Dicas para o Professor

Dicas para o Professor
Pr. Marcos Tuler



Pedagogo, Bacharel em Teologia, Pós-graduado em Docência Superior, Psicopedagogia, Reitor da Faculdade Evangélica de Ciência e Tecnologia da CGADB (FAECAD), Vice-Diretor do Seminário Evangélico Boa Esperança (Bento Ribeiro/RJ), Membro da Casa de Letras Emílio Conde, Membro Correspondente da Academia Evangélica de Letras do Brasil, Professor universitário, escritor, comentarista das lições de Adolescentes e Juvenis da CPAD, conferencista, articulista. Autor de vários livros publicados pela CPAD.



Como trabalhar com grupos de estudos na sala de aula

"Aprendemos quando compartilhamos experiências" (John Dewey)
Nem sempre estamos preparados para aceitar opiniões e contribuições dos outros. Esse comportamento é prejudicial

O professor que incentiva a participação dos alunos em sala promove a "aprendizagem cooperativa", ou seja, a troca de experiências. Professores e alunos ajudam-se mutuamente, como parceiros no processo de ensino-aprendizagem.
Portanto, aprendizagem cooperativa ou colaborativa é um processo pelo qual os membros de um determinado grupo ajudam e confiam uns nos outros a fim de atingir um objetivo combinado. A sala de aula é um excelente lugar para desenvolver as habilidades de criação de um grupo.
O ponto de partida é reconhecer que os estudantes aprendem não apenas com o professor, mas também uns com os outros. Na ED, isso pode ser verificado por meio de várias atividades sugeridas pelo professor, tais como trabalhos de grupos, estudos de casos ou discussões. De acordo com o que lecionou o educador americano John Dewey, "aprendemos quando compartilhamos experiências".
O professor deverá criar situações que estimulem a cooperação, proporcionando experiências que envolvam interação direta, dependência mútua e responsabilidade individual. Será necessário ainda, enfatizar a aprendizagem e o exercício das aptidões indispensáveis à cooperação, como a habilidade de escutar, falar, e ajudar-se mutuamente.

1. Competências imprescindíveis aos componentes de um grupo de estudo.

A aprendizagem cooperativa é interativa. Na qualidade de membro de um grupo o aluno deve:

a) Desenvolver e compartilhar um objetivo comum;

O ideal é que os próprios alunos escolham ou participem da escolha do tema do trabalho a ser desenvolvido. Se eles participarem da escolha do tema é certo que também terão em mente as razões que os levarão à conclusão do trabalho. Os objetivos têm de ser partilhado com todos.

b) Compartilhar sua compreensão de determinado problema, questões, insights e soluções.

Há alunos que são quietos por natureza. Quase não se percebe sua presença na sala de aula, mas... de repente... mostram-se inteligentes, especiais. Trata-se do tão falado insight. Aquela ideia maravilhosa, compreensão clara e repentina da natureza íntima de determinado assunto, que nos vêm sem que sequer percebamos. Todas as questões, insights e soluções, independente de quem os tenha, terão de ser compartilhados.

c) Responder aos questionamentos e aceitar os insights e soluções dos outros;

Nem sempre estamos preparados para aceitar as opiniões e contribuições dos outros. Imaginamos que somente nós temos boas ideias. Isto é, o que o outro pensa ou sabe a respeito do tema que está sendo tratado, na nossa consideração, é insipiente, incompleto ou até mesmo irrelevante. Este tipo de comportamento é prejudicial ao relacionamento do grupo e ao resultado final do trabalho, embora seja comum em nossas classes.

d) Permitir aos outros falarem e contribuírem, e considerar suas contribuições;

Tanto o professor quanto o aluno, jamais poderão desprezar ou desconsiderar a cooperação de qualquer pessoa que seja. Pois, todos possuem experiências para compartilhar.

e) Ser responsável pelos outros, e os outros serem responsáveis por ele;

No trabalho de grupo, ao mesmo tempo em que cada um é responsável por si e por aquilo que faz, também o é pelos outros e pelo que os outros fazem.

f) Ser dependente dos outros, e os outros serem dependentes dele. No trabalho de grupo, todos dependem de todos.

Não há espaço para individualismo ou estrelismo. O trabalho de grupo é como uma edificação. Todos constroem sobre o que outros já construíram.

2. O que permite a criação de um bom grupo de aprendizagem?

Muitos mestres encetam trabalhos de grupo em suas classes, sem conhecerem os processos grupais. Vejamos como os alunos se comportam e se relacionam em grupo e quais atitudes devem ser tomadas em cada situação:

a) O professor pode facilitar a discussão e sugerir alternativas, mas não deve impor soluções aos grupos, especialmente àqueles alunos que apresentam dificuldades de trabalhar em conjunto.

b) Os grupos deverão ter de três a cinco componentes, pois, grupos maiores têm dificuldade em manter os membros envolvidos o tempo todo.

c) Grupos designados pelo professor, normalmente, funcionam melhor que os que se formam por si mesmos.

d) Em um grupo de trabalho há níveis diferentes de habilidades, formação, experiência.

e) Cada participante fortalece o grupo e cada membro é responsável não apenas por dar força, mas também por ajudar os outros a entender a fonte de suas forças.

f) O membro que não se sentir confortável com a maioria deverá ser encorajado e fortalecido a fim de dar sua contribuição.

g) A aprendizagem é influenciada positivamente com a diversidade de perspectivas e experiências.

h) Com o trabalho de grupo aumentam-se as possibilidades para a resolução de problemas.

i) Cada componente deve comprometer-se com os objetivos estabelecidos.

j) Avaliações deverão ser feitas para se verificar quem realmente está contribuindo em benéfico de todos.

l) O grupo tem o direito de excluir um membro que não coopera e não participa; isto é, depois de tomadas todas as medidas a fim de que a situação se reverta. (O aluno excluído terá de encontrar outro grupo que o aceite.)

m) Qualquer aluno tem o direito de sair do grupo, caso perceba que está fazendo a maior parte do trabalho com pouca ou nenhuma ajuda dos outros (esse aluno, facilmente encontrará outro grupo que acolha suas contribuições).

n) Algumas responsabilidades operacionais são compartilhadas, definidas e concordadas pelos membros de um grupo. Por exemplo:
- Todo o grupo deve comprometer-se em participar, preparar e chegar na hora para as reuniões;
- As discussões devem ser focadas nos temas, evitando críticas pessoais;

3. O aluno aprende por meio da interação em sala de aula.

Na interação entre professores e alunos, supõe-se que os mestres ajudem inicialmente os estudantes na tarefa de aprender, visto que esse auxílio logo lhes possibilitará pensar com autonomia. Para aprender, o aluno precisa ter alguém ao seu lado, que o acompanhe nos diferentes momentos de sua aprendizagem e esclareça suas dúvidas, ajudando-o a alcançar um nível mais elevado de conhecimento.
Cabe ao professor conhecer seus alunos, a fim de familiarizar-se com os modos por meio dos quais eles raciocinam. Desta forma, os estudantes poderão, aos poucos e com os próprios esforços, formularem conceitos e noções da matéria de estudo.
Os comportamentos do professor e dos alunos estão, portanto, dispostos em uma rede de interações que envolvem comunicação e complementação de papéis, onde há expectativas recíprocas.
Nessas interações é importante que o professor se coloque no lugar dos alunos para compreendê-los (empatia), ao mesmo tempo em que os alunos podem conhecer as opiniões, os propósitos e as regras que seu mestre estabelece para o grupo.

Pr. Marcos Tuler

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