A falsa espiritualidade na adoração

1. Infelizmente, tornaram-se comum em muitos pseudos cultos de adoração as manifestações de falsa espiritualidade. Cristo asseverou que profetizar, expulsar demônios, operar curas e milagres, realizar sinais, prodígios e maravilhas não são garantias de espiritualidade e nem mesmo autenticam a santidade de alguém (Mt 7.22-23).
2. Jesus também ensinou que o exercício dos dons espirituais não assegura a salvação de ninguém. Ao contrário, os dons contaminados pela iniquidade impedem o acesso ao Reino dos céus (Mt 7.21). A iniquidade deve ser conceituada como considerar normal o que é pecado, acostumar-se com o pecado, tolerar a prática do pecado e ter a consciência cauterizada pelo pecado (1Tm 4.2).
3. Quanto aos dons espirituais, o apóstolo Paulo exorta a igreja em Corinto para que não os usem de forma egoísta, e sim com o propósito de edificar o corpo de Cristo (1Co 14.12). Desse modo os dons não são concedidos para a soberba ou vaidade de ordem pessoal, nem para demonstração de suposta superioridade espiritual.
4. Apesar das advertências bíblicas, frequentemente nos deparamos com falsas manifestações em nosso meio. Por vezes, os dons são usados de modo equivocado para autopromoção espiritual de quem os exercita. Outras vezes os dons são usados para encobertar pecados, amordaçar e impedir o desejo de justiça no seio da Igreja. Não raras vezes os dons são utilizados como barganha e fonte de lucro tal qual fizera Balaão (2 Pe 2.15).
5. Os dons espirituais quando usados sem temor e humildade afrontam a santidade de Deus. Imprimem falsa espiritualidade nos cultos e produz uma geração de crentes doentes, capengas, carnais e suscetíveis ao pecado. Paulo lembra que o exercício dos dons espirituais sem o exercício do amor não possui valor algum diante de Deus (1Co 13.1-3).
6. O apóstolo Paulo ensina, ainda, que na adoração cristã pública é indispensável a presença de salmos (louvores), doutrina (ensino e pregação bíblica), revelação, língua e interpretação (manifestação dos dons espirituais). No entanto, enfatiza: “Faça-se tudo para a edificação” (1Co 14.26).
7. Porém, em alguns lugares, os cultos de adoração ao Senhor estão sendo profanados. Profanação significa desrespeito, irreverência ou violação daquilo que é santo ou sagrado. Os louvores não servem para a edificação da Igreja. Diversos louvores são triunfalistas e sequer mencionam o nome de Cristo e servem apenas para autopromoção de quem canta e de euforia e até histerismo coletivo para quem escuta.
8. É notório também que as mensagens deixaram de ser bíblicas e viraram palestras de auto-ajuda. Tais mensagens abandonaram os temas mais caros do cristianismo, tais como, arrependimento, confissão de pecados, santidade, salvação, libertação, arrebatamento da Igreja e a volta de Jesus. Tais temas foram substituídos por ideologias da cultura pós-moderna, entre eles, prosperidade (amor ao dinheiro), hedonismo (prazer como bem supremo), narcisismo (amor por si próprio), relativismo (a verdade mutável), jactância (exaltação da vaidade) e tantos outros.
9. Assim, o culto e a adoração são profanados. Os ouvintes são iludidos e enganados por falsas mensagens que não promovem edificação. Assim, a falsa espiritualidade condena as pessoas a viverem presas ao pecado sem nunca experimentarem a libertação por meio da verdade.
Pense nisso!
 Douglas Roberto de Almeida Baptista
Fonte do arquivo: http://www.cpadnews.com.br/


"SUBSÍDIO TEOLÓGICO" A Evangelização dos Grupos Religiosos

I. Religião, Necessidade ou Invenção
Afinal, o que é a religião? Invenção divina? Ou necessidade humana? Se partirmos do pressuposto de que Deus, como o Criador de todas as coisas, nada precisa inventar, concluiremos que a verdadeira religião não é
invencionice divina, mas a expressão máxima do amor que levou o Pai Celeste a enviar o Filho a morrer em nosso lugar. O homem, porém, ao afastar-se de Deus, endeusou-se, e pôs-se a inventar as mais absurdas seitas e as mais esdrúxulas religiões.

1. Religião, religar ou reler. A palavra hebraica traduzida ao português como “religião” é avodháh que, entre outras coisas, significa trabalho e adoração. Se formos ao grego do Novo Testamento, constataremos que o termo Thréskeia, usado por Tiago, não traz a ideia de uma religião meramente formal, mas evoca a adoração que Deus requer de cada um de nós (Tg 1.26). A religião, portanto, não deve circunscrever-se à liturgia, mas ampliar-se no serviço que a criatura tem de prestar continuamente ao Criador. É por isso que, no inglês, a palavra “culto” é traduzida pelo vocábulo service.

Examinemos agora o mesmo termo em latim. O vocábulo religio é interpretado de duas formas que, embora distintas, são harmônicas.  Buscando o étimo exato do referido termo, o orador romano Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.) explica que religio provém do verbo latino relegere, que ostenta este significado: reler. Mas que leitura deve o homem retomar?
Sem dúvida, daquilo que Deus nos inscreveu na alma, para que jamais o esquecêssemos. Não é uma explicação despropositada, pois ainda que mortal, a criatura traz no espírito a eternidade do Criador. Ouçamos o sábio de Israel: “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim” (Ec 3.11).
Sem a eternidade que nos vai na alma, a religião seria impossível. Mas, posto que lá se encontre, insta-nos a deixar o tempo para comungarmos com o Eterno. Eis por que Cícero, apesar de desconhecer os profetas hebreus, interpretou tão bem o significado da religião. Todas as vezes que lemos o que Deus nos escreveu no coração, somos tomados de um almejo muito grande por sua companhia.
Agostinho (354-430) dá outra interpretação à palavra religio No entender do grande doutor da Igreja Cristã, o termo não significa propriamente reler, mas religar. Essencialmente, porém, não há diferenças substanciais entre a sua acepção e a de Cícero, porque ambas remetem-nos ao encontro pessoal que a criatura almeja ter com o Criador. Conclui-se, pois, que a religião verdadeira é serviço, adoração, releitura da alma e um religar entre a criatura e o Criador. Mas tudo isso só é possível por intermédio de Jesus Cristo, o único medianeiro entre o homem e Deus, porquanto Ele é Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus.

2. Religião, necessidade universal. Ao chegar a Atenas, deparou-se Paulo com uma metrópole entregue aos ídolos e aprisionada à idolatria.  Naquela cidade, era mais fácil encontrar um deus do que um homem. Em todas as esquinas, havia um nicho; em cada praça, um santuário; em cada logradouro, um templo. O apóstolo observou também que, entre todos aqueles altares, havia um consagrado ao Deus Desconhecido.
Tendo como ponto de partida aquele insólito objeto de culto, Paulo utilizou-o, a fim de mostrar aos filósofos epicureus e estoicos as bases da verdadeira religião. Ele deixou-lhes bem claro que o sentimento religioso,
que é universal, deve ser centrado apenas no Deus Único e Verdadeiro.
Ouçamos o apóstolo: Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: Ao Deus Desconhecido. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais; de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós; pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração. Sendo, pois, geração de Deus, não devemos pensar que a divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra, trabalhados pela arte e imaginação do homem. Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos. (At 17.22-31, ARA) Esse belíssimo discurso, que em nada fica a dever aos mais celebrados oradores gregos e latinos, faz um resumo do verdadeiro conhecimento divino e da finalidade da religião. O apóstolo, sem condenar diretamente a religião da Grécia, mostra indiretamente a supremacia da religião de Israel que, fundamentada na pessoa de Cristo, é tão única e verdadeira quanto Verdadeiro e Único é Deus.
Conclui-se, pois, que o anseio religioso é universal. Não há povo, nação ou raça que viva à parte de cultos e devoções. Tal anseio, porém, tem de ser carreado a Deus, e não aos ídolos e aos demônios, pois o Senhor não partilha sua glória com ninguém.


3. Religião, separação e invenção. Deus não apenas é o criador da verdadeira religião, mas a verdadeira religião em si. Toda a nossa adoração, serviço e culto devem ter, como alvo supremo, glorificar-lhe o nome.
Por isso, Ele ordena ao seu povo, Israel, no preâmbulo dos Dez Mandamentos:
Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos. (Êx 20.2-5, ARA) Mas o homem, descumprindo as ordenanças divinas, inventou, a partir de si e para si, as mais estúpidas e abomináveis religiões, conforme Paulo escreve aos romanos:
A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!
Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro. (Rm 1.18.27, ARA)
Nessa passagem, Paulo mostra como evoluiu a religião humana. Ao ignorar o Criador, os gentios puseram-se a adorar a criação. E, de forma abominável, rebaixaram-se a servir à madeira, à pedra e ao metal. Havia
deuses inclusive de ouro, como aquela imensa estátua erguida por Nabucodonosor. Como um abismo sempre chama outro abismo, eis que as gentes, principalmente as cananeias, lançaram-se aos atos mais hediondos.
Os adoradores de Baal-Peor despojavam-se na permissividade. Quanto aos devotos de Moloque, não se conformando em incensar o horrível ídolo com as práticas mais licenciosas, punham-se a queimar seus filhinhos, a fim de aplacar a ira daquele deus tão assassino quanto seus adoradores.

lI. Mitos sobre a Religião
Sendo o homem um ser religioso, vem ele cristalizando, ao longo de sua romaria espiritual, alguns mitos em torno da religião. Tais mitos, na verdade, não passam de subterfúgios, que o levam a esconder-se da face divina. Isso significa que, frente à nossa vocação religiosa, há tão somente duas alternativas: ou adoramos ao Deus Único e Verdadeiro ou não o adoramos. Se não o adoramos, a quem estamos cultuando? A nós mesmos ou a Satanás?

1. Mito um: todas as religiões são boas. Se há tão somente duas religiões, como podemos afirmar que todas as religiões são boas. Como já dissemos, ou servimos a Deus, ou prestamos cultos a nós mesmos e a Satanás. Mas partamos do princípio de que todas as religiões são boas.
Vejamos, por exemplo, o caso de Moloque. Em sua adoração, os amonitas queimavam suas criancinhas (Lv 18.21; Jr 32.35). E, no culto a Baal-Peor, divindade venerada por midianitas e moabitas, os desregramentos sexuais não tinham limites (Os 9.10). Em consequência desses cultos vergonhosos, o Senhor castigou severamente a Israel (Nm 25; Jr 32.35). Vê-se, pois, que nem todas as religiões são boas.
Levemos em conta, também, o islamismo que, para expandir-se, apregoa uma guerra tida como santa. Aos olhos dos radicais, todos os povos, acreditando ou não em suas narrativas e proposições, têm de se curvar a Maomé. Tal religião não pode ser boa, pois se impõe pelo terror e pelo medo. Sei que não devo generalizar, mas o Estado Islâmico é o resultado do livro que, em nenhum momento, declara que Deus é amor. Aqui, devemos incluir o cristianismo sem Cristo da igreja católica de Urbano II, que, na recaptura de Jerusalém, derramou muito sangue inocente.

2. Mito dois: todas as religiões levam a Deus. Com base nos casos mencionados nos tópicos anteriores, como podemos alegar que todas as religiões levam a Deus? No tempo de Paulo, a civilização greco-latina dava-se ao culto aos demônios (1 Co 10.20,21). Hoje, não é diferente.
Muitos são os que sacrificam animais e víveres aos ídolos. E, nos últimos dias, a humanidade adorará a Besta, o Falso Profeta e o Dragão (Ap 13.4). Tais religiões não conduzem o homem a Deus, mas ao Diabo. Não nos esqueçamos daqueles que, declaradamente, prestam culto a Satanás.

3. Mito três: nenhuma religião é verdadeira. Conforme já vimos, a Bíblia declara que existe, sim, uma religião verdadeira que é descrita, por Tiago, como pura e imaculada (Tg 1.27). Por conseguinte, não podemos nivelar, por baixo, a religião que nos foi concedida pelo Senhor por meio de seus santos profetas e apóstolos.
A religião verdadeira é a revelação que Deus fez de si mesmo através das Escrituras Sagradas, para que o adoremos como o Único e Verdadeiro Senhor, e ao seu Unigênito, Jesus Cristo, como o nosso Único e Suficiente Salvador. Em sua oração sacerdotal, o Senhor Jesus descreve a verdadeira religião (Jo 17).
Já não resta dúvida alguma. Há somente duas religiões: a divina e a não divina. Logo, é a nossa obrigação pregar a Cristo aos religiosos, mesmo que estes sejam rotulados, às vezes, de evangélicos.

4. Mito quatro: há muitas religiões. Do que acima dissemos, concluímos haver apenas duas religiões: a divina e a não divina. A primeira é descrita por Tiago como sendo pura e imaculada, pois, além de reconhecer a Deus como o Pai dos que recebem Jesus Cristo, traduz-se por obras meritórias e boas como evidências de uma fé verdadeira e santa (Tg 1.27).
Por conseguinte, o apóstolo denota existirem apenas duas religiões: a imaculada e pura e a impura e maculada. A primeira é a religião dos patriarcas, dos profetas e dos apóstolos, tendo como fundamento a encarnação, a morte vicária e a ressurreição do Filho de Deus. Quanto à segunda, é a religião que, tendo como alicerce a mentira que Satanás contou primeiro a si mesmo e, depois, a nossos pais, no Éden, vem desdobrando-se em seitas que, rapidamente, ganham foros de religião.
Diante de nossa responsabilidade espiritual, enfatizo, existem apenas duas alternativas: ou adoramos a Deus, que é a religião pura e imaculada; ou adoramos a nós mesmos e ao Diabo, que é a religião impura e maculada pela mentira, pelo pecado e por uma rebelião interminável contra o Deus Único e Verdadeiro.

lII. Como Evangelizar os Religiosos
Tendo como exemplo a ação evangelística de Jesus, vejamos como expor o Evangelho aos religiosos.
1. Não discuta religião. Ao receber Nicodemos, na calada da noite, o Senhor Jesus não perdeu tempo discutindo os erros e desacertos do judaísmo daquele tempo. De forma direta e incisiva, falou àquele príncipe judaico sobre o novo nascimento (Jo 3.3). Sua estratégia foi certeira. Mais tarde, Nicodemos apresenta-se voluntariamente como discípulo do Salvador (Jo 7.50; 19.39). Em vez de contender com os religiosos, exponhamos-lhes que Cristo é a única solução à humanidade caída e carente da glória de Deus.

2. Não deprecie religião alguma. Em seu encontro com a mulher samaritana, Jesus não depreciou a religião de Samaria, nem sublimou a de Israel, mas ofereceu-lhe prontamente a água da vida (Jo 4.10). A partir da conversão daquela religiosa, houve um grande avivamento na cidade, repercutindo pentecostalmente em Atos (At 8.5-14). Se depreciarmos a religião alheia, não teremos tempo para falar de Cristo, pois a evangelização exige ações rápidas e efetivas.
3. Mostre a verdadeira religião. Sem ofender a religiosidade de seus ouvintes, mostre, em Jesus Cristo, a verdadeira religião. Foi o que Paulo fez em Atenas. Tendo como ponto de partida o altar ao Deus Desconhecido, anunciou-lhes Cristo como o único caminho que salva o pobre e miserável pecador (At 17.26-34). Se agirmos assim, teremos êxito na evangelização dos católicos, espíritas, judeus, muçulmanos, ateus e desviados.
IV. Ateu, Sim, Graças a Deus Como evangelizar alguém que diz não acreditar em Deus? Antes de tudo, não percamos tempo em provar-lhe a existência do Criador, pois não há criatura moral que ignore a presença divina na criação. Por isso, adotaremos os seguintes passos na evangelização de um ateu.
1. Fale de Cristo, em primeiro lugar. O problema do ateu não é a descrença na existência de Deus, mas a sua crença em Jesus Cristo. Via de regra, quem se deixa enganar pelo ateísmo destaca Jesus como um líder religioso, mas o ignora como o fundamento da verdadeira religião. Por esse motivo, proclame Jesus, logo de início, como a única esperança que tem o homem neste mundo. Evite discussões acadêmicas, pois tais esterilidades jamais levarão o incrédulo aos pés de Cristo. Se bem evangelizado, o ateu saberá que está em perigo. Conscientize-o, então, de que a sua descrença quanto à existência de Deus não o livrará do Juízo Final. Seja direto e claro na exposição da mensagem da cruz.
2. Veja o ateu como alguém que precisa de Cristo. Na evangelização de um ateu, temos a tendência de olhá-lo como um pecador diferenciado, em razão de sua loquacidade. Na verdade, trata-se de um pecador como os demais. Seu aparente intelectualismo é um verniz tão fino, que não resiste ao primeiro golpe da espada do Espírito. Mesmo que não venha a converter-se, a marca do evangelho tornar-se-á indelével em sua alma. Não nos preocupemos em fazer-lhe a apologia da existência divina, porquanto o evangelho, em si, já demonstra cabalmente a realidade de um Deus bom, justo e amoroso; a verdade quanto ao pecado e à condenação do pecador; a eficácia da obra de Cristo; e o destino dos que rejeitam o Filho de Deus. Logo, seja amoroso, mas firme, na exposição da mensagem da cruz.
V. Católicos, Cristãos à Procura do Cristianismo Embora nominalmente cristãos, os católicos acham-se presos à idolatria, ao misticismo e, boa parte deles, a um perigoso sincretismo. Por isso, em sua evangelização, não ofenda Maria, nem os santos venerados por eles. Evite apontar a igreja evangélica como superior à católica. Antes, exponha-lhes Jesus como o caminho, a verdade e a vida (Jo 14.6; Hb 13.8). Na evangelização de um católico, observe os seguintes pontos.
1. Apresente Jesus como o único mediador entre Deus e os homens.
Se soubermos como expor-lhe Jesus como o único medianeiro entre o pecador e o Deus amoroso, porém justo, nem precisaremos falar sobre a inutilidade dos ídolos (1 Co 8.4). Mostre-lhe que o Filho é o único caminho que nos leva ao Pai. No entanto, se o seu interlocutor arguir-lhe a respeito da idolatria, não busque uma resposta socialmente correta; seja verdadeiro. No ato da evangelização, a verdade é o diferencial entre a salvação e a perdição de uma alma.
2. Não fale mal de Maria, mãe de Jesus. Por mais de quatrocentos anos, Maria foi vista pelos cristãos como a Bíblia no-la apresenta: serva de Deus e mãe de Jesus Cristo. Fugindo à divinização, ela se confessa
necessitada do Salvador, que trazia no ventre (Lc 1.46-56). Por ela, Jesus também morreu. Portanto, se lhe fôssemos escrever a biografia, usaríamos apenas nove palavras: Maria foi a cristã mais exemplar da História
Sagrada. A partir do quinto século, a imperatriz consorte do Império Romano do Oriente dá início ao culto mariolátrico, que viria comprometer a teologia de boa parte da cristandade. Élia Pulquéria muito se empenhou para que Maria fosse reconhecida como Theotokos Em grego, a expressão significa mãe de Deus. Por meio desse subterfúgio, guindava-se Maria a uma posição superior a do próprio Deus. Desde então, o culto de Maria toma conta da igreja católica e até do islamismo. Aliás, Maria é mais citada no Corão do que em o Novo Testamento. Por esse motivo, na evangelização de um católico, não ofenda a mãe de Jesus que, por sinal, foi salva como também o fomos. Antes mostre o Filho de Maria como o único mediador entre Deus e os homens. Para os católicos, Maria é mãe; para nós, uma irmã em Cristo que, no arrebatamento da Igreja, experimentará os poderes da ressurreição.
3. Não apresente a igreja evangélica como superior à católica.
Lembre-se, não estamos promovendo uma guerra religiosa, mas falando do amor de Cristo a um grupo que, embora se declare cristão, está longe do verdadeiro Cristo. Por isso mesmo, não mostre a igreja evangélica como se fora superior à católica. Mas não deixe de convidar os adeptos do romanismo a visitar a sua igreja.
VI. Espíritas, a Eternidade Presa no Tempo
Na evangelização dos espíritas e dos adeptos dos cultos afros, não os ofenda, dizendo que tais religiões são demoníacas e inspiradas por Satanás. Mas, com amor e sabedoria, convença-os, pela Bíblia, de que aos homens está ordenado morrerem uma única vez, e que o sacrifício de Jesus Cristo é suficiente para levar-nos ao Pai (Hb 9.27; 1 Pe 3.18). Considere, ainda, estes pontos:
1. Valorize a fé, mas não desqualifique as boas obras. O espiritismo notabiliza-se por entidades filantrópicas por todo o Brasil. Por isso, quando formos evangelizar um de seus adeptos, sejamos prudentes ao falar-lhe sobre a salvação pela fé. Mostre-lhe que as obras, em si, são insuficientes para salvar-nos. Acrescente, porém, que, pela fé em Jesus Cristo, fomos chamados às boas obras, pois estas evidenciam a confiança que depositamos em Deus. Evite discussões e contendas, pois estas nos afastam de nosso verdadeiro alvo: levar o evangelho de Cristo a todos, em todo tempo e lugar, por todos os meios.
2. Não ofenda as religiões espíritas e africanas. Todos sabemos que tanto o espiritismo quanto os cultos afros não provém de Deus. Seus adeptos, porém, não o sabem. Por isso, não devemos desmerecer-lhes as crenças, dizendo que eles servem aos demônios. Se formos habilidosos na exposição da Palavra Deus, eles não demorarão a concluir o óbvio.
3. Não tenha medo dos espíritas e dos adeptos dos cultos afros. Há crentes que, apesar de já haverem experimentado os poderes do mundo vindouro, ainda demonstram um pavor injustifi cado quanto às práticas
espíritas e aos cultos afros. Tal medo, porém, impede-nos de evangelizar os discípulos de Alan Kardec e os herdeiros da mitologia africana que, em nosso país, espalham-se de norte a sul. Por esse motivo, deixemos de lado esses temores, e, com amor e prudência, falemos de Cristo a todos, sem marginalizar este ou aquele grupo. Respeitosamente, mas de maneira clara, objetiva e bíblica, levemos a mensagem da cruz a esses grupos religiosos que, supondo adorarem a Deus, afastam-se cada vez mais do Amado Senhor.
VII. Muçulmanos, uma Seita que se Fez Religião
Aquele meteorito poderia ter caído na Pérsia, no Japão ou em Jacarepaguá, onde moro. Ironicamente, veio a chocar-se no chão extremoso e quente de Meca. O evento causou muita estranheza e temor.
Aturdidos, indagavam os filhos de Ismael: “O que é isso? Um mimo dos deuses? Mas de qual deles?”. Pois, na cidade, sobravam deuses e faltava gente. Ao todo, 360. Um para cada dia do ano lunar. Havia inclusive um altar a Al-Ilah, o Deus Desconhecido dos árabes. Como ninguém sabia de qual deus proviera a tal rocha, se deste, se daquele, os moradores de Meca houveram por bem venerar a todos. Em redor do sidéreo, ergueram um nicho para cada um de seus deuses. Imaginavam eles que, desse jeito, não haveria ciúme, nem desavença no panteão. Parece que o arranjo deu certo.
1. A displicência cristã ante o fenômeno muçulmano. Os cristãos de Meca nenhuma importância deram ao fenômeno. Afinal, não era a primeira vez que um meteorito despencava do céu. Se houvesse, porém, algum discernimento entre aqueles crentes, todo o sistema idolátrico de Meca teria vindo ao chão. Infelizmente, tinham eles outras prioridades. Se os leigos nada fizeram, onde estavam os teólogos? Enquanto os árabes definiam-se religiosamente, os doutores da igreja ainda se achavam indefinidos quanto à natureza de Cristo. Atentemos a um fato curioso e prosaico. Foi entre os dois concílios eclesiásticos, que tiveram por sede a capital do Império Bizantino, que o Islã foi semeado, florescendo rapidamente pelo Oriente Médio, até frutificar às portas de Bizâncio.
2. O descaso dos concílios. No Segundo Concílio de Constantinopla, reunido em 553, os teólogos mais destacados da Igreja condenaram a doutrina de Orígenes e os escritos de Nestório. Só não condenaram a própria inércia. Virgílio, apesar de sua proeminência, nenhuma atenção deu à evangelização daqueles gentios. Ele bem que poderia ter sugerido o envio de missionários à Península Arábica. E, dessa forma, evitar que o Islã achasse um berço tão promissor. Maomé ainda não era nascido; a religiosidade de Ismael, porém, já havia sido dada à luz. Passados 127 anos, os chefes da Igreja voltam a reunir-se em Constantinopla. A essas alturas, o islamismo já fronteirava a sé cristã do Oriente. Mais uma vez, nenhuma menção é feita ao novo e incontrolável fenômeno religioso. A impressão que se tem é que aqueles teólogos, apesar de sua proverbial erudição, viviam à margem da história. Solenemente congregados, limitaram-se a dogmatizar as duas naturezas de Cristo, e a condenar o monotelismo. Que a medida fosse urgente, não se discute. Discutível era a sua postura missionária, pois a verdadeira teologia sempre resulta na salvação de almas.
Agatão, a figura de proa desse concílio, nada fez para evangelizar os árabes. Antes, desperdiçou o seu pontificado em amenidades. Aparou as farpas do clero inglês, elevou o bispado da Irlanda, fortaleceu o papado, entre outras fatuidades. O Taumaturgo, como era conhecido, pouca importância deu à obra missionária.
3. A expansão do Islã. Se os teólogos cristãos ainda se debatiam quanto à dupla natureza de Cristo, os árabes já não tinham qualquer dúvida sobre os dogmas do Islã. Para eles, Maomé já era um profeta maior que Jesus.
Dessa forma, o meteorito, que poderia ter servido de contato para se  apregoar o evangelho às tribos ismaelitas, converteu-se numa pedra de tropeço para o cristianismo. De Meca, o astuto Maomé arrancou os nichos de todos os deuses, inclusive do Deus desconhecido. Jeitosamente, plasmou Al-Ilah à sua imagem e semelhança, dando-lhe a alcunha de Alá. Quanto ao meteorito, em vez de ir parar num museu de história natural, ei-lo na Kaabah, o maior centro da peregrinação islâmica. Em Atenas, deparara-se Paulo com uma situação semelhante. Havia, ali, um retiro para cada divindade do Olimpo e um altar consagrado ao Deus Desconhecido. A partir desse elo, o apóstolo acorrenta os gregos com o evangelho de Cristo. Nem os filósofos deixaram de ouvir a proclamação da Palavra de Deus. Paulo soube como fazer teologia entre os que se agarravam à mitologia.
4. A dormência da academia evangélica. O que muitos acadêmicos evangélicos fazem, hoje, não é a teologia salvadora. Reúnem-se para discutir temas periféricos, que nenhuma edificação trazem. O problema agrava-se quando se ajuntam, a fim de realçar suas posições doutrinárias. Nesses encontros, que mais parecem uma Babel e em nada lembram o Cenáculo, os evangelistas não têm vez, nem voz. Enquanto isso, as forças do mal vão a galope conquistando terrenos que antes pertenciam à Igreja de Cristo.
Conta-se que, enquanto os comunistas tomavam a Rússia, o clero ortodoxo discutia a indumentária de seus padres. Entretidos, não oraram pela nação, não expuseram o evangelho, nem se congregaram em vigília.
Veio, então, o comunismo, levando muitos padres, rabinos e pastores à morte. Diante do martírio, viram-se eles constrangidos a reconhecer a veleidade de seus concílios.
5. O triste exemplo de Bizâncio. Não podemos agir como Bizâncio.
Em suas digressões teológicas, veio a ignorar as almas que, diariamente, despencavam no inferno. Para o clero bizantino, a mensagem da cruz nenhum valor tinha. O resultado não poderia ter sido mais trágico. No ano de 1453, os turcos otomanos, empunhando a bandeira do Islã, entram em Constantinopla e subjugam a cidade que abrigara concelhos, mas que já não tinha conselho algum aos fiéis. Hoje, as paredes da Igreja de Santa Sofia expõem a vaidade de um clero que, diante do clamor do mundo, ainda se digladiava quanto à cristologia simples, porém eficaz do Novo Testamento. Sim, algo tão singelo que qualquer criança da Escola Dominical define com mestria e largueza. Quando não pregamos, as pedras clamam. E, às vezes, de forma violenta.
6. Cristo aos refugiados muçulmanos. Enquanto escrevo estas linhas (22 de março de 2016), recebo a notícia de que a Europa acaba de sofrer mais um ataque do Estado Islâmico. Segundo as últimas notícias, homens-bombas explodiram-se no aeroporto de Bruxelas, matando e ferindo indistintamente adultos e crianças.
Ao mesmo tempo, continuam a chegar, aos países europeus, refugiados da Síria, do Iraque, do Paquistão e da Líbia. São milhares de pessoas despojadas de sua nacionalidade, cultura, língua e lar. E, como a maioria delas é muçulmana, passam a ser vistas com suspeição onde, depois de muito esperar, talvez encontrem algum refúgio. No Brasil, principalmente em São Paulo, o número de refugiados muçulmanos não é pequeno. Por isso, temos de vê-los como um campo missionário que veio até nós. Se agirmos com amor e oportunidade, haveremos de ganhar muitos desses exilados para Cristo. E, mais tarde, voltarão eles aos seus países de origem como missionários. O momento não pode ser desperdiçado. Os muçulmanos necessitam tanto de Cristo como os religiosos de outros grupos e etnias.
VIII. Evangélicos sem o Evangelho de Cristo
É chegado o momento de evangelizarmos um grupo que, embora se identifique como evangélico, acha-se, por um lado, distanciado do evangelho; e, por outro, distante do verdadeiro evangelho. Refiro-me aos desviados, aos desigrejados e aos que frequentam a maioria das igrejas que, de evangélicas, têm apenas o rótulo.
1. Desviados, ovelhas que se desgarram de seu pastor. Boa parte dos evangélicos que, pejorativamente, chamamos de desviados, jamais foram integrados plenamente à igreja visível. No ato de sua conversão,           foram recebidos imediatamente pela Igreja Invisível. E, invisíveis, permaneceram entre nós à espera de uma inclusão que não veio. Por isso, deixaram o “nosso rebanho”, a fim de se agregarem a outros apriscos. Sim, já é hora de buscarmos a centésima ovelha que, a essas alturas, já deve ser a milionésima, pois, todos os dias, milhares de preciosas almas deixam nossos redis, e não o percebemos. Cristo as ganha; nós as perdemos.
2. Desigrejados, ovelhas que não querem um pastor. Cresce o número de evangélicos que, apesar de amarem a Cristo, vieram a desamar a igreja local. São pessoas que se decepcionaram com o lado visível do povo de Deus. Não é fácil contatá-las, nem trazê-las de volta ao redil. Todavia, não podemos deixá-las sem o calor de nossa comunhão, pois, com o tempo, esfriar-se-ão na fé.
Dediquemos atenção e tempo a essas ovelhas que, amando o Bom Pastor, ainda não aprenderam a amar-lhe o rebanho. Se as convidarmos a estar conosco, em breve hão de desfrutar de nossa afeição. Não será difícil
encontrá-las; seus nomes acham-se nos róis de nossas igrejas.
3. Evangélicos sem o evangelho, ovelhas sem pastor. As igrejas evangélicas midiáticas acabaram por gerar um tipo de crente vazio de Cristo, mas cheio de fórmulas mágicas. Doutrinado a contribuir em busca de um favor divino, apega-se ao terreno, como se a sua vida fora perpetuarse no tempo, sem nenhuma perspectiva da eternidade.
Desprovidos do evangelho, os tais evangélicos são tão idólatras quanto os católicos. Se estes têm os seus santos, aqueles santificam de tal forma os seus estimados e infalíveis líderes, que os colocam acima do próprio Deus. Sem esboçar a mínima reação, são submetidos a uma lavagem cerebral que, num primeiro momento, despoja-os de seus bens; num segundo, de sua vontade; e, num terceiro, da própria alma. Além dessa idolatria, essas ovelhinhas são sincréticas em sua boa fé. Em vez de atuarem como o sal da terra, contentam-se elas com o sal grosso vendido a preço de ouro. Recuando às práticas mais trevosas e medievais, os evangélicos nominais praticam uma fé alicerçada em fórmulas mágicas, relíquias e indulgências. Para eles, a fé não é apenas um ópio, mas uma droga que os mantém afastados da realidade divina e alienados quanto à verdadeira fé.
É hora de evangelizarmos os que, dizendo-se crentes, ainda não creem como devem crer; identificando-se como salvos, ainda não experimentaram a alegria da salvação em Cristo; presumindo-se nascidos de novo, sequer foram gerados pelo Espírito; e, achando-se pentecostais, perdem-se num perigoso e nefasto misticismo. A esses, pois, apregoemos que Jesus, e tão somente Jesus, salva, batiza com o Espírito Santo, cura as enfermidades e que, em breve, há de voltar para levar-nos a estar com Ele para sempre.

Conclusão
Aproveitemos, pois, as oportunidades. Anunciemos a Cristo a tempo e fora de tempo. Ao nosso redor, há muitos pontos de contato que podem ser aproveitados para falarmos do amor de Deus ao vizinho, ao colega de trabalho, ao companheiro de estudos e ao transeunte que, atribulado e sem direção, perambula por nossas ruas.
Se proclamarmos o evangelho conforme o Senhor nos ordena, em breve alcançaremos os confins da Terra com a mensagem de salvação. Cristo, a Rocha Eterna que desceu do céu para fazer-nos subir ao Pai.
Deixemos bem claro, principalmente aos que se dizem religiosos, que somente o Senhor Jesus, o autor e fundamento da verdadeira religião, é que pode salvar-nos da perdição eterna.


(SUBSÍDIO TEOLÓGICO) EVANGELHO NO MUNDO ACADÊMICO E POLÍTICO

I. A Origem do Mundo Acadêmico

A academia, em si, não é deletéria nem letal  à verdadeira fé. Desde o
início da História, vem ela prestando relevantes serviços à humanidade.
El a gera conhecimentos, produz metodologias e referenda descobertas e
invenções. No entanto, o Diabo, o pai das mentiras mais sutis e das
inverdades mais delicadas, tudo faz por imiscuir-se em seu ambiente,
visando torcer-l he os resultados e conclusões.

1. Uma definição certa. A palavra “academia” provém do vocábulo
grego , Akadémeia, que, por seu turno, lembra a escola de filosofia que
Platão fundou em Atenas, em 387 a.C., junto a um jardim dedicado a
Academo, uma das muitas divindades da Grécia. Al i, o pensador grego
reunia os pupilos para ensiná-los a pensar de forma metódica, sistemática
e produtiva.

2. Preservação do conhecimento humano. A partir de então,
academias surgiram em várias partes do mundo. No século 15, Pompônio
Leto fundou a Academia Romana, que, além da filosofia, dedicava-se ao
estudo das ciências, das artes, da arqueologia e da gramática. Assim, elas
vieram a assumir um papel  referencial  na definição do conhecimento
humano. Sua palavra era suficiente para esclarecer dúvidas, fundamentar
certezas e iluminar os que iam e vinham em busca do verdadeiro saber.
Hoje, as academias são mais específicas. Esta se dedica à História;
aquela, às Artes; aqueloutra, à Filosofia; e, ainda esta, às Letras. Cada uma,
d e , consagra-se à preservação de uma área particular do
conhecimento humano.


3. A postura agnóstica da academia. Criado pelo romancista americano Dan Brown, o professor Robert Langdon é um retrato fiel  do acadêmico pós-moderno. A certa altura do filme , o professor de Harvard é questionado, por um funcionário do Vaticano, quanto à existência de Deus. O intrigante Langdon, uma espécie de alter  ego de Brown, responde de maneira orgulhosa e furtiva que, enquanto acadêmico, não havia sido preparado a responder àquela pergunta.
A resposta de Langdon é um reflexo da academia, que, indiferente a
Deus, faz-se hostil  ao evangelho. Jesus Cristo, contudo, tem de ser
apregoado nesse ambiente inamistoso e influenciado por Satanás. Nossa
tarefa, repito, não é destruir a academia, mas usá-la como instrumento à
expansão do Reino de Deus.

II. Jerusalém versus Atenas

Tertuliano (160-220), considerado o pai da teologia cristã ocidental , fez
uma declaração que realça a superioridade da fé evangélica em relação à
filosofia grega. Exaltando a força do evangelho, armou: “O que tem
Jerusalém a ver com Atenas?”. Vejamos, pois, em que consistem o
conhecimento de Atenas e a sabedoria de Jerusalém.

1. Atenas, a capital da filosofia. Atenas foi a mais importante cidade
da Grécia Clássica. Sua idade áurea situa-se entre 500 e 300 a.C., período
em que floresceram as artes, as ciências e, principal mente, a filosofia. Se
Esparta era a metrópole da guerra e da conquista territorial , Atenas
destacava-se por outro motivo. El a era a cidade de Sócrates, de Platão e do
estagirita Aristóteles. Seu alvo não era a hegemonia territorial , mas o
alargamento das fronteiras intelectuais.
Atenas era a cidade do homem natural . Em seus termos, a religião,
embora ainda forte e influente, já não conseguia satisfazer as necessidades
de um povo que idolatrava a razão e endeusava a cultura. Nesse sentido, o
homem ateniense era um perfeito reflexo da deusa a quem elegera como
padroeira. Protegendo as artes e as ciências, Atenas era também a senhora
do conhecimento.
O povo ateniense, porém, jamais logrou a paz em suas conquistas
intelectuais. Por essa razão, acabaria por eleger o Deus Desconhecido, a
quem consagraria um vistoso altar, como a sua derradeira esperança. Se fôssemos acrescentar mais alguma coisa sobre Atenas, diríamos que a
cidade toda era uma grande e orgulhosa academia. Não obstante, quando
da visita de Paul o ao Areópago, viu-se impotente para compreender a
beleza e a veracidade da ressurreição de Cristo.


2. Jerusalém, a cidade da paz e da verdadeira sabedoria. Apesar dos
conflitos que enfrentou ao longo de sua história, Jerusalém é conhecida
como a Cidade da Paz. Mas poderia ser considerada, também, o berço do
verdadeiro conhecimento, pois as Sagradas Escrituras têm-na como a sua
referência máxima. Foi na mais amada das metrópoles, que Deus se
manifestou plenamente a Israel , intimando-o a educar o mundo no
conhecimento divino, conforme destaca o profeta Miqueias:

Mas, nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor
será estabelecido no cume dos montes e se elevará sobre os outeiros, e
concorrerão a ele os povos. E irão muitas nações e dirão: Vinde, e
subamos ao monte do Senhor e à Casa do Deus de Jacó, para que nos
ensine os seus caminhos, e nós andemos pelas suas veredas; porque de
Sião sairá a l ei, e a palavra do Senhor, de Jerusalém. (Mq 4.1,2)
Quanto mais o tempo passa, mais vai Jerusalém adquirindo importância
espiritual , cultural  e política perante o mundo. Nenhuma outra cidade é
tão relevante quanto a capital  de Israel . No auge da História, segundo a
profecia, as nações correrão à morada da paz, pois assim se traduz o seu
nome, em busca do verdadeiro conhecimento. Ao contrário de Atenas,
cuja sabedoria não passava, às vezes, de especulação estéril  e vazia,
Jerusalém educará os povos, conduzindo-os à verdadeira paz. Pontificando
o governo do Messias de Israel  e Salvador do mundo, escreve ainda
Miqueias:

E julgará entre muitos povos e castigará poderosas nações até mui
longe; e converterão as suas espadas em enxadas e as suas lanças em
foices; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem
aprenderão mais a guerra. Mas assentar-se-á cada um debaixo da sua
videira e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os espante,
porque a boca do Senhor dos Exércitos o disse. (Mq 4.3,4)


O conhecimento emanado de Jerusalém resulta em redenções de vidas.
É por isso que a Bíblia Sagrada é o livro mais l ido, mais pesquisado e mais
debatido. Nenhuma outra literatura, mesmo as que se presumem sagradas,
exerce uma influência tão poderosa na vida do mundo.
Foi de Jerusalém que saiu o evangelho de Cristo, que, não se l imitando a
lançar as bases do mundo atual , vem redimindo milhões de pessoas ao
redor do planeta. Portanto, não há o que se comparar. Atenas, embora haja
ensinado o mundo a pensar, não logrou redimir nem a si mesma. Quanto a
Jerusalém, proporcionou a mensagem que ensina o homem não somente a
pensar corretamente, mas também a agir com piedade, ética e amor. O
evangelho de Cristo é inigualável . Por essa razão, indaga Tertuliano: “O
que Jerusalém tem a ver com Atenas?”.



III. José, o Primeiro Acadêmico de Deus

Deus não abomina as academias, nem odeia os intelectuais; entre seus
profetas e servidores, há notáveis acadêmicos. Neste tópico, destacaremos
José, filho de Jacó, que, arrebatado de um ambiente campesino, viria a
governar o Império do Egito e, de forma tão providencial , sal var do
extermínio a nação israelita.

1. O aprendizado teológico de José. Em companhia de seu pai, Jacó,
aprendeu José a relacionar-se com o Deus Único e Verdadeiro. Naquele
descampado imenso, veio a entender que o Altíssimo não se esconde em
sua transcendência, mas revela-se amorosamente em sua imanência. Eis
por que o Criador é conhecido, entre as nações, como o Deus de Abraão,
de Isaque e de Jacó.
Sem aquele curso teológico informal , o jovem hebreu jamais poderia
governar um império tão vasto e tão complexo como o egípcio. Isso
significa que a academia, na vida de nossos filhos e netos, tem de ser
precedida pela capela familiar. Doutra forma, serão subvertidos pela
cultura mundana. Já devidamente preparado espiritual mente por Jacó, foi
José conduzido por Deus ao Egito.

2. O aprendizado na casa de Potifar. As escolas pelas quais José passou eram tão informais quanto o estilo de vida dos hebreus. Não
obstante, proporcionaram-lhe he uma sólida formação humana, literária,
econômica, política e, acima de tudo, espiritual . Interpretando
teologicamente suas tribulações e agruras, ele sabia que fora subtraído à
casa paterna por um motivo soberano. Por isso, aproveitou cada prova e
provação, a fim de graduar-se no serviço divino.
Na casa de Potifar, aprende um novo idioma, o demótico. E,
consagrando-se aos afazeres daquela grande propriedade, inteira-se
rapidamente do sistema econômico e financeiro do Egito. Ao buscar a
excelência em tudo o que fazia, torna-se um grande administrador (Gn
39.5).
Mas, al i, aprenderia também o valor de uma vida incorruptível  e santa.
Tentado por sua senhora, manteve-se fiel  ao Senhor. Ele sabia que, se
viesse a ceder aos encantos daquela mulher, a sua carreira terminaria como
a dos outros escravos que o antecederam. Infelizmente, a academia pós-moderna nenhum valor dá à ética e à moral . Eis porque o nosso país
encontra-se numa situação tão calamitosa.
Potifar bem que poderia ter executado a José. No entanto, contentou-se
em mandá-lo à prisão real , pois sabia que um jovem como aquele não se
deixaria corromper nem pelo sexo, nem pelo dinheiro, ou pela vanglória
do poder.

3. O doutorado na prisão. A um jovem a quem Deus destinara a
governança do Egito, não havia academia mais adequada do que a prisão
real . Al i, teria oportunidade de aprender outro idioma: o hierático, falado
pelos sacerdotes e pela classe política. Assim, não demorou a expressar-se
fluentemente na nova l íngua. A essas alturas, sua educação literária já
estava completa.
No cárcere, aprenderia também o funcionamento do Estado egípcio.
Cada encarcerado era-lhe um professor. Al i, atrás daquelas grades,
concentrava-se a nata política e cultural  da corte faraônica. Com este
preso, aprendia economia. Com aquele, diplomacia e política. Com
aqueloutro, história e ciência. E, com o padeiro e o copeiro mores, aprende
a lidar com um rei divinizado e cheio de caprichos e arbítrios.
Foi assim que Deus capacitou o jovem hebreu a governar a nação mais
poderosa da terra naquele tempo. Que ele tinha um sonho, todos o sabiam.
Mas entre o sonho e a sua realização, há que se ter muita disciplina, estudo, trabalho e oração. Se os nossos jovens se espelharem em José, filho de Jacó,
teremos grandes e poderosos arautos de Cristo nas mais elevadas e
nevrálgicas esferas da sociedade.

IV. Daniel, o Acadêmico por Excelência

Na biografia de Daniel , temos a destacar dois fatos muito importantes.
Se, por um lado, Deus entregou Jerusalém nas mãos de Nabucodonosor,
por outro, entregou Nabucodonosor nas mãos de um dos mais ilustres
filhos de Jerusalém. Educado na academia babilônica, Daniel
transformou-a por meio do conhecimento divino. Dessa forma, conduziu
o rei da Babilônia ao Deus Único e Verdadeiro.

1. Na academia da Babilônia. Por volta do ano 606 a.C.,
Nabucodonosor sitia Jerusalém, e leva cativa à Babilônia a elite da
sociedade judaica. Entre os prisioneiros, achavam-se os jovens Daniel ,
Hananias, Misael  e Azarias (Dn 1.6). El es já eram notáveis por sua
educação, cultura e distinção pessoal . E, pelo que se depreende do texto
sagrado, já tinham cursado a academia de Jerusalém, onde haviam sido
instruídos na Palavra de Deus.
Constrangidos a frequentar a academia babilônica, tinham ao seu dispor
uma série de regalias e confortos. Com sabedoria e graça, porém,
recusaram as iguarias reais, preferindo al imentar-se de legumes e água,
pois haviam proposto, em seu coração, permanecereis ao Deus de Israel
(Dn 1.8). Em virtude de sua del idade, o Senhor abençoou-os de tal  forma
que acabaram por sobressair em todas as áreas de sua vida. El es tinham
como divisa a excelência divina.


2. A excelência do testemunho. Os funcionários da corte não
demoraram a perceber que Daniel  e seus companheiros não eram como os
demais jovens que frequentavam a Universidade de Babilônia. Mesmo
optando por uma dieta frugal  e modesta, foram avaliados como mais
saudáveis do que os outros (Dn 1.15,16). Mesmo sem emitir uma única
palavra sobre o Deus de Israel , levaram seus tutores a compreender que, de
fato, o Deus dos hebreus achava-se sobre todos os povos.
Que os universitários cristãos iniciem o seu testemunho público por meio de uma vida santa e irrepreensível . Estarão, dessa forma, a
evangelizar seus colegas e mestres, evidenciando atitudes cristãs em todas
as instâncias do A eloquência de um testemunho não se encontra
na força ou na beleza das palavras; acha-se na formosura de um viver que,
mesmo emudecido, fala e convence pela santíssima fé ressaltada em obras
boas e meritórias.
Universitário evangélico, não se entregue às filosofias mundanas, ao
ativismo inconsequente e anticristão, ao sexo pecaminoso e às drogas.
Diante do politicamente correto, não tema optar pela vontade de Deus.

3. A excelência da vida acadêmica. O testemunho excelente de Daniel
e seus três companheiros não ficou restrito à conduta pessoal ; ressaltou-se
ainda nas atividades acadêmicas. No final  do curso, foram todos aprovados
com louvor máximo, conforme registra o autor sagrado:

Ora, a esses quatro jovens Deus deu o conhecimento e a
inteligência em todas as letras e sabedoria; mas a Daniel  deu
entendimento em toda visão e sonhos. E, ao fim dos dias em que o rei
tinha dito que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe diante de
Nabucodonosor. E o rei falou com eles; e entre todos eles não foram
achados outros tais como Daniel , Hananias, Misael  e Azarias; por
isso, permaneceram diante do rei. E em toda matéria de sabedoria e
de inteligência, sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes
mais doutos do que todos os magos ou astrólogos que havia em todo o
seu reino. (Dn 1.17-20).


Na avaliação dos jovens, tomou parte o próprio rei que,
internacionalista e detentor de um vasto saber, ficou admirado do
conhecimento e da sabedoria dos jovens hebreus. A partir daquele
momento, Nabucodonosor começa a perceber que o êxito daqueles rapazes
ia além dos l imites humanos; era algo que só os céus podiam explicar.
Na universidade, que o jovem cristão evangelize também com suas notas
e conquistas acadêmicas. Nas monografias e teses, seja verdadeiro e não
abjure a sua fé. Fuja do politicamente correto. Não faça o jogo dos
professores que, aprisionados pelas esquerdas extremas e ateias, põem-se
contra Deus e a sua palavra. Por isso, redija com excelência cada trabalho. Pesquise com esmero. Evite o plágio. Seja autêntico em cada palavra, frase
e parágrafo. Sua oração deve permear todas as suas atividades acadêmicas.

4. A excelência profissional. Já engajados na Academia da Babilônia,
Daniel  e seus três companheiros dão início à sua vida profissional ,
misturados aos outros sábios do império. Todavia, uma crise estava para ser
deflagrada, que os levaria a se destacar como servidores, não de um rei, mas
do Rei dos reis e Senhor dos senhores. O testemunho cristão não teme as
crises. Antes, tem-nas como oportunidade para pontificar o conhecimento
divino em todas as instâncias da vida particular e pública.
No segundo ano de seu reinado, Nabucodonosor teve um sonho acerca
dos últimos dias da História. El e adormeceu preocupado com o seu
império, e despertou com uma visão acerca do Reino de Deus. Quem se
angustiava por entender os movimentos cíclicos na história de Babilônia,
agora, entra em crise por ver a linearidade da História Sagrada resultar no
domínio do Deus de Israel  sobre todas as coisas.
Como nenhum de seus sábios fosse capaz de evocar-lhe o sonho, ou de
interpretá-lo, o rei ordenou o extermínio de toda a Academia da
Babilônia. Daniel , então, convoca seus companheiros, para que roguem o
socorro divino. O profeta, recebendo a revelação do Deus de Israel , mostra
a Nabucodonosor o que há de acontecer, no mundo, nos derradeiros dias
da História. No preâmbulo de sua exposição, o jovem hebreu apresenta ao
rei uma proposição teológica que, apesar de simples, deitava por terra todo
o panteão daquela cidade idólatra e entregue aos demônios: “Mas há um
Deus nos céus, o qual  revel a os segredos; ele, pois, fez saber ao rei
Nabucodonosor o que há de ser no fim dos dias” (Dn 2.28).
A partir daquele momento, Daniel  passa a mentorear espiritual mente o
rei, levando-o a reconhecer que somente o Senhor é Deus. Eis o que o
próprio Nabucodonosor confessa acerca de seu encontro com o Deus de
Israel : “Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, e exalço, e glorifico ao Rei
dos céus; porque todas as suas obras são verdades; e os seus caminhos,
juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba” (Dn 4.37).
Muito pode fazer um acadêmico nas mãos de Deus. Por meio de seu
trabalho sincero, levará o testemunho de Jesus Cristo aos escalões mais
al tos da sociedade e do governo. Anal , somos instados pelo Senhor a
proclamar o evangelho a todas as criaturas, inclusive aos ricos e poderosos.


V. O Testemunho de Daniel entre os Políticos

Daniel  já era um ancião, quando Belsazar convocou-o a ler o escrito
divino na parede de seu palácio. Desprezando as honrarias e presentes que
o rei l he oferecia, o profeta, fugindo ao politicamente correto, interpretou lhe
 a sentença, indicando-lhe o m de seu império. Neste momento, o
Senhor requer de nossos homens públicos que ajam com a mesma isenção
e coragem.

1. Daniel, o político. Deus não precisa de políticos meramente
profissionais. O que Ele requer são testemunhas fiéis, que atuem nas
diversas esferas de poder, a m de que o evangelho não que apenas no
sopé da pirâmide, mas que venha alcançar o topo mais inatingível . Por esse
motivo, deve o político cristão, vocacionado para esse mister, agir como
porta-voz de Cristo ante os poderosos deste mundo.
A política, em si, não é um mal ; de seus ofícios, todos carecemos. Sem
ela, a vida em sociedade seria impossível , uma vez que a sua finalidade é a
promoção do bem comum. Além do mais, não são poucos os servos de
Deus, quer no Antigo, quer em o Novo Testamento, que atuaram
politicamente. Um dos exemplos mais notáveis é o próprio Daniel .


2. Os atributos de um político cristão. Tendo como espelho a vida
pública de Daniel , apontaremos alguns atributos, sem os quais o político
cristão não poderá servir como testemunha de Jesus. Se Deus, de fato, o
chamou à vida pública, você não terá dificuldade alguma para agir com
isenção, incorruptibilidade e coragem.
Chamado à presença de Belsazar, agiu Daniel  com isenção e prudência.
Embora honrasse o rei, não lhe faltou com a verdade. Sua palavra não tinha
dois pesos, nem duas medidas. Com a mesma franqueza que exortava os
pequenos, repreendia os grandes. Se com os fracos mostrava-se forte, com
os fortes erguia-se ousadamente. Em momento algum, faltou com o devido
respeito.
Diante dos presentes e honrarias que l he oferecia o rei, Daniel  mostrou-se

íntegro e incorruptível : “As tuas dádivas quem contigo, e dá os teus
presentes a outro; todavia, l erei ao rei a escritura e lhe farei saber a  interpretação” (Dn 5.17). Anal , por que receberia el e dádivas ou
honrarias? Não se deixando corromper, dá um testemunho público da
justiça do Deus de Israel .
Que os nossos políticos espelhem-se em Daniel , e não se deixem seduzir
quer pelo ouro, quer pelas honrarias mundanas. Lembre-se: mais cedo ou
mais tarde, Deus trará todas as coisas à luz.
Por fim, Daniel  agiu corajosamente. Diante de um rei pasmo, lê e
interpreta a escritura divina estampada na parede. Naquela mesma noite, o
Império de Babilônia cai ante os medos e persas. Quanto ao profeta, ainda
serviria a dois outros monarcas até que, ditosamente, fosse recolhido ao
descanso eterno.


Conclusão

Instruamos nossos filhos e netos a servirem a Cristo no campus
universitário. O desafio não é pequeno, mas os resultados hão de ser
grandes e compensadores ao Reino de Deus. Que eles demonstrem aos
sábios deste mundo que somente a mensagem da cruz é capaz de redimir
tanto o individuo quanto a sociedade.
No que tange aos nossos políticos, que eles se mantenham fiéis à ética
cristã e jamais negociem a sua integridade nem a santíssima fé. No
momento em que escrevo estas linhas, o Brasil  é transtornado pelo maior
escândalo de sua história. Homens que deveriam ser o exemplo à
sociedade já não servem como referencial  às novas gerações. Mas graças a
Deus pelos homens públicos que, colocando o evangelho acima de todas as
coisas, encorajam-se a prestar excelente confissão de sua crença em Jesus
Cristo.