Estudo: O Arrebatamento da Igreja

“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor" (1 Ts 4.16,17).
Já sabemos que a volta do Senhor Jesus dar-se-á em duas fases. A primeira fase corresponde ao arrebatamento da Igreja, quando Jesus cumprirá o que prometeu aos seus discípulos, em relação ao seu retorno para buscá-los e levá-los para o céu. Na última reunião com eles, antes de sua morte, e percebendo que estavam preocupados com o que dissera sobre a ida a Jerusalém e ser morto, Jesus lhes disse: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também” (Jo 14.1-3 - grifo nosso).
Os Testemunhas de Jeová costumam abordar crentes, novos convertidos, dizendo-lhes que ninguém vai para o céu. No entanto, o texto citado indica claramente que Jesus tranquilizou seus seguidores, prometendo-lhe vir “outra vez” e levá-los para si mesmo, para que, onde Ele estivesse, eles haveriam de estar. Em Atos 1.11, o texto diz que Jesus “foi recebido em cima nos céus”. Jesus prometeu buscar seus servos para estar com eles. Muitos caem nas armadilhas dos hereges por não conhecerem as Escrituras. Isso é um grande erro (Mt 22.29).
Antes de ascender aos céus, após a sua ressurreição, Jesus apareceu e reuniu-se com os discípulos cerca de dez vezes, no espaço de quarenta dias. Lucas refere-se a esse período com detalhes muito importantes, dandolhes suas preciosas instruções antes da despedida: “aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando do que diz respeito ao Reino de Deus” (At 1.3). Naquela, que foi a última reunião com os apóstolos, eles demonstraram sua inquietação acerca dos últimos tempos, especificamente sobre a restauração do reino a Israel. O momento da ascenção foi marcado pela resposta de Jesus, que lhes disse: “[...] Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder. Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra. E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem0 recebeu, ocultando-o a seus olhos” (At 1.7-9).
Podemos imaginar a estupefação no olhar dos apóstolos, ao contemplarem aquele quadro jamais visto por eles, ao verem Jesus vencendo a lei da gravidade, e subindo, subindo, até ser oculto por uma nuvem e desaparecer no espaço. Seus corações aceleravam-se pelo inusitado acontecimento diante de seus olhos. Mas, antes que suas esperanças se dissipassem, por não mais verem seu Mestre, Senhor e Pastor, imediatamente, dois mensageiros celestiais foram enviados para tranquilizá-los. “E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de branco, os quais lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At 1.10,11- grifo nosso). Sim, Jesus voltará, creiam ou não creiam os ímpios, creiam ou não creiam os teólogos incrédulos. Ele é Fiel.
1 - Todos os Salvos Serão Arrebatados
1. O Encontro com Jesus nos Ares
a) A reunião dos salvos no encontro com Cristo. O arrebatamento da Igreja se dará por ocasião da primeira fase da vinda de Jesus. A palavra arrebatamento, na língua original do Novo Testamento, o grego, é harpazó, e dá a ideia de rapto, ou de remoção repentina, de modo súbito. O arrebatamento da Igreja reunirá os que morreram em Cristo, isto é, confessaram a Jesus como seu Salvador e permaneceram fiéis até à morte para receberem “a coroa da vida” (Ap 2.10), e os que estiverem vivos, aguardando o glorioso evento. No arrebatamento da Igreja, haverá a união dos que “em Jesus dormem” (que morreram) com os que serão transformados (1 Ts 4.13). Paulo expressa essa verdade de modo muito claro, demonstrando que os mortos serão ressuscitados e arrebatados dos seus túmulos ou dos locais onde morreram.1

b) A precedência dos ressuscitados. Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro” (1 Ts 4.15,16). É a precedência honrosa que Deus concederá aos “que morreram em Cristo”. Serão arrebatados primeiro, ainda que num “abrir e fechar de olhos”.
Na ressurreição, o corpo dos salvos, ainda que transformados em pó, carbonizados ou comidos por peixes ou feras, serão trazidos à existência pelo poder de Deus, pela energia criadora de sua palavra: [...] a saber, Deus, o qual vivifica os mortos e chama as coisas que não são como se já fossem” (Rm 4.17). A ressurreição dos salvos para serem arrebatados é a vitória sobre a morte, “o último inimigo” a ser aniquilado (1 Co 15. 26). A segunda ressurreição será para os ímpios, após o Milênio (Ap 20.5).

2. Quem Será Arrebatado
O arrebatamento dos salvos, ressuscitados e transformados, será repentino. Diante disso, o crente fiel deve estar preparado para “a última grande viagem”, em direção aos céus, à presença gloriosa de Deus, para habitar na nova Jerusalém”. Só chegarão aos céus aqueles que forem vencedores. Na jornada da vida cristã, o caminho é estreito e tem “altos e baixos”, em termos de momentos e eventos que nos alcançam. Graças a Deus, na maior parte do tempo, para a maioria dos salvos, a vida é “um banquete contínuo” (Pv 15.15). Mas nem sempre é assim. Hora estamos nos montes, hora estamos nos vales. Experimentamos alegrias, prazer divinal, e também vivenciamos momentos de tristeza e decepções.
Nessa alternância de fatos, muitos não conseguem seguir em frente, e se deixam vencer pelo desânimo, pelo cansaço espiritual, e caem à beira do caminho. Uns voltam à vida de pecado; outros tornam-se descrentes ou ateus; outros apostatam da fé. São derrotados. Mas, no arrebatamento, não haverá derrotados, vencidos, fracassados ou desviados. Só estarão inscritos os vencedores. Jesus disse a João, na Ilha de Patmos: “A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome” (Ap 3.12). Será o coroamento da carreira cristã.
Paulo aproveitou a figura de uma corrida, nas Olimpíadas gregas, comparando a vida do crente com um atleta que luta ou corre, visando alcançar um prêmio nas competições. “E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (1 Co 9.25- 27). Por tudo isso, que é tão glorioso e além do que a mente humana possa avaliar, é que João diz: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro” (1 Jo 3.2,3).

II - O que Ocorrerá no Arrebatamento
Na sua primeira vinda, para proclamar seu evangelho de salvação, Jesus palmilhou esta terra, pisou no chão, andou de sandálias, andou de barco, dormiu em lugar incerto, nas cidades, aldeias e distritos; Ele “se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). Contudo, na primeira fase de sua vinda, quando haverá o arrebatamento da Igreja, Jesus não tocará na terra. Ele estará “nos ares” ou “nas nuvens” (1 Ts 4.17). Nenhum teólogo ou cientista cristão poderá explicar como os crentes fiéis serão arrebatados. E um mistério que só a fé pode aceitar como real e factual.

1. A Ressurreição dos Mortos
A ressurreição dentre os mortos é doutrina que faz parte eminentemente do patrimônio da fé cristã. No tempo de Paulo, ele sentiu necessidade de ensinar à igreja de Corinto sobre esse importante tema da vida da Igreja. Corinto era uma cidade grega. E os gregos acreditavam na alma, e que esta seria imortal, mas não criam na ressureição dos mortos. Entendiam que o corpo é uma “prisão da alma” e que não faria sentido libertar-se dessa prisão e retomar para outro corpo e continuar com a alma encarcerada.

a) Dúvidas quanto à ressurreição. Com essa visão, até mesmo os crentes eram influenciados pela descrença quanto à ressurreição. Havia, mesmo entre os crentes, quem não cresse na ressurreição. Escreveu Paulo aos crentes de Corinto: “Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou” (1 Co 15.12,13). O tema da ressurreição é de tamanha significância que só se pode entender pela fé. A lógica racional, que dominava a mente dos primeiros crentes por influência da cultura grega, bem como o entendimento lógico dos homens, nos dias presentes, inclui a ressurreição na ideia de que a Bíblia é cheia de mitos.
A falta de fé na doutrina da ressurreição dos mortos é tão grave que resulta em questionamentos que podem desacreditar a mensagem do evangelho, o papel dos pregadores e a certeza da salvação. Paulo argumentou em sua carta aos coríntios: “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens (1 Co 15.14-19).
Existem teólogos, que na verdade nem mereceriam esse nome, que se valem de argumentos racionais e humanistas, para negarem o fato da ressurreição. Rudolf Bultmann (1884-1976) afirmava que a Bíblia está cheia de mitos. Daí, suas ideias serem denominadas ' Teologia do Mito . Segundo essa teologia, pode-se crer em Jesus como Salvador, sem ter que crer em seu nascimento virginal, em sua ressurreição, ou na sua segunda vinda; Deus não se revela milagrosamente no tempo e no espaço. “O homem moderno pensa de modo científico, em categorias rigorosamente causais”.2 São especulações humanas, que em nada abalam o alicerce da inspiração da Bíblia, como revelação de Deus ao homem.

b) A garantia da ressurreição. A Palavra de Deus assegura-nos que os mortos hão de ressuscitar. “Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele” (1 Ts 4.14). Paulo também diz: “Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem” (1 Co 15.21). Creiam ou não creiam os ímpios, queiram ou não queiram os materialistas, que dizem que, na morte, o ser humano é igual a um animal irracional, nada mais restando, a não ser a decomposição orgânica e o pó, os que morreram em Cristo, em fidelidade e santidade, tornarão a viver, e farão parte da “primeira ressurreição (cf. Ap 5.6). O corpo dos salvos que estiverem mortos, não importa há quantos anos ou séculos, não importa a forma como morreram, de velhice, de doença, de acidente, etc., haverá a poderosa ação do Espírito Santo, transmutando seus corpos em corpos gloriosos: “Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor” (1 Co 15.42,43).

c) A primeira ressurreição. Após valer-se da dialética, Paulo afirma com convicção plena que a ressurreição não pode ser questionada, mas é um fato real, admitido pela fé, que tem por base e referência a ressurreição de Cristo, como o primeiro a reviver pelo poder sobrenatural de Deus, tornando-se a garantia de que todos os que morreram nele haverão de reviver. Ele diz, no início de sua carta, que Cristo “ressuscitou, segundo as escrituras” (1 Co 15.4b); “Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem. Por- que, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda” (1 Co 15.20-23). Neste estudo, estamos discorrendo sobre a “primeira ressurreição” (Ap 20.5). A ressurreição dos salvos. O primeiro, ou “as primícias”, a dar início à primeira ressurreição, foi Jesus. Ninguém reviveu, vencendo a morte física, antes dEle. Depois que Ele ressuscitou, houve a ressurreição de muitos servos de Deus, que estavam nos sepulcros. “E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados” (Mt 27.52); eles também fazem parte da primeira ressurreição; mais dois grupos também farão parte desse evento glorioso: “as duas testemunhas” (Ap 11.1-12, ler especialmente v. 12 - “subi cá”); e o último grupo dos “mártires”, que aceitarão a Cristo na “grande tribulação” (Ap 7.9-17).
Na revelação do Apocalipse, o próprio Jesus Cristo diz a João: “Não temas; eu sou o Primeiro e o Ultimo e o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1.17b,18 - grifo nosso). A ressurreição dos mortos e a transformação dos vivos será um processo de tão grande complexidade, que só pela fé podemos acreditar. Como corpos que sequer existirão mais nos túmulos, ou desaparecidos em meio a catástrofes, poderão se recompor e assumir a condição de corpos incorruptíveis, gloriosos. Paulo diz: “E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então, cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória” (1 Co 15.54).

2. A Transformação dos Vivos

a) O processo da transformação. De igual modo, a transformação do corpo dos vivos será algo inimaginável à mente humana. Num instante, num átimo de tempo, “num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (1 Co 15.52). Como se dará essa metamorfose? Não ousamos especular. Mas entendemos que o Criador, que fez todas as coisas passarem a existir a partir do nada, também fará a transformação dos corpos físicos, corrompidos e mortais se tornarem corpos espirituais, semelhantes ao corpo glorioso de Cristo, ao ressuscitar ao terceiro dia, da tumba em Jerusalém. Seu corpo, o mesmo que foi sepultado, ressurgiu resplandecente, capaz de atravessar as paredes, e se deslocar no espaço sem auxílio de qualquer objeto ou equipamento material. Ele deu uma amostra do que seria o corpo ressurreto quando se transfigurou no monte da Transfiguração (Mt 17.2).
Os salvos que estiverem vivos, quando da volta de Jesus, passarão por um processo sobrenatural instantâneo, pelo qual serão, primeiramente, transformados e, ato contínuo à ressurreição dos salvos, serão arrebatados com eles. Diz a Bíblia: “depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4.17 - grifo nosso). A transformação dos vivos é descrita por Paulo de forma bem interessante: “Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trom- beta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade” (1 Co 15.5-53), O apóstolo ressalta a transformação sobrenatural do corpo corruptível (que se decompõe) em um corpo incorruptível, que não pode mais envelhecer, adoecer e morrer. Enfatiza a vitória sobre a morte, quando o corpo do salvo se tornará imortal, pela ressurreição ou pela transformação, por se tomar espiritual e glorificado.

b) A necessidade da transformação. “A transformação dos vivos é necessária. Diz a Bíblia “que carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção” (1 Co 15.50). Na condição natural, biológica, limitada, ninguém pode sequer chegar às nuvens sem aparelhos especiais de sobrevivência. Astronautas usam trajes espaciais, adaptados para a rarefação do ar atmosférico. Nas estações espaciais, por mais modernas que sejam, os cientistas criam condições especiais para os que nela passam alguns dias e têm que voltar à Terra. Os mortos, ao ressuscitarem, terão corpo semelhante ao de Jesus, após sua ressurreição (Fp 3.21), e estarão de imediato em condições de subir aos céus, sem auxílio de qualquer equipamento fabricado pelo homem.

Assim, a transformação é o processo sobrenatural, em que o corpo, formado por tecidos, células, sangue e outros elementos físicos, será transformado num corpo glorioso, idêntico ao dos ressuscitados, com que poderão ir ao encontro do Senhor nos ares”, ou literalmente, nas nuvens.

III - O Antes e o Depois do Arrebatamento

1. A Necessidade da Vigilância
Diante dessa realidade espiritual tão profunda, todo crente que espera a volta de Jesus, deve estar preparado a cada dia, a cada instante. Ao deitar, o crente, jovem ou adulto, precisa estar com sua “bagagem” espiritual pronta, pois, quando “a trombeta de Deus” tocar, anunciando a volta de Cristo, não haverá mais tempo, um segundo sequer, para alguém se preparar. O pai crente não poderá avisar ao filho que se prepare; não poderá chamar sua filha, que estiver desviada, para que deixe sua vida de pecaminosidade; o filho crente não poderá acordar seu pai e dizer que “Jesus está voltando”; o esposo salvo não poderá despertar a esposa, dizendo que “chegou a hora”; nem a esposa salva poderá alertar ao marido descrente que Jesus está chamando. Não! Todos esses alertas devem ser dados agora, no dia que se chama hoje. Porque, no arrebatamento, os eventos finais serão de uma rapidez fulminante, “num abrir e fechar de olhos” (1 Co 15.51).

2. E Viverão Felizes para Sempre
As histórias de amor, na literatura romântica, na ficção, sempre terminam com a frase “e viveram felizes para sempre”. Na maioria dos casos narrados, a história não passa de uma imaginação fértil do escritor das obras de contos infantis ou juvenis. No entanto, a história de amor de Deus para com o homem é diferente. Ela é real. Jesus é a expressão máxima do amor de Deus (Jo 3.16). Nada é fictício, nada é mito ou fábula. Tudo é real e eterno. A Igreja, a “Noiva do Cordeiro”, há de se encontrar com Ele, “o Noivo”, nas nuvens, a fim de viverem felizes para todo o sempre. O começo da História da Igreja foi de perseguições cruéis, quando muitos crentes pagaram com a própria vida. Ao longo dos séculos, a Noiva de Jesus tem sofrido coisas inimagináveis. Foi perseguida pelos judeus; foi perseguida de forma mais cruel pelo Império Romano, que quis eliminar o cristianismo da face da terra; foi atacada de modo mortal pelo materialismo ateu, começando no Iluminismo, quando a fé foi substituída na mente de muitos homens pelas conclusões das ciências; no século passado, o materialismo investiu pesado contra a Igreja. O comunismo ateu foi implacável e planejou a destruição da fé cristã, matando crentes, banindo pastores e fechando igrejas.
Mas em todos esses embates, a Igreja de Cristo, a Noiva do Cordeiro, saiu vitoriosa. Porque Ele disse: “[...] edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). No século atual, há perseguições terríveis, como vimos no capítulo 2, mas a Noiva do Senhor subirá ao encontro dEle, para encontrá-lo “nas nuvens” (1 Ts 4.17). O apóstolo João, em sua primeira Carta, exorta os crentes a se manterem fiéis e puros, aguardando a volta do Senhor: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro” (1 Jo 3.2,3). Em breve, haverá as “Bodas do Cordeiro”, quando haverá a união da Noiva, a Igreja, com seu Noivo, elevada à condição de esposa eterna; “Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória, porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou” (Ap 19.7). Vale a penas ser crente, mas se for para ir para o céu.





O Tribunal de Cristo e os Galardões
“Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2 Co 5.10).

Na primeira fase da sua volta (arrebatamento), Jesus vem “para” os seus. Na segunda fase, Ele virá “com” os seus para estabelecer o seu Reino, no Milênio, e implantar o perfeito estado eterno.
Os cristãos, em grande número, esperam a volta do Senhor como um evento “muito distante”, ou bastante “remoto”, a ponto de não se preocuparem com sua vida, seu comportamento e testemunho; não se importarem com suas atitudes e práticas, como se, no final, tudo possa ser arranjado, ajustado e resolvido, perante Deus. Mas essa visão pouco séria do que significa a volta de Cristo para buscar a sua Igreja terá certamente conseqüências eternas de grande repercussão no futuro de muita gente. Já vimos que a volta de Jesus encontrará o mundo, incluindo os crentes, como “nos dias de Noé”, quando a humanidade só se preocupava com as coisas da vida terrena, e não dava o menor valor às coisas espirituais, “até que veio o dilúvio e consumiu a todos” (Lc 17.17).
Também sabemos que, na volta do Senhor, a terra estará vivendo como “nos dias de Ló”, o velho patriarca, que, em meio à corrupção de seu tempo, soube ficar vigilante, mantendo sua comunhão com Deus, ainda que nem toda a sua família o acompanhou em sua vida de santidade, e Deus destruiu Sodoma, Gomorra e cidades vizinhas, mandando fogo do céu, como juízo sobre a impiedade daquela gente que debochava de Deus, especialmente no que tange à sexualidade. Diante desses fatos, a exortação de Cristo é para que seus servos vigiem: “Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor” (Mt 24.42).
Mas há outro motivo, de grande importância, diante do qual a Igreja de Jesus, formada pelos salvos, em todos os tempos e lugares, esteja preparada, em termos espirituais, morais e éticos. E que está prevista uma prestação de contas, à qual terão que responder todos os crentes, desde o princípio do mundo até o dia do arrebatamento da Igreja. Esse evento se dará no “Tribunal de Cristo”. Não se trata do Juízo final, que será instaurado para o julgamento dos ímpios (Ler Ap 20.11-15). Será um tribunal para julgar as obras e os atos dos crentes, nas igrejas, ao longo dos tempos. Diz Paulo: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2 Co 5.10; Rm 14.10).

I - Definição e Conceituação
1. Os Dois Tribunais
Haverá dois julgamentos, em que as pessoas serão julgadas. No tribunal de Cristo, serão avaliadas as obras dos salvos. No tribunal do Grande Trono Branco, ou no Juízo Final, os ímpios serão julgados, segundo as suas obras (Jr 32.19). Até as palavras serão julgadas. “Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo. Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado” (Mt 12.36,37).

2. O que Será o Tribunal de Cristo
Será o julgamento das obras dos salvos, praticadas na terra, para receberem, ou não, o galardão correspondente. Não se tratará de julgamento de pecados, pois já são salvos. Os ímpios é que passarão pelo julgamento de suas obras e pecados, no juízo do Trono Branco, após
0 Milênio (cf. Ap 20.11-15). “E o julgamento dos servos de Deus, quanto às suas obras na terra (2 Co 5.10; Rm 14.10). [...] Não seremos julgados quanto à nossa posição e condição de salvos que temos em Cristo, e sim quanto ao nosso desempenho como servos do Senhor”.

Segundo Olson, “Esse julgamento não foi estabelecido para determinar se as pessoas que diante dele comparecerem serão culpadas ou inocentes, isto é, salvas ou perdidas, uma vez que este julgamento é exclusivamente para os salvos. A questão individual já foi resolvida, há muito. Agora se trata da questão de recompensas, que será resolvida conforme a fidelidade ou infidelidade do crente, como mordomo na casa do Mestre (1 Co 3.11-15)”.

3. Nenhuma Condenação para os Salvos
Os salvos em Cristo Jesus, desde que permaneçam fiéis, em santificação, não mais passarão por qualquer tipo de condenação. “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito” (Rm
8.1). Estar “em Cristo Jesus” é a condição indispensável para ter sido salvo e permanecer salvo. O salvo não perde a salvação, “se” estiver em comunhão com Cristo, se viver em santificação. “[...] mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1 Pe 1.15). Diante desse fato incontestável, acerca da salvação em Cristo Jesus, os salvos, que “em Jesus dormem” (1 Ts 4.14), serão ressuscitados, e os estiverem vivos, em sua vinda, serão transformados para o encontro com Jesus nos ares (1 Ts 4.17). Esses comparecerão perante o Tribunal de Cristo, para serem recompensados por suas obras, ações, atividades, alegrias e tristezas, êxitos e sofrimentos. O Justo Juiz saberá avaliar as obras de cada um. “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm 4.8). Os que amam a vinda do Senhor são conservados irrepreensíveis para encontrar-se com Cristo (1 Ts 5.23).

II - O Julgamento no Tribunal de Cristo

1. A Natureza do Tribunal de Cristo
Aqui na terra nenhum tribunal é instaurado para dar recompensas a ninguém. Via de regra, todos os tribunais são estabelecidos para  julgar casos de infração da lei. Nesses julgamentos, comparecem pessoas acusadas de crimes ou infrações contra a pessoa humana, contra a ordem pública, contra o patrimônio público ou privado, e contra outros entes jurídicos, de acordo com o que é estabelecido nas leis do país. Os que comparecem aos tribunais, de um lado, são os reclamantes ou os autores de ações judiciais. De outro, são os réus, acusados de delitos ou descumprimento das normas legais, acompanhados de seus advogados, que os representam perante o juiz. O Tribunal de Cristo é o único, no universo, que tem por finalidade fazer justiça, recompensando as obras dos salvos, com maior ou menor galardão, ou recompensa. Jesus disse: “E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12).

2. Quando Acontecerá?
Logo após o Arrebatamento da Igreja, os salvos comparecerão perante o Tribunal de Cristo. Naquele tribunal celeste, os crentes terão o julgamento das obras. De acordo com a Bíblia, o Tribunal de Cristo ocorrerá antes das Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9), antes daquela que será a maior e mais gloriosa festa nupcial do universo. Os salvos em Cristo serão reunidos com Jesus, nos ares, ou nas nuvens (1 Ts 4.13- 17; 2 Ts 2.1). Ali, certamente, Jesus recepcionará a sua Noiva, lhe dará as boas vindas, e se assentará no trono do seu Tribunal para julgar as obras dos crentes, e lhes anunciar qual o prêmio ou galardão de cada um pelo que tiver feito na terra.

3. Quem Será o Juiz e quem Será Julgado?
O Juiz, como indica a Bíblia, será nosso Senhor Jesus Cristo. “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm 4.8; ver Jo 5.22). Por isso será chamado o Tribunal de Cristo (2 Co 5.10). Serão julgados, para receber a recompensa, todos os crentes: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2 Co 5.10 - grifo nosso). A expressão “todos devemos” indica que se refere aos cristãos fiéis que forem arrebatados, na vinda de Jesus.


III - As Obras e seu Julgamento
O cristão deve ter cuidado com o que faz, pois seus atos serão julgados no tribunal de Cristo. “E, tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor e não aos homens, sabendo que re- cebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis. Mas quem fizer agravo receberá o agravo que fizer; pois não há acepção de pessoas” (Cl 3.23-25).

1. Os Salvos e as suas Obras
a) O valor das obras do salvo. Jesus disse: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glo- rifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16 - grifo nosso). São obras, vistas pelos homens, que demonstram a grande mudança na vida do crente e contribuem para a glória de Deus. Mesmo assim, elas serão julgadas. Será um julgamento individual (1 Co 3.13). A salvação do crente em Jesus é pela graça. Não depende das obras (Ef 2.8,9). Mas as obras dos salvos têm muito valor diante de Deus. As obras aperfeiçoam a fé (Tg 2.22); as obras justificam a fé (Tg 1.21); e a fé sem as obras (de salvo) é morta (Tg 2.17) e as obras (da lei, dos atos humanos, da carne - G1 5.19; 2 Tm 1.9) sem a fé são mortas. A fé salvífica tem que andar lado a lado com as obras de salvo, demonstradas pela obediência, pela “santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). No Tribunal de Cristo, serão avaliadas ou julgadas as obras dos salvos, as quais poderão ser aprovadas ou reprovadas. As que forem aprovadas darão direito ao galardão (cf. 1 Co 3.14,8). Não serão julgados os pecados cometidos na terra. Esses já terão sido perdoados
por Jesus (Hb 8.12; 10.17).

b) O testemunho do salvo. As obras dos salvos falam de seu testemunho, comprovando que os mesmos já morreram para o mundo e são novas criaturas em Cristo (Mt 5.16; 2 Co 5.17). Precisamos dar bom testemunho perante a igreja e o mundo. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10). Somos salvos, tendo passado pelo processo divino da regeneração. Paulo diz que foi Deus quem preparou “as boas obras [...] para que andássemos nelas”. De forma mais abrangente, podemos dizer que será julgado o nosso trabalho, ou a nossa administração, na casa do Senhor, como mordomos, encarregados das coisas de Deus aqui na terra. É tarefa por demais sublime para ser tratada de qualquer forma, sem zelo ou cuidado. Na parábola do mordomo infiel, o seu senhor o chama à prestação de contas (Lc 16.2). Jesus também nos pedirá a prestação de contas do que nos entregou para administrar como seus mordomos.
Deus nos concede muitos bens ou talentos para que façamos a sua obra. No sermão profético, Jesus proferiu a parábola dos dez talentos. E comparou o seu Reino a um senhor que, tendo de ausentar-se, entregou todos os seus bens a seus três servos ou mordomos. E deu a um dez talentos; a outro, cinco, e a outro, apenas um talento (Mt 25.14-30). Essa parábola nos diz que Deus dá a cada parte dos seus bens, espirituais, morais, físicos, ministeriais ou eclesiásticos, de acordo com a capacidade de cada um (Mt 25.15). Os talentos representam nossos recursos, nosso tempo, nossa vida, nossas habilidades, concedidas por Deus. Notemos que o senhor não dá a todos a mesma responsabilidade. Desde o dia da conversão, o salvo torna-se servo de Cristo, e tem o dever espiritual e moral de cooperar na casa do Senhor. Uns de uma forma, outros, de outra. Cada um conforme a sua capacidade.

2. Como as Obras Serão Julgadas?
A precisão do julgamento. O julgamento será tão preciso que é comparado à passagem de materiais pelo fogo: “a obra de cada um se manifestará; na verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo” (1 Co 3.13-15). O Espírito Santo será o assistente naquele julgamento. As obras serão comparadas a materiais, na linguagem humana. Cada tipo de material simbólico mostra o tipo, a natureza e a forma com a qual terão sido praticadas pelos crentes, em todos os lugares do mundo, em todas as igrejas. Vejamos, na sequência do texto, a comparação das obras com os respectivos materiais.

2.1. Obras que Serão Aprovadas
a) Obras comparadas a ouro. Na Bíblia, o ouro é símbolo das coisas de Deus, das coisas divinas (Jó 22.23-25; Ap 22.18,22). São obras que são feitas para a glória de Deus, feitas em comunhão com Ele, “feitas em Deus” (Jo 3.21), de pleno acordo com sua palavra. O crente que glorifica a Deus com suas obras está praticando obras comparáveis a ouro (Mt 5.16). São “as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10). Se tratarmos os irmãos e os outros com o amor de Deus, isso é comparado a ouro. Quando usamos bem os talentos dados por Deus, realizamos obras “de ouro” (Mt 25.14,20). São obras que glorificam a Deus: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16 - grifo nosso).

b) Obras comparadas a prata. Na tipologia bíblica, a prata é símbolo de redenção. No Antigo Testamento, a redenção dos filhos de Israel era paga em prata (Êx 30.11-16; Lv 5.15; 27.3). No Novo Testamento, simboliza a redenção feita por Cristo: “sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais” (1 Pe 1.18; 1 Co 6.20). São obras feitas em Cristo. O crente que ganha almas, que prega a Palavra, que dá bom testemunho da sua fé em Jesus, está realizando obras de prata. Os obreiros do Senhor que cuidam bem do rebanho realizam obras de prata. Visitar os enfermos, os carentes, evangelizar, podem ser obras de prata.

c) Obras comparadas a pedras preciosas. São símbolos do Espírito Santo, ou da glória de Cristo no crente (ver Jo 17.22). Os crentes que possuem os dons espirituais (1 Co 12) têm o adorno do Espírito Santo. São obras feitas pelo poder do Espírito Santo (Fp 3.3; Tt 3.5). É adorar a Deus “em Espírito e em verdade” 0o 4.23). São obras na unção do Espírito Santo. Evangelizar, pregar, cantar na unção, podem ser pedras preciosas. E o testemunho eloqüente do servo ou da serva de Deus, andando de acordo com a sã doutrina (Tt 2.10).
As obras que forem comparadas aos três materiais acima serão aprovadas, e os seus praticantes terão galardão de Deus (1 Co 3.13,14).


2.2. Obras que Perecerão
“Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo” (1 Co 3.15). Esse texto mostra que haverá crentes cujas obras não serão aprovadas no julgamento de Deus, no Tribunal de Cristo. São obras mortas, obras que não têm valor diante de Deus. São obras que alguns crentes praticam, para sua própria glória, mas não glorificam a Deus. São obras feitas por muitos de modo relaxado, sem o zelo necessário a quem serve a Deus. As obras não serão recompensadas, mas “o tal será salvo, todavia como pelo fogo”. Isso quer dizer que, como não se trata de julgamento de pecados, quem pratica tais obras poderá ser salvo, mas sem recompensas ou galardões. Não haverá inveja ou tristeza, pois tais sentimentos são carnais e não entrarão no céu. Só o fato de chegar lá já será motivo de grande alegria. Mas é melhor fazer o melhor para Deus.

a) Obras comparadas a madeira. Na Bíblia, madeira é símbolo das coisas humanas. E uma figura da árvore, que cresce por si mesma. Há crentes que fazem muitas coisas, mas buscando a glória humana. No fogo do julgamento, elas vão desaparecer. Há quem trabalha muito nas igrejas, mas não o fazem para a glória de Deus. Não terão o reconhecimento por parte do Senhor.

b) Obras comparadas a feno. Feno é capim, é erva seca. São obras aparentes, mas sem consistência, como erva seca (Is 15.6). O capim precisa ser renovado. É coisa perecível (Is 51.12). Representam obras de crentes que fazem muita coisa para aparecer. A preocupação deles é com a quantidade, e não com a qualidade. Um monte de feno pode ser muito grande, mas, no fogo, desaparece em segundos. Não haverá galardão para esse tipo de obra. Pregar para aparecer; pregar por dinheiro; cantar para aparecer, para ter a glória dos homens, buscando o aplauso das multidões, sem dúvida alguma, são obras de feno; aparecem muito, mas não têm consistência, e já receberam seu galardão, em termos de dinheiro; nada terão lá, no céu. “Já receberam o seu galardão”, aqui mesmo (cf. Mt 6.2,5,16).

c) Obras comparadas a palha. A madeira tem certa consistência, mas a palha é muito fraca. Não resiste à força do fogo. O vento leva com facilidade (SI 1.4; Jó 21.18; Os 13.3). É instável. Não pode se misturar com o trigo (Jr 23.28). Segundo o Pr. Eurico Bergstén, “Palha também fala de escravidão: foi palha que os israelitas tiveram de colher no Egito (Ex 5.7). Devemos, portanto, servir a Deus na liberdade do Espírito, e não numa escravidão imposta por nós mesmos ou por outros”. Palha representa obras sem firmeza. Há crentes que não sabem o que querem na vida cristã. Vivem mudando o tempo todo. Mudam de cargo, mudam de igreja com facilidade. São levados por “todo vento de doutrina” (Ef 4.14).
As obras que forem comparadas a esses três últimos tipos de materiais não ensejarão galardões: “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo” (1 Co 3.15). Deus é um Deus de bondade, de amor, e também de justiça. No seu julgamento, Ele não falhará: “[...] porque vem a julgar a terra; com justiça julgará o mundo e o povo, com equidade” (SI 98.9). Ninguém escapará do julgamento de Deus. No Juízo Final, os ímpios darão contas de todas as suas obras de impiedade que cometeram (SI 9.17). “Porque está escrito: Pela minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm 14.11,12 - grifo nosso). Mais uma vez, Paulo usa o verbo de forma inclusiva, em relação aos crentes - “cada um de nós”, mostrando que cada crente dará contas a Deus de todas as obras que houverem praticado aqui. Sem dúvida, é uma alusão ao Tribunal de Cristo.


III - Os Galardões dos Salvos em Cristo
Galardão significa prêmio, recompensa. Os salvos em Cristo, que participarem do arrebatamento da igreja, serão reunidos nas regiões celestiais para receberem o seu galardão, individualmente, conforme a avaliação de Cristo. A entrega dos galardões é prevista por Jesus: “E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12 - grifo nosso). Cada crente é considerado um “despenseiro de Deus”, que deve trabalhar com fidelidade para ser reconhecido por seu Senhor: “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso, requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel. [...]

Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas e manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá de Deus o louvor” (1 Co 4.1,2,5). Cada crente receberá o galardão e o louvor da parte de Deus pelo que houver realizado na igreja e em sua vida pessoal. Na Bíblia, vemos alguns tipos de galardões e a quem se destinam.

a) Coroa da vida. E o galardão previsto para todos os salvos, que permaneceram fiéis até à morte ou à vinda de Jesus. “Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam” (Tg 1.12; Ap 2.10).

b) Coroa da vitória. E o prêmio para todo o salvo, que vencer as lutas e tentações da vida terrena. “E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível” (1 Co 9.25). O crente fiel se abstém de tudo o que não agrada a Deus, mesmo com perda de vantagens, posições ou lucros, por causa da coroa incorruptível que receberá no julgamento de suas obras. A vitória é sua chegada aos céus, ao lado de todos os salvos, na vinda de Jesus.

c) Coroa de glória. E a recompensa especial para os obreiros do Senhor, que labutam na sua obra, com fidelidade, humildade, desprendimento e amor. “Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória” (1 Pe 5.2-4).

d) Coroa de gozo. É o galardão do ganhador de almas, daquele que, além de ser fiel, vencer as tentações e as barreiras da vida, esforça- se para ganhar almas para o Reino de Deus (Pv 11.30; Dn 12.3). Não só pastores, evangelistas e dirigentes de igrejas, mas muitos pregadores e evangelizadores anônimos, que fazem um excelente trabalho, divulgando o evangelho de Cristo, nas casas, nas ruas, nos hospitais, nas escolas, em toda a parte; principalmente em lugares, onde arriscam a própria vida para tornar Cristo conhecido. “Porque qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura, não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em sua vinda? Na verdade, vós sois a nossa glória e gozo” (1 Ts 2.19,20; Fp 4.1).

e) Coroa da justiça. É o prêmio ou recompensa dos que per- severam até o fim de sua jornada. Como disse Paulo: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm 4.7,8). Jesus disse: “E sereis aborrecidos por todos por amor do meu nome; mas quem perseverar até ao fim, esse será salvo” (Mc 13.13). E o coroamento da vida do crente, “pelas veredas da justiça” (SI 23.3b).

f) Galardão de servos. São recompensas que Jesus dará a todos os que servem a seus servos, na condição de profeta, justo, pequeninos ou discípulos. “Quem recebe um profeta na qualidade de profeta receberá galardão de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá galardão de justo. E qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardao” (Mt 10.41,42).
Esses galardões, com poucas exceções, como no caso do galardão de obreiros ou de ganhadores de almas, podem ser recebidos por todos os crentes fiéis e santos que aguardam a vinda de Jesus. No Tribunal de Cristo, eles verão que valeu a pena suportar as aflições do tempo presente: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18). Jesus é que fará a criteriosa avaliação das obras dos salvos para dar a cada um conforme o seu trabalho (Ap 22.12).


Lição 04 Esteja Alerta e Vigilante Jesus voltará.


“Porque, como o relâmpago ilumina desde uma extremidade inferior do céu até à outra extremidade, assim será também o Filho do Homem no seu dia” (Lc 17.24).
O Sermão Profético de Jesus, de caráter escatológico, é encontrado nos escritos de três evangelistas: Mateus 24, Marcos 13 e Lucas 17 e 21. Nesses três Evangelhos, Jesus alerta para a o caráter repentino de sua vinda. Será numa rapidez tão fulminante que Ele compara ao relâmpago que fuzila de um lado para outro. E também alerta para o fato de que, por ser súbita, será inesperada, de tal forma que, antes da sua ressurreição, nem os anjos nem Ele próprio sabiam, mas tão somente o Pai (Mt 24.36). Evidentemente, após a ressurreição, Jesus retomou toda a sua glória e o exercício pleno de seus atributos divinos, e passou a ter domínio de todos os fatos, eventos e aspectos relativos à sua pessoa. Após a ressurreição, Ele demonstrou essa condição: “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: E-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18).

I - A Vinda de Jesus será Repentina
1. Como um Relâmpago
Jesus prometeu a seus discípulos que haveria de voltar para levá-los para onde Ele estivesse 0o 14.3). Ele declarou: “E dir-vos-ão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Não vades, nem os sigais, porque, como o relâmpago ilumina desde uma extremidade inferior do céu até à outra extremidade, assim será também o Filho do Homem no seu dia” (Lc 17.23,24; Mt 24.27). Jesus advertiu contra os falsos cristos e falsos profetas: “porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mt 24.24). Todos têm informação de quão grande é a velocidade de um relâmpago. Não dá para ficar observando. É muito rápido, como numa explosão. Diante dessa grande advertência, só nos resta orar a Deus e vigiar, para que não fiquemos para trás na volta de Jesus.

2. Como um Ladrão
No mesmo sermão, Jesus chamou a atenção dos discípulos para o inesperado de sua vinda, comparando-a com a chegada de um ladrão para arrombar uma residência. Desde que o homem se rebelou contra Deus, e deu lugar ao pecado e ao Diabo, a prática criminosa do roubo, do assalto e dos furtos tem lugar no meio da sociedade. Os discípulos conheciam diversos casos de arrombamento de casas. E sabiam que, em todos os casos, as vítimas foram apanhadas de surpresa. Com o realismo dos fatos, Jesus valeu-se da figura da vinda de um marginal para roubar uma família. “Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria que fosse arrombada a sua casa” (Mt 24.43).
E um alerta sobre a surpresa da vinda de Jesus, para estarmos preparados para sua volta a qualquer instante. E também um alerta para termos cuidado para nossa casa espiritual, ou nossa vida, não ser assaltada pelo “ladrão”, que só vem para destruir tudo o que temos da parte de Deus: “O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir” (Jo 10.10a). Infelizmente, há tantos que dão mais lugar aos interesses do ladrão destruidor do que àquEle que veio para que tenhamos vida e vida com abundância” (Jo 10.10b). Mas Deus está sempre avisando: “Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã (Mc 13.35). O “ladrão” está rondando nossas vidas, nossos lares, nossos casamentos, nossas famílias, de maneira sorrateira e sutil. Muitos de nós colocam equipamentos de segurança nas residências, prevenindo-se contra o ladrão, o marginal que arromba casas. Mas grande parte não coloca a sua vida em segurança, no lado espiritual, para esperar Jesus, que vem como um ladrão. Quando muitos acordarem, já será tarde demais.

3. Ninguém Sabe a Hora
Logo a seguir, em seu sermão profético, Jesus ressaltou, em sua condição de Filho do Homem, que “o dia e hora” nem Ele sabia, mas unicamente seu Pai (Mt 24.36). “Porém daquele Dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas unicamente meu Pai” (Mt 24.36). Essas figuras, usadas por Cristo para comparar a surpresa de sua volta, certamente são por demais suficientes para alertar os crentes quanto à necessidade imperiosa de estar vigiando e orando para nao serem apanhados de surpresa. Mesmo que depois de sua ressurreição, quando Ele retomou a sua glória, e tudo pode, tudo sabe e está em todo o lugar, pois todo o poder lhe foi dado no céu e na terra (Mt 28.18), Jesus fez questão de acentuar esse aspecto de sua vinda, para que os discípulos e seguidores que haveriam de crer nEle não se descuidassem. Pois, na realidade, no mundo, ninguém, em qualquer tempo e lugar, jamais sabe ou saberá a hora e o dia da volta de Jesus.
O evangelista Marcos também escreveu sobre o que Jesus ensinou quanto à necessidade da vigilância. Num texto pequeno de seu Evangelho, vemos várias vezes a ênfase na vigilância necessária para esperar a volta de Jesus. Mas, daquele Dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai. Olhai, vigiai e orai, porque não sabeis quando chegará o tempo” (Mc 13.32,33). Nesse texto, Jesus usa três verbos de forma bem enfática quanto à maneira de esperar sua volta inesperada: olhai”, quer dizer que o crente fiel deve estar atento ao que se passa a seu redor, em termos de acontecimentos, eventos, comportamento humano e práticas que estão ocorrendo a seu redor; “vigiai”, quer ízer estar alerta, não apenas olhando os acontecimentos, mas em atitude de quem está percebendo o que se passa. Por exemplo: quando a maior nação do mundo, os Estados Unidos, aprova o chamado “casamento gay , e igrejas ditas evangélicas concordam e dão total apoio a esse tipo de união que é considerada “abominação ao Senhor” (Lv 18.22; 2013), não será um sinal de alerta para os fins dos tempos? Certamente sim.
O terceiro verbo é “orai”. Sem dúvida alguma, a oração é uma pratica que o cristão sincero não deve deixar de lado nem um dia em sua vida. Sem oração é impossível estar preparado para a vinda de Jesus. Lamentavelmente, o que mais está faltando nas igrejas, nos ias presentes, é a vida de oração. Os cultos de oração, via de regra, são pouco freqüentados. Há igrejas cheias de bancos vazios quando a reunião é de oração. Enquanto isso, quando há “um cantor de fora”, cobrando o que um obreiro não recebe durante o ano, o templo fica pequeno. É sinal de que o principal, na vida do crente, está sendo desprezado. Mas a Bíblia alerta: “Orai sem cessar” (1 Ts 5.17).

II - Como Foi nos Dias de Noé
Num dos seus discursos de caráter profético sobre a sua vinda para arrebatar sua Igreja, Jesus tomou como exemplo para alertar seus discípulos, o que se passou nos dias do patriarca Noé. “E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do Homem. Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e consumiu a todos” (Lc 17.26,27). Podemos perguntar: Haveria alguma coisa errada em comer, beber e casar? De forma alguma. Sempre foram atividades normais, na vida cotidiana de todas as pessoas, em todos os lugares.

1. Comiam e Bebiam
Comer e beber são fatos normais e legítimos, concedidos por Deus aos homens. Diz o sábio em Eclesiastes: “Eis aqui o que eu vi, uma boa e bela coisa: comer, e beber, e gozar cada um do bem de todo
o seu trabalho, em que trabalhou debaixo do sol, todos os dias da sua vida que Deus lhe deu; porque esta é a sua porção” (Ec 5.18). Esse sinal da volta de Jesus é muito mais evidente nos dias de hoje. Nunca, em qualquer época da História, os setores de vendas e fornecimento de alimentos e refeições foi tão produtivo. A gastronomia é uma das atividades mais rentáveis e florescentes, principalmente nas grande cidades. Existe até o “turismo gastronômico”, que explora os setores de serviços das comidas típicas de muitas cidades no Brasil e no mundo. Certo pastor dizia que “os crentes não bebem, mas comem demais”.

2. Casavam e Davam-se em Casamento
Casar e dar-se em casamento também são decisões humanas do maior significado, quando realizadas de acordo com a vontade de Deus. O Criador deseja que cada homem, ao chegar à idade própria, procure casar-se, ter um lar e uma família, ao lado de sua esposa. No seu plano para o ser humano na terra, após criar o homem e a mulher, Ele disse: “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar- se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 2.24). Ele deseja o bem-estar do homem, e o casamento contribui para isso. “Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de vida da tua vaidade; os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade; porque esta é a tua porção nesta vida e do teu trabalho que tu fizeste debaixo do sol” (Ec 9.9). Com base nesses textos, podemos dizer que nada havia de errado em si quanto a essas práticas tão normais na vida dos povos e das pessoas em geral.
Notemos que Deus diz que o homem deve gozar a vida com a mulher que ama. O movimento gay quer impor o famigerado arranjo do casamento gay”, afrontando a Deus para sua própria condenação, numa total e absoluta afronta ao plano divino para o casamento e para a sexualidade (Gn 2.24). Mas Deus deseja que haja casamentos, famílias e uniões duradouras entre casais, conforme o seu plano. No entanto, quando o casamento e a família tomam o primeiro lugar na vida das pessoas, então há uma distorção no relacionamento do homem com seu Criador. Era o que acontecia nos dias de Noé. E, nos dias de hoje, é o que acontece de forma mais acentuada. Muitos homens colocam na sua vida conjugal a razão de ser de suas vidas, e esquecem-se de Deus. Há ótimos pais de família no mundo, que não deixam faltar nada para seus filhos e seu lar. No entanto, em suas casas, há lugar para tudo e para todos, mas não há lugar para Deus. Principalmente entre os lares abastados, de pessoas ricas, há de tudo o que se pode pensar em termos de conforto e satisfação: veículos, equipamentos de informática e de comunicação, televisores, internet, home theaters e outros itens sofisticados. Mas não existe lugar para Deus. Casar, ter família, cuidar dos filhos é da vontade de Deus. Mas desprezá-lo é atitude perigosa que levará muitos, inclusive crentes, a ficarem na volta de Jesus.

3. A Corrupção Era Geral na Terra
Além da corrupção moral e espiritual, nos dias de Noé, “encheu- se a terra de violência” (Gn 6.11). Sem submeterem-se à Lei de Deus, entregue a Moisés no Sinai, os povos do tempo de Noé viviam num clima de barbaridade total. Nenhum tipo de lei podia frear suas inclinações violentas. A criminalidade atingia níveis assustadores. A violência e a corrupção formavam um quadro tenebroso e insuportável para se manter por mais tempo. A corrupção não era regionalizada nem chamava a atenção para um determinado lugar, como ocorre hoje, em algumas nações. Era generalizada. “E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra” (Gn 6.12). A situação moral da humanidade chegou a um nível tão baixo e tão terrível, que Deus resolveu tomar a decisão radical de destruir toda a humanidade. O Dilúvio foi a resposta drástica de Deus à corrupção geral que dominou o mundo dos tempos de Noé. Por sua misericórdia, como parte de seu plano para a terra e o homem, Deus preservou Noé e sua família, e os animais, salvando-os na arca.
A corrupção mundial que antecede a volta de Jesus tem alcançado níveis extraordinariamente elevados. A violência, de igual modo, tem aumentado ao longo dos anos. De acordo com o Instituto para a Economia e a Paz, com sede na Austrália, o índice da Paz Global (GPI) indica acentuado aumento na violência mundial, na ordem de 5%, de 2008 a 2013. Segundo esse órgão, mesmo não havendo conflitos globais, como guerras mundiais, “aumentaram os homicídios, as mortes causadas por conflitos civis, as despesas militares e a instabilidade política. O país que mais chama a atenção é a Síria, que teve a maior deterioração na história do GPI por causa da guerra civil em curso. A seguir vem o México, onde as ferozes lutas entre os cartéis da droga provocaram no ano passado o dobro do número de mortes violentas que aconteceram no Iraque e no Afeganistão. Mas também a primavera árabe, os conflitos internos no Paquistão e no Afeganistão, os protestos antiausteridade ocorridos na Europa são alguns dos outros exemplos evidentes dessa tendência. Observando-se os indicadores do GPI, verifica-se que em cerca de 110 países, do total de 162 aferidos, a paz foi virando fumaça nos últimos seis anos”.
Segundo esses órgãos, “em melhor situação encontra-se o Brasil, ocupando o 81° lugar da lista. Nosso país encontra-se exatamente no meio da classificação da violência no mundo. Os brasileiros vivem, portanto, uma situação intermediária em relação às outras nações do mundo. Se não é possível andar nas ruas com a mesma segurança que Islândia ou Dinamarca - que ocupam o topo da lista - tampouco vive-se num estado de guerra civil e medo como Somália e Afeganistão, nas últimas posições”.

III - Como Foi nos Dias de Ló
1. Dias de Intensa Corrupção
Os “dias de Ló” eram semelhantes aos “dias de Noé”, em termos de visão materialista. A preocupação dos moradores de Sodoma, Gomorra, Adama e Zeboim era: “Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam” (Lc 17.28). Mas, no texto, podemos perceber algo que é omitido em relação aos dias de Noé. Nestes, há a constatação de que, além de comerem e beberem, os contemporâneos de Noé “casavam e davam-se em casamento” (Lc 16.27). Nos dias de Ló, não se diz que eles “casavam”, mas que “comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam”. A preocupação era semelhante com as coisas materiais, acrescidas da intensa busca pelas riquezas, através das compras e vendas, ou de atividades econômicas, agrícolas e também da construção civil.
Mas é notório que o casamento e a família não eram valorizados. Sodoma e Gomorra são conhecidas, na literatura, mesmo na área secular, como cidades-símbolo do homossexualismo exacerbado. Quando Ló, o patriarca, sobrinho de Abraão foi morar em Sodoma, pôde perceber que a corrupção era terrível naquele lugar. Pedro diz que Deus “condenou à subversão as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente; e livrou o justo Ló, enfadado da vida dissoluta dos homens abomináveis” (2 Pe 2.6,7). Era tão agressiva a prática da homossexualidade, que os moradores de Sodoma não podiam saber que homens de fora estavam visitando a cidade. Sem saber, eles quiseram atacar a casa de Ló, para terem relações sexuais com os anjos, imaginando que seriam dois rapazes de boa aparência. “E chamaram Ló e disseram-lhe: Onde estão os varões que a ti vieram nesta noite? Traze-os fora a nós, para que 05 conheçamos” (Gn 19.5 - grifo nosso). O verbo “conhecer”, no caso, refere-se a ter relações sexuais.
Ao que tudo indica, Sodoma era a principal cidade da região, e liderava a corrupção contra Deus, competindo com Gomorra: “Ora, eram maus os varões de Sodoma e grandes pecadores contra o Senhor” (Gn 13.13). Quando Deus resolveu destruir aquelas cidades malditas, três anjos foram enviados a Abraão, que habitava próximo dali.

2. Os Dias Atuais Superam em Corrupção e Violência
Os “dias de Ló” são emblemáticos e sinal para os dias em que vivemos. O movimento homossexual, ou LGBT, ganha espaço na mídia como nunca; em países do “primeiro mundo”, como Estados Unidos, Holanda, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Inglaterra, França, Portugal, Espanha e em outros, de outras nações, o apoio e a aprovação da “união civil de pessoas do mesmo sexo”, ou do “casamento igualitário”, ou ‘homoafetivo”, tem tido o respaldo dos governos e dos judiciários. Em nosso Brasil, nunca houve tanta visibilidade quanto ao apoio oficial à união homossexual, condenada pela Palavra de Deus de forma clara e institucionalizada.
Em nosso país, a iniqüidade não só está sendo praticada pelos pecadores. Está institucionalizada, em planos do governo. No Brasil, depois do governo, que se inspira nos ideais comunistas, marxistas-leninistas, já houve 12 milhões de abortos, em 12 anos! O Plano Nacional de Direitos Humanos 3, comprova que a iniqüidade é oficializada e tem total apoio dos governos. Só para que se tenha ideia da corrupção moral, esse plano oficial diz, em seu “Objetivo Estratégico VI:... n) Garantir os direitos trabalhistas e previdenciários de profissionais do sexo por meio da regulamentação de sua profissão”. Isso significa que, no programa oficial, o governo considera a prostituição masculina ou feminina, como “profissão”. Desse modo, uma prostituta ou um prostituto é visto como no mesmo nível de um médico, um advogado, um professor, um comerciante, um vendedor, etc.

Em seu Objetivo Estratégico V, o Plano Nacional de Direitos Humanos prevê “Garantia do respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero [...] a) Desenvolver políticas afirmativas e de promoção de cultura de respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero, favorecendo a visibilidade e o reconhecimento social, d) Reconhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, com base na desconstrução da heteronormatividade”. E uma aberração inominável. Esse objetivo maligno tem por meta destruir a família tradicional, constituída de pai, mãe e filhos, como Deus instituiu. “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. [...] Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 1.27; 2.24).
Além disso, o governo criou outro documento oficial: “Plano Nacional de Educação”, que não foi aprovado no Congresso, mas foi encaminhado para ser apresentado para discussão, em audiências públicas, nos municípios, por todo o país. Nesse documento também há proposta satânica, que reflete a iniqüidade que domina o homem pós- moderno, por influência ou determinação governamental. Esse plano é tão perigoso que, com a tal “ideologia de gênero”, afirma que nenhum ser humano nasce com sexo. Nasce “assexuado”! Ou seja: ninguém nasce homem ou mulher. Não tem sexo, mas o “gênero é neutro”! Quando nasce um bebê, segundo esse famigerado plano, ele não tem sexo, não é menino ou menina. Deve ser chamado apenas de “criança”.
E um plano de educação tão diabólico, que despreza a anatomia do corpo humano. No menino, há os órgãos genitais masculinos, como pênis, testículos, próstata, etc.; na menina, há os órgãos genitais femininos, como vagina, vulva, ovários, trompas, etc. O plano de educação despreza tais componentes da anatomia do corpo; também despreza a genética, que demonstra que o homem tem cromossomos masculinos (XY) e que a mulher tem cromossomos femininos (XX). Nesse plano iníquo, toda essa informação científica é desprezada sem o menor pudor! Os ideólogos desse plano maligno dizem que “o gênero é neutro” quando se nasce, e a pessoa “escolhe o gênero que deseja ter”. E uma prova inequívoca de que a iniqüidade está se multiplicando de forma avassaladora, para ser imposta nas escolas, a ideia diabólica, até a crianças de 3 anos de idade, que precisam ser doutrinadas no ensino de que ninguém tem sexo.
Como se percebe, o governo prevê, nesse projeto monstruoso, que a família não deve ser vista apenas como pai, mãe e filhos, mas dois homens ou duas mulheres, homossexuais, com doção de filhos, se torne uma família, mesmo sem a identidade do pai ou da mãe, conforme o caso. E isso que o governo quer ver continuar - verdadeira abominação aos olhos de Deus. Dentro dessa ideia satânica, até os nomes de “pai” e “mãe” estão sendo eliminados dos documentos oficiais.

3. A Destruição Súbita dos que Praticam Abominações

Nos dias de Noé, a depravação humana era global. Nos dias de Ló, certamente a corrupção aumentava, mas, de modo localizado, Sodoma, Gomorra e cidades vizinhas ultrapassaram os limites da longanimidade de Deus. Os ímpios daquelas cidades jamais imaginavam que seriam aniquilados por uma catástrofe de tamanha letalidade. Na verdade, quando Deus mandou fogo dos céus, eles não tiveram como escapar. Todos foram mortos. “Mas, no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre, consumindo a todos. Assim será no dia em que o Filho do Homem se há de manifestar” (Lc 17.29,30). A saída de Ló da área que seria devastada pelo cataclismo é uma figura do arrebatamento da Igreja. Enquanto Ló estava na cidade, os anjos não puderam dar início à catástrofe mortal. Mas quando ele e sua família já estavam em segurança, “choveu do céu fogo e enxofre” e todos os habitantes daquelas cidades foram destruídos. Ló escapou com sua família, mas sua mulher teve saudade de Sodoma, olhou para trás e foi petrificada diante dos olhos do esposo e das filhas (Gn 19.26). No seu sermão profético, Jesus tomou o exemplo da esposa do patriarca, e concluiu, dizendo: “Lembrai-vos da mulher de Ló” (Lc 17.32).
Da mesma forma, após o arrebatamento da Igreja, terá início, na terra, o período da Grande Tribulação. Haverá uma “falsa paz”, tipificada no cavaleiro do cavalo branco (Ap 6.2), na abertura do primeiro selo; seguido de uma grande guerra mundial, tipificada pelo cavalo vermelho (Ap 6.4), na abertura do segundo selo, que resultará numa escassez em nível global (Ap 6.5,6) quando for aberto o terceiro selo. Em conseqüência, haverá uma mortandade sem precedentes em toda a terra, tipificada no cavalo amarelo (Ap 6.7,8), ao abrir-se o quarto selo. No abrir do quinto selo, haverá um parêntese sobre os mártires na Grande Tribulação (Ap 6.9-11), os quais serão salvos, mediante sua morte pelos agentes do Anticristo (Ap 7.9-17). Quando o sexto selo for aberto, a terra, que rejeitou a Cristo, experimentará o desencadeamento de terríveis catástrofes, com terremotos, queda de meteoros, abalo no espaço sideral, fenômenos no sol e na lua, e haverá grande desespero, a ponto de os reis e os poderosos buscarem a morte apavorados (Ap 6.12-17).


FONTE DO ARQUIVO TIRADO DO LIVRO: 0 Final de Todas
as Coisas.
Elinaldo Renovato de Lima.

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