com Abraão que a vida de fé é uma peregrinação neste mundo, e que às vezes é preciso morrer por essa fé. Nada nesse mundo deve mudar o curso da nossa caminhada, pois entendemos que temos uma melhor pátria, o maior tesouro
(Mt 6.19-22; SI 16.2; Jo 14.1,2),

Isaque
Por meio da fé, ele pôde abençoar os seus filhos, acreditando nas promessas que Deus tinha feito a Abraão.

Jacó e José .
Nesses dois patriarcas nós temos exemplo de fé viva, pois Jacó perpetua a promessa que foi feita a Abraão e a seus filhos, e não somente isso, mas ele prova que era obediente e submisso a Deus. José demonstra a sua verdadeira fé quando perto da sua morte pediu que seus ossos não fossem deixados no Egito, pois Deus certamente os visitaria. Essa atitude expressava o nível de fé que esse homem tinha nas promessas de Deus feita ao seu pai.

Moisés
A fé de Moisés começa primeiramente com os seus pais, que não temeram as imposições ilegais de Faraó (Ex 1.16-22). A expressão “formoso” aplicada a Moisés já carregava algum presságio, ou melhor, que o povo de Deus seria abençoado por
intermédio de sua vida.

A fé desse homem levou-o a fazer escolhas certas na vida, pois mesmo sendo príncipe preferiu sofrer com o povo de Deus. Moisés tinha conhecimento das promessas de Deus, e que elas carregavam também muitas aflições e perigos. Ainda assim, optou por ficar do lado da fé.

Moisés se torna o homem das grandes esperanças de um povo sofrido. A fé não somente fez Moisés ter boas escolhas, ser o homem de esperança dos judeus escravizados, rejeitar os prazeres supérfluos do mundo, mas ele aceitou o opróbrio, que fala dos sofrimentos que Cristo sofreu. Sem dúvida alguma, pela fé esse homem já antevia os sofrimentos de Cristo, mas preferiu ficar desse lado.

Por meio da fé, Moisés praticou muitas coisas: deixou o Egito, que foi a terra do seu nascimento, que lhe oferecia grandes oportunidades na vida, como poder, fama, riqueza, prestígio; realizou a Páscoa, deixando claro que Deus libertaria o seu povo,
isso por meio do sangue; viu o Mar Vermelho se abrir e o povo passar vitorioso.

A fé de Josué, Israel e Raabe Por meio da fé de Josué e Israel, Jericó teve que tombar. A fé de Raabe deu a ela o direito de participar das bênçãos que eram destinadas aos judeus (Mt 1.5).

O autor responde às pessoas que pediam prova de que era possível alguém viver na fé, mas note que a lista é muito grande. Ela envolvia juízes, reis e profetas, todos eles viveram por meio da fé. Pela fé eles conseguiram ser fortes, firmes, corajosos, perseverantes.
O escritor estava dizendo aos seus leitores o seguinte:
Se vocês desejam que alguns fatos da vida se tornem valorosos, vivam por meio da fé”.

Mais uma coisa interessante encontramos nesse texto: o autor diz que, mesmo eles tendo experimentados muitas bênçãos, não conseguiram tomar conhecimento das bênçãos da comunhão e do perdão de todos os seus pecados, por meio do sacrifício de Jesus no calvário. Esses homens viveram em uma perspectiva totalmente diferente da qual a Igreja vive hoje, pois eles estavam ainda dentro da velha aliança, mas conseguiram viver de modo positivo por meio de sua fé em Deus.

O autor mostra que Deus já tinha preparado uma nova aliança que possibilitaria a velha e a nova geração viverem desfrutando de todas as suas bênçãos. Isso aconteceria por meio da morte de Cristo no calvário.

A geração passada foi aperfeiçoada — no grego é teleiothôsm, perfeitos, completos — no sacrifício de Jesus. Os cristãos tinham que deixar de lado o legalismo mosaico e viver pela fé no Cristo vivo e ressuscitado, pois Ele é o grande exemplo de vida para todos.

A Fé como Virtude do Fruto do Espírito na Vida do Crente
Expusemos acima a fé no seu aspecto de confiança, especialmente na pessoa de Jesus Cristo, nosso Salvador. Essa fé pode ser chamada de teológica, mas a fé fruto do Espírito Santo é uma virtude cristã. Mais do que se tratar de um relacionamento com Deus, ela envolve nossa atitude para com o próximo.

Quando a fé como virtude do fruto do Espírito habita no crente o que realmente marca sua vida é a fidelidade, ou seja, ele é uma pessoa confiável, leal. Alguns teólogos têm questionado o porquê de a ênfase sobre a fé ter sido mais teológica do que como virtudes éticas. Posso dizer que isso se deve ao seguinte fato: um crente que de fato aceitou a Jesus pela fé, tendo o Espírito Santo produzindo o caráter de Cristo em sua vida, com certeza não precisará de tantos argumentos para que seja uma pessoa sincera, digna de confiança.

No Comentário Bíblico Beacon, falando da fé como aspecto do fruto do Espírito Santo está escrito: 
Fidelidade não diz respeito somente a manter-se fiel a Deus diante das provas e coações, mas também a ser leal ao próximo. O elogio de Paulo aos seus colaboradores fieis (1 Co 4.17; Ef 6.21), e aos santos fiéis (Ef 1.1; Cl 1.2), certamente
engloba tais confianças nas relações humanas. 
Muito corretamente, a fidelidade representa o nível mais alto de responsabilidade entre o marido e mulher (cf. 1 Tm 3.11).
“Não há igreja ou casamento que permaneça, a menos que esteja fundamento na lealdade”, é mais que virtude humana, é fruto do Espírito. (BEACON, 2006, p. 76)

Em umas poucas passagens do Novo Testamento, a fé como fidelidade e virtudes éticas são mencionadas. Elas aparecem em Mateus 23.23. Com esse sentido, ela é vista também em Tito 2.10, e tratando da fidelidade de Deus, como uma pessoa confiável, o apóstolo Paulo cita Romanos 3.3. No livro do Apocalipse, a fé aparece como fidelidade, pois em meio às perseguições, idolatrias e ameaças, os servos de Deus permaneceram incólumes, sem negar a fé (Ap 2.13).

É fácil exibir uma fé emocional, a fé que busca milagres, a fé que expõe belas verdades teológicas, mas a fé que requer de nós sacrifício, testemunho, compromisso, fidelidade, essa não é fácil. Louvamos a Deus porque ainda temos no mundo cristãos que sofrem e são mortos devido à fidelidade para com Cristo, mas, por outro lado, é triste dizer que ainda há muitos crentes que não mantêm sua sinceridade e lealdade a Cristo porque falta a fé que vem do fruto do Espírito.
A fé como uma qualidade de vida confiável é apresentada muitas outras passagens do Novo Testamento:

a) O mordomo fiel (Mt 24.45).
b) Os servos fiéis nos talentos (Mt 25.21).
c) Fidelidade para com o que é dos outros (Lc 16.1-12).
d) Fidelidade dos ministros da obra de Deus (1 Co 4.1).
e) Paulo entendeu que Jesus o achou fiel (lTm 1.12).
f) Os homens de Deus precisam ser fieis nos ensinos (2Tm
2.2). v
g) Os ajudadores dos pastores ou líderes precisam ser fiéis
(ICo 4.17; Ef 6.21; IPe 5.12).
h) Fidelidade nas esposas (lTm 3.11).

Os homens de negócios procuram pessoas capazes, inteligentes, que saibam se relacionar bem, mas, acima de tudo, eles querem em suas empresas pessoas confiáveis. Ora, se os homens, que são falhos, desejam assim, e Deus? Não se pode colocar na obra do Senhor pessoas que não sejam dignas de confiança, que não sustentem suas palavras, pois sempre irão envergonhar o nome de Jesus Cristo. Onde não há sinceridade, fidelidade, não tem como os relacionamentos serem firmados; o filho precisa ser fiel, o empregado precisa ser fiel, o marido precisa ser fiel, a esposa precisa ser fiel, o pastor precisa ser fiel, o membro precisa ser fiel. Se isso de fato acontecer, não haverá espaço para desconfiança, dúvidas. Está escrito na Palavra que os salvos em Cristo, a despeito de qualquer vicissitude, devem sempre permanecer fiéis a Cristo (Ap 2.10).

Nosso maior exemplo de fidelidade é Jesus, Ele foi fiel na missão para a qual o Pai o tinha enviado (Hb 3.2,5) e jamais deixou de cumprir toda a sua vontade. Isso mostra para nós que Ele é confiável. João apresenta Jesus como a testemunha fiel (Ap 1.5).

Idolatria: Desvio da Adoração do Verdadeiro Deus
A palavra idolatria fala de se prestar culto a um ídolo, essa definição pode ser tirada da própria formação da palavra no grego, eidolon é ídolo, latreuein é adorar, mas, de modo geral, idolatria é tudo aquilo que usurpa o lugar de Deus.

Todo homem é sujeito à idolatria — seu dinheiro pode se tornar um deus, sua posição pode ser idolatrada. Por isso, precisa constantemente da orientação da Palavra e da ajuda do Espírito Santo para vencer essa tentação, que se manifesta de diversas formas (Cl 3.5). O grande mal da idolatria é que ela desvia o homem do
verdadeiro Deus, pois, cego pelo pecado, ele adora qualquer coisa ou objeto como se fosse o Deus verdadeiro (Rm 1.21,25).

Em muitas nações primitivas, segundo os antropólogos, a idolatria começa de uma forma, mas no seu transcurso vai se processando até que fica purificada, mas o certo é que se não houver uma orientação realmente bíblica, o homem continuará a adorar deuses falsos como se fossem verdadeiros. Muitos não sabem, mas na adoração de muitos ídolos o que está presente é o poder demoníaco (ICo 10.20), que o homem natural não compreende. A história mostra imoralidades, abusos sexuais, alcoolismo, sacrifícios de infantes, tudo relacionado a deuses, como se realmente fosse algo normal. Por isso Deus enviou seus profetas, autorizando seus servos a destruírem todos, e os povos que tiveram que ser expulsos de Canaã era devido a tais práticas absurdas (Dt 7.1-5; 12.2,3).

Precisamos entender que nem sempre qualquer imagem pode ser considerada uma idolatria. Salomão fez imagens de querubins, mas elas não eram adoradas (2Cr 3.7,10). Um quadro, uma foto, pode apenas representar as qualidades boas de alguém, sem que seja adorado, porém, quando qualquer objeto passa a ser venerado, de imediato deve ser eliminado, pois nada pode tomar o lugar de Deus.

O pão e o vinho da Santa Ceia são símbolos que relembram a morte de Jesus Cristo, que nos concedeu perdão dos nossos pecados, mas Paulo deixa claro que eles são memoriais, jamais devem ser cultuados (ICo 11.24).

O grande mal da idolatria é que ela tira o homem do foco do Deus verdadeiro, por diversas vezes na Bíblia vemos pessoas adorando os astros, inclusive reis de Israel fizeram isso. Essa prática era muito comum na Babilônia e no Egito, onde as pessoas
olhavam para certos objetos ou astros e os consideravam deuses, afirmando que neles havia espíritos divinos.

A Bíblia é clara em dizer que o sol e a lua foram feitos para desempenharem apenas um papel relacionado com a natureza, jamais para produzirem orientações espirituais, como creem os astrólogos (Gn.1.14; SI 136.7; 104.9).
De modo enfático, a Bíblia é terminantemente contra a idolatria. Ela já começa sua narrativa descartando as ideias panteístas e panenteístas,1 pois apresenta Deus como o Criador de todas as coisas. Por isso Moisés, logo no segundo mandamento, proíbe qualquer tipo de adoração a qualquer outro deus (Êx 20.3-5).

Deus abomina qualquer tipo de idolatria e ídolos. Estas passagens bíblicas revelam como ela é vista na visão divina:

a) Abominável (Dt 7.25).
b) Odiosa para Deus (Dt 16.22).
c) Tola e sem sentido (SI 115.4,8).
d) Não tem proveito algum (Is 46.7).
e) Despreza a razão (Rm 1.21,23)
f) É contagiosa (Ez 20.7).
g) E pedra de tropeço (Ez 14.3).
h) São impotentes (1 Co 8.4; Hb 10.5).

Como Adorar o Deus Verdadeiro?
Lendo João 1.6-18, observa-se que ele fala da luz verdadeira.
O evangelista deixa bem claro a todos que João Batista não era a luz, isso no sentido de ele ser a verdade absoluta, certa; sua missão era apenas falar da verdadeira luz. Era essa luz que iluminaria a todos os homens. Todos quantos recebessem essa luz, ou seja, as verdades de Deus — que é por meio dela que o homem encontra a vida —, se tornariam filhos de Deus.

Somente a Palavra de Deus é que pode recriar um novo homem para a sua glória, a capacidade humana, a vontade humana não pode formar o homem que Deus deseja. É a razão do verbo ter se encarnado, passando a viver entre os homens, revelando a graça, a verdade e a glória do Pai que o homem pode nascer de novo.

João prossegue sua mensagem fazendo um contraste entre ele e Jesus. Primeiramente ele diz que não é a luz; depois afirma que Jesus é antes dele. Além disso, nem mesmo Moisés pôde trazer o que a humanidade necessitava, ele apenas escreveu a Lei, mas a graça e a verdade somente vieram por Jesus Cristo. Esses
versículos apresentam o testemunho que João estava falando a todos a respeito do verbo para que as pessoas viessem a crer em Jesus como luz. João diz que Jesus é a verdadeira luz, ou seja, um sol, e não uma vela. Jesus como luz iria fazer um contraste entre a sua verdade e a “verdade” dos homens, iria mostrar quem estava
com a verdade. Anteriormente, o homem recebeu a revelação de Deus por meio da natureza, da lei, só que o Verbo traria uma maior revelação a toda a humanidade.

Quando essa luz se manifestou, nem todos se voltaram para ela; antes, foram contra ela, pois não foram capazes de discernir entre as ditas revelações do passado com o que agora estava sendo revelado em Cristo.

Cristo veio como uma bênção para todos os homens. Aqueles que o receberam passaram a ter direito à herança divina, visto que agora foram feitos filhos de Deus, tudo porque creram no seu nome, ou seja, na sua pessoa. Esse nascimento não vem por meio dos processos humanos: sangue e carne, que é vontade natural, que no caso João usou aqui a palavra marido (Andrós — normalmente um adulto, varão, marido ICoríntios 13.11; Atos 8.3,12;
Marcos 10.2), mas esse novo nascimento aconteceria por meios sobrenaturais. E não somente isso, agora essa nova família iria carregar o nome de Deus, e não um nome de uma família da terra.

João mostra que a encarnação do Verbo foi de grande importância, pois Deus já tinha se revelado ao homem pela natureza e na sua própria consciência, mas era preciso algo revelado, um objeto próprio para o homem neje colocar a sua fé. Por isso o Verbo se fez carne. Daquele momento em diante, o homem não teria mais do que se queixar, se o mundo natural o levasse a adorar qualquer deus, se a sua consciência estava corrompida, com a revelação do Verbo, a encarnação de Jesus, ele poderia alcançar uma verdadeira fé. Desse modo estaria livre do panteísmo, do
gnosticismo.

É em Jesus Cristo que se encontra a graça e a verdade. Ele faz oposição a todo e qualquer ensinamento errado. Jesus é a glória de Deus que habita entre os homens. Era isso que João queria dizer quando declarou que o Verbo se fez carne, fazendo
ligação com o que Moisés escreveu no uso da palavra tenda, do hebraico 'ohel (Êx 40.34), que fala de armar a barraca, acampar (Gn 13.12,18; Is 13.20). Na encarnação de Cristo, Ele se torna o Deus conosco, aquEle que armou sua tenda entre os homens (Mt 1.23).

João Batista trouxe ao mundo a melhor mensagem, pois mesmo que Moisés tenha o seu lugar como uma pessoa usada por Deus, como um grande homem no meio dos israelitas, ele apenas falou de uma Lei, mas que não podia salvar, mas condenar. João
Batista foi um grande homem usado por Deus, mas sua missão era apenas falar da pessoa do Messias. Cada um trouxe algo de Deus para a humanidade, mas somente Jesus pôde se revelar ao mundo como as verdades de Deus e a vida verdadeira para o homem.

Quando Jesus Cristo se manifesta, as teofanias bíblicas deixam de ter a sua importância, pois mesmo que tais aparições tivessem sua canonização elas jamais poderiam revelar a Deus em sua essência. E isso que João quer dizer quando afirma: “Ninguém jamais viu a Deus, em se tratando da natureza real dEIe”.

Quando Jesus passa a viver no meio da humanidade, Ele se torna a Palavra em essência para nós, Ele é o hermeneuta do Pai, pois Jesus veio ao mundo para declarar a vontade do Pai. Por isso Ele disse: “Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9). Como diz certo teólogo, Jesus interpretou Deus ao homem.

Heresias: A Quebra da Comunhão
Haireses fala de escolha, é tomar algo para si. No seu aspecto negativo, fala de pessoas que tomam uma doutrina errada, então tal grupo passa a ser denominado de seita. Primariamente, haireses não tem um sentido negativo, pois apenas quer dizer escolha ou partido. Posteriormente essa palavra passou a ser vista de modo negativo, apontando para uma deterioração da boa doutrina.
Haireses passou a ser descrita como alguém que cria levante, contrariando a opinião do grupo naquilo que se acredita. Na Coleção de Ensinos Teológicos, o pastor José Apolônio diz:

A palavra “Heresiologia” deriva-se do vocábulo grego “hairesia”, que significa opinião escolhida, seleção preferência, e “logia” — tratado ou estudo. Assim a palavra exprime:

Estudo sobre opinião escolhida, em oposição a uma disciplina aceita, acatada. É, pois, uma doutrina falsa. (2006, p. 11)
Nas diversas definições para a palavra heresia, seguindo a Septuaginta, podemos dizer que ela pode ser conceituada deste modo:

a) Escolha voluntária para se fazer ou ofertar algo (Lv 22.18).
b) Opiniões escolhidas para destruir algo (2Pe 2.1).
c) Partidos que têm suas opiniões próprias (At 5.17; 24.14; 28.22).

Falamos anteriormente que a palavra seita não carregava doutrinariamente um aspecto negativo e, historicamente, Eusébio falava da igreja como sendo uma santíssima heresia, isto é, um grupo que aceitou a doutrina e optou por viver nela.

Mas baireses como obra da carne aparece no contexto bíblico no sentido de facção, especialmente nos textos de 1 Coríntios 11.19 e Gálatas 5.20, que fala das dissidências de opiniões entre os cristãos. Entendemos, então, na referência que Paulo faz de
heresias como obra da carne, que seu propósito é destacar não a questão doutrinária, mas sim o espírito de partidarismo e facção entre os crentes, as opiniões carnais que dividiam o corpo de Cristo.

O apóstolo Pedro, falando da heresia em seu aspecto negativo que depois passou a invadir a comunidade de salvos, diz:
E também houve entre o povo falsos profetas, como entre ' vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. (2 Pe 2.1)

Um crente que não tem base bíblica, estrutura, deixa-se facilmente dominar por tais heresias, mas Deus pesará a sua mão contra os mesmos, e contra os falsos mestres, Pedro enumera no capítulo citado acima quatro informações sobre os falsos mestres:

 a) Eles entram na igreja dissimuladamente. Eles não agem de supetão; começam nas casas, nas portas das cozinhas, em reuniões particulares, em movimentos espirituais isolados, em montes.
São os clandestinos do Reino. Eles estavam presente nos dias de Paulo (2Tm 3.6).

b) A mensagem deles. Atacam a Bíblia, a Cristo, fazem isso mostrando que têm grande espiritualidade. Assim, passam a renegar ao Senhor. Eles tomam o lugar da Palavra em suas mensagens, não procuram dar valor à revelação bíblica; antes, forjam histórias, contam curas que nunca aconteceram, milagres quando nunca sucederam, seus ensinos são pervertidos, e envenenam a vida dos que ouvem, isto é, se não tiver estrutura, conhecimento da Palavra de Deus. As mensagens deles são difíceis de serem identificadas, visto que eles não fazem isso logo de início e publicamente. Eles pervertem os bons costumes, vendem uma vida de ilusão, prometem liberdade, mas é um tipo de liberdade que escraviza.

c) Eles são movidos pelo dinheiro. Seus corações são dominados pelo desejo de ter muito mais dinheiro. São como Geazi: estão dispostos até a mentir em troca de terem o que o seu coração deseja (2 Rs 5.20-27). São dominados pelo desejo de terem fama, nome, posição. Assim, conforme falou Paulo, a piedade deles é disfarçada. Eles são semelhantes a ovelhas, todavia, são lobos devoradores (Jo 10.11-13).

d) O fim deles. Pedro diz que tais mestres não ficarão impunes, eles serão julgados pelo Senhor por causa de suas heresias. Pedro faz um apanhado histórico, cita os anjos que se rebelaram contra Deus e foram punidos, cita o Mundo Antigo, que também foi punido com o Dilúvio, escapando apenas Noé e sua família. Cita Sodoma e Gomorra, que foram destruídas com fogo e enxofre, e mostra que Deus livrou a Ló, e que Ele livra os seus servos, pois sabe como socorrer o justo na hora da provação.

As heresias ensinadas pelos falsos mestres e doutores são perigosíssimas, pois levam pessoas a negarem o Senhor, visto que seu alvo é arrebatar pessoas para si com o intento de formar seus próprios partidos. Na obra Heresias e Modismos, do pastor
Esequias Soares, ele fala desses heresiarcas assim:

[...] Os heresiarcas são fundadores e líderes de seitas ou movimentos heterodoxos. Eles são contra tudo aquilo que cremos e pregamos desde o princípio e procuram contestar com argumentos ardilosos, sofismas e persuasão. As principais doutrinas da teologia cristã: a Bíblia, a doutrina de Deus, a identidade de Cristo e a sua obra, o homem e o seu destino são os pontos mais atacados por tais líderes. Esses pontos foram atacados desde a era apostólica. (SOARES, 2006, p. 28, 29)

O grande mal da heresia, conforme Paulo e Pedro mencionam, como obra da carne, é quando ela dá origem a partidos dentro da igreja destruindo sua unidade, harmonia, gerando uma má conduta entre os membros. E isso que Paulo diz dos cristãos de Corinto. Eles deixaram a comunhão, a festa agápe, e passaram a formar pequenos partidos, os quais já não participavam dos mesmos ideais, antes eram egoístas e presunçosos, excluindo algumas pessoas e fazendo preferências por outras.

Entendemos então que o haireses é uma obra perigosa da carne, pois seu propósito é dividir, estragar a unidade que foi formada por Cristo Jesus (Jo 17.21). A essência do verdadeiro cristianismo não é a formação de grupinhos, não eleva um e rebaixa o outro. Caso algum membro da igreja esteja dominado por esse sentimento maléfico, não estava vivendo a verdadeira comunhão com Jesus.

O pastor, como servo de Cristo, tem a responsabilidade de vigiar o rebanho e lutar pela sua unidade. Não é seu dever de imediato expulsar alguém que talvez esteja sendo seduzido por algum tipo de heresia. Paulo, em seu ministério, teve que enfrentar muitos heréticos, os quais buscavam sempre causar divisão, mas ele procurou ensinar sobre a verdade em Cristo Jesus, e para os que eram facciosos, ensinavam vãs filosofias, falava que eles deveriam ser admoestados pelos menos três vezes. Caso não atendessem, logo deveriam ser evitados (Tt 3.10).

O combate que Paulo fazia contra os hereges é porque ele sabia que seus ensinos errados tanto criavam facções como perturbavam a paz da igreja. Um ensino errado que Paulo e João tiveram que combater fortemente foi o gnosticismo.
Para o teólogo William S. Smith, o gnosticismo era caracterizado por um aspecto filosófico cristão, pois ensinava que a salvação deste mundo mau acontecia por meio de um conhecimento (gnosis), nesse caso o gnosticismo era uma filosofia.
O gnosticismo cristão afirmava que o Deus sublime, não o Deus inferior que criou o mundo, enviou Cristo para salvar o espírito do homem deste mundo mau, por seu ensino e exemplo. Na visão desse gnosticismo cristão, Jesus seria apenas um pedacinho de Deus.

Os defensores do gnosticismo diziam que o mundo existente era resultado de sucessivas criações. Tudo funcionava mais ou menos assim: alguma coisa criou certo mundo, e do mundo criado veio outro mundo até surgir a humanidade.
No pensamento gnóstico, o homem estava em uma posição inferior, pois ele era um resultado último de várias sucessões, por isso não poderia se aproximar de Deus.

E a partir desse momento que os gnósticos dizem que o homem precisava de seres angelicais, intermediários espirituais, emanações diversas que entrassem em contato com os deuses. Esses seres espirituais precisavam ser cultuados, reverenciados e adorados.

Crê-se que as cartas pastorais foram escritas para combater esse ensino errado, essa heresia (2 Tm 2.23; 3.1), as quais eram ensinadas e espalhadas pelos falsos mestres. Observe bem, no contexto de 1 Coríntios 11.19, as facções surgem por causa de preferências por pessoas, as quais eram muito estimadas; já no contexto de 2 Pedro 2.1, a divisão acontece por meio dos ensinos heréticos.

 Portanto, o ensino de Paulo sobre como tratar os hereges, é que eles primeiramente devem ser advertidos, e caso não aceitem a correção então devem ser ignorados, pois é necessário que haja separação dos tais (2 Tm 3.5; 1 Tm 5.8; Tt 1.16; 2 Ts 3.6). Jamais devemos agir como no passado, em que a igreja católica montou o tribunal de inquisição, matando muitos cristãos, ou agir como João Calvino, que em Genebra, Suíça, matou mais de sessenta pessoas, isso sem contar com as prisões.

FONTE:
Livro de apoio 1º Trimestre de 2017
As Obras da Carne e o Fruto do Espírito
Escrito por: Osiel Gomes.
Osiel  Gomes é pastor, formado em Teologia, Filosofia, Direito, Pedagogia, Psicanálise e pós--graduado em Docência do Ensino Superior.

Preside a Igreja evangélica Assembleia de Deus - Campo Tirirical, em São Luis, Maranhão